“No início, quando nós tivemos a “diminuta e louca
idéia”, quando acreditamos que éramos separados de Deus, nossa mente separada –
a mente que acreditamos que tinha se separado de Deus -, agora se divide de
novo, e nós nos dividimos em dois sistemas de pensamento: o do ego e o do
Espírito Santo. O sistema de pensamento do ego diz que a separação é real e,
portanto, eu sou real como um ser separado. O sistema de pensamento do Espírito
Santo, que é refletido no princípio da Expiação, diz que a separação nunca
aconteceu, e que a pessoa que você pensa ser não existe. Você continua em casa,
em Deus.
O tomador de decisões, que é a parte de nossas
mentes que tem que escolher entre esses dois sistemas de pensamentos, escolheu
o ego. Nesse ponto, o que ele fez foi se separar do Espírito Santo, de forma
que tudo o que parece ser realidade agora é o sistema de pensamento do ego.
Como já vimos, quando escolhemos o sistema de pensamento do ego, nós nos
tornamos esse sistema. Um termo psicológico para descrever isso é
“dissociação”, onde você se dissocia de algo: você se separa. É isso o que o
mundo literalmente significa: você estava associado ao Espírito Santo e agora
está dissociado – você se afastou dele (‘dis’ é um prefixo negativo). Então, a
dissociação meramente quer dizer a separação, que especificamente aqui
significa que nós nos separamos do Espírito Santo , portanto, esquecendo tudo
sobre Ele. Aquilo em direção a que nós nos separamos, isto é, o ego, tornou-se
a única realidade para nós. Então, o ego inventou toda essa grande história,
que é basicamente o que nos atraiu em primeiro lugar: a idéia que o
especialismo era realmente formidável, e que nós realmente seríamos felizes estando
certos, enquanto Deus estaria errado. Então, seguindo o sistema de pensamento
do ego em termos de sua lógica inevitável, o Amor de Deus tornou-se terrível,
vingativo, raivoso e punitivo. Então, nós tivemos que escapar, e aí fizemos o
mundo.
O que acontece quando nós fazemos o mundo é que nós
nos separamos, basicamente, de nossas mentes. Então, em certo sentido, estamos
sempre atravessando um processo de divisão. Esse processo de divisão da mente –
projetando para fora, no mundo – dá vazão a todo um processo de fragmentação. A
seção “A realidade substituta”, no início do Capítulo 18, explica e descreve
isso claramente. O resultado desse processo de fragmentar e subdividir, e
subdividir ainda outra vez, muitas e muitas vezes, é esse mundo – o que os hindus
chamam de mundo da multiplicidade. Em nosso contexto, nós podemos nos referir a
ele como um mundo de fragmentação e separação: o oposto exato da totalidade. E
aquele Filho único de Deus que fez essa escolha, então se fragmentou em bilhões
e bilhões de fragmentos. Cada um de nós, agora, é um representante de um desses
fragmentos. Cada fragmento acredita que está por conta própria, e que é seu
próprio universo auto-contido.
E, nesse ponto, nós parecemos desesperançadamente
aprisionados, porque não existe saída, uma vez que nos encontramos aqui. Não
existe saída, é isso, exceto nos lembrarmos de que não estamos aqui, e de que
tudo isso aconteceu porque nós simplesmente fizemos uma escolha errada. Nós
caímos em um estado de negligência, um estado de sono profundo, e a única forma
de despertar desse sonho é nos lembrarmos. Isso, mais uma vez, é o que o
milagre faz: ele nos lembra de que tudo isso aconteceu simplesmente porque
fizemos a escolha errada. Nós escolhemos contra o Espírito Santo, contra a
verdade. Nós nos dissociamos dela, e então nos identificamos com o sistema de
pensamento do ego. Esse é o problema. A solução, então, é nos lembrarmos disso.
Jesus é o nome que nós damos a um desses
fragmentos, uma dessas partes da Filiação que se lembrou de quem nós todos
somos. Não existe nada no Curso que poderia indicar quando ele se lembrou –
todos sempre querem saber quando ele fez isso. Por favor, não se voltem para a
bíblia, porque os escritores da bíblia certamente não sabiam nada sobre Jesus –
ao contrário, o livro não teria saído do jeito que saiu. Basicamente, você tem
que ir para dentro de si mesmo, e conseguir essa resposta por conta própria. E,
é claro, não importa quando ele se lembrou, porque não existe tempo de qualquer
forma. Então, isso simplesmente se torna algo que você gostaria de discutir
quando fica um pouco bêbado ou algo assim. Não existe nada importante nisso.
Simplesmente seja grato por ele ter feito isso.
Uma vez que ele é parte da Filiação, e nós todos
somos unidos como um pensamento naquela mente, então, ele permanece dentro da
nossa mente como o exemplo brilhante e um lembrete de que podemos fazer o que
ele fez. O que ele fez foi perceber que tudo isso era uma tolice. Quando o
Curso diz que o Filho de Deus não se lembrou de rir... ele riu, porque percebeu
que é simplesmente absurdo achar que poderíamos nos separar do nosso Criador e
da nossa Fonte – que uma parte de Deus poderia arrancar a si mesma do Tudo e da
Totalidade. Portanto, quando nos unimos a Jesus, estamos nos unindo com aquele
pensamento. No Curso, ele diz: “Eu estou a cargo do processo de Expiação”
(t-4.III.1:1). Em outro trecho, ele diz: “Eu sou a Expiação”
(T-I.III.4:1) – porque ele é o princípio de correção. Nele encontramos a
resposta, porque em sua lembrança de que nada aconteceu, ele sabia que ainda
era parte de Cristo. E Cristo é perfeitamente uno, perfeitamente completo, e
perfeitamente unido a Sua Fonte. Então, ao nos unirmos com Jesus, estamos nos
unindo com a unicidade e, portanto, estamos nos unindo com Cristo.
É por isso que é tão importante que você se una a
ele – porque ele é o símbolo do fim do sonho. Ele é o princípio da Expiação.
Ele também diz, antes, no texto, que o princípio da Expiação que veio a existir
no momento em que a separação pareceu acontecer (que é o que o Espírito Santo
é), é basicamente geral demais, e tem que ser posto em ação (T-2.II.4?2-3). O
que ele realmente quer dizer com isso é que era necessário um símbolo concreto
dentro do mundo com o qual as pessoas poderiam se identificar e que poderiam
reconhecer. Ele é esse símbolo. Ele deixa claro que não é o único símbolo. Ele
realmente diz que é o primeiro. Mas, claramente, ele não é o único símbolo.
Para nossos propósitos, uma vez que estamos estudando dentro do contexto do seu
Curso, vamos falar dele como um símbolo. Mas também é importante que você
perceba que ele não é o único. Mas ele foi aquele que colocou o princípio da
Expiação em movimento – a frase usada no Curso (ET-6.2:4). E tudo isso
realmente são metáforas para simplesmente descrever o fato de que Jesus, dentro
do nosso sonho, é o símbolo do princípio da Expiação – de que separação de Deus
nunca aconteceu. Se ele é o Amor de Deus, se ele é a manifestação do Amor de
Deus na forma e no sonho, então, ao nos unirmos com ele e aceitarmos seu amor
como verdade, o que realmente estamos fazendo é nos unirmos ao mesmo princípio
que ele representa.
Então, nós nos tornamos como ele, como está
expresso naquele lindo poema de Helen, Uma Oração a Jesus. Ele diz no Curso que
é a manifestação do Espírito Santo. Ele então pede, em um ponto, que nós nos
tornemos sua manifestação no mundo (ET-6.5:1). Então, assim como ele simbolizou
para todos nós o Amor de Deus na presença do sonho, ele pede, com estudantes do
seu Curso, que nós nos tornemos mais e mais como ele, para nos tornarmos
símbolos dentro do sonho para outras pessoas do que significa realmente aceitar
a Expiação para si mesmo. Em um sentido, você poderia dizer que esse é o único
propósito do Curso: levar as pessoas a fazerem isso. Basicamente, só um é
necessário, como já vimos, porque existe só um único Filho. Mas, uma vez que
existe a ilusão de muitos, então, temos a ilusão de que muitas pessoas têm que
fazer isso. É uma ilusão, como já vimos antes. Toda essa idéia de quantificar a
salvação é uma ilusão, mas, novamente, uma vez que acreditamos estar aqui,
temos essa ilusão. Então, o propósito do Curso é fazer com que mais e mais
pessoas se tornem como Jesus. Embora na realidade sejamos todos apenas uma
única pessoa, somos todos partes separadas dessa única pessoa.”
(SUMÁRIO de REGRAS PARA DECISÕES - Texto - Capítulo 30 - Seção I - Trechos do Workshop efetuado na
Academy & Retreat Center of the Foundation for A Course in Miracles® Kenneth
Wapnick, Ph.D.)
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