Texto abaixo, transcrição
do vídeo de Ken Wapnick
“Acho que estamos
entendidos sobre o primeiro passo do perdão. Podemos passar, então, para o
segundo, que, basicamente, está implícito no primeiro, porque uma vez que nos lembramos da projeção e
dizemos que a culpa não está nesta pessoa que eu tenho atacado e julgado,
mas que, em vez disso, a culpa está em
mim, agora posso olhar para essa culpa com o mesmo olhar desapaixonado com que
olhei para a culpa na outra pessoa.
E eu posso perceber que,
assim como o meu ataque representou uma decisão, também a culpa na minha mente
é o reflexo de uma decisão, a decisão de
ouvir o ego em vez do Espírito Santo.
Por outras palavras, assim
como a minha raiva contra você foi completamente
inventada, a culpa na minha mente, que é a fonte de minha raiva contra
você, também é inventada.
Agora, este segundo passo pode ser muito difícil.
O que acontece neste
segundo passo... ele não fala sobre isso em termos de passos, mas aprofunda
este processo... e, então, quando, de
repente, se apercebe que a arma que está apontada à sua cabeça não está sendo
apontada pelo seu irmão mas, por você mesmo, ele diz: “este momento pode
ser terrível”, o que acho uma maneira muito suave de dizer.
E é isso que, de certa
forma, nos impele a dizer a seguir, “eu preferia morrer logo de uma vez”; ou, “a
vida é mesmo aborrecida. Isto é, perdão é tão divertido quanto todas as coisas
que o meu especialismo me tem seduzido ao longo de minha vida”, coisas essas que são, na verdade, defesas
para que eu não olhe para o segundo passo.
Lembrem-se
de que este segundo passo – que é o reconhecimento da culpa em nós mesmos – é a correção para o segundo passo do ego,
que nos diz que a culpa é real.
E foi essa aceitação, que
a minha culpa é real que, literalmente, mesmo literalmente, foi a causa da criação equivocada do
universo físico.
Então, estamos realmente falando de um pensamento
muito poderoso, pelo menos dentro do sonho, porque eu pequei contra Deus, e por trás dessa culpa, claro, está
esse pensamento desta Presença de um
Deus enraivecido que me vai destruir.
Foi esse pensamento que me
impeliu como parte do Filho único, o Filho único separado, a projetar esse
pensamento para fora e a literalmente, inventar
um universo e mantê-lo.
Assim, a minha própria existência como eu com quem
me defino, depende de eu nunca olhar
para essa culpa. De certa forma, poderíamos dizer que o pensamento precedeu a projeção da culpa, que fez este mundo, o
pensamento que a precedeu, foi o ego a
nos dizer para nunca olharmos para isto, porque se olharmos para esta culpa,
seremos destruídos.
Isso é o que está por trás
da afirmação de Jesus na sessão intitulada “O medo de olhar para dentro.”
E ele diz: “... o ego
aconselha o seguinte: Não olhes para dentro”, porque “se os fizeres, os teus
olhos tocarão o pecado, e Deus te trespassará, cegando-te.”, que é uma maneira suave de dizer que Deus aniquilar-te-á.
Isso é o que ouvimos: não
olhes para dentro, para a tua culpa, porque se fizer, os teus olhos vão incendiar-se
com isso, com o pecado, “e Deus te
trespassará, cegando-te.”
Assim, à partir deste
momento, deixamos de ver, e o ego fez os olhos do corpo para que não pudéssemos ver.
Como o Curso diz, olhos
não veem, ouvidos não ouvem, eles traduzem.
Eles traduzem os desejos da mente.
Então, a minha mente quer que eu veja um mundo lá
fora, um mundo de separação, lá fora. Ela quer, especialmente, que eu veja
um mundo de culpa lá fora e então inventa um mundo e inventa olhos para eu ver,
mas não está nada lá.
Mas, uma vez que nossos
olhos veem e o nosso cérebro o interpreta, e todos temos esse acordo com as
outras pessoas de que o que estamos vendo é correto, então, estamos certos de que é correto. Mas, tudo isto foi feito para que não víssemos.
Quando o Curso fala sobre
a visão, que é um tema Importante do
Curso, a visão de Cristo ou a percepção do Espírito Santo, ou a visão
verdadeira ou percepção verdadeira, Jesus está falando sobre não olharmos com os olhos do corpo, mas
através dos olhos da mente, que é um pensamento.
Então, este mundo surgiu
como consequência do ego nos dizer para
não olharmos para dentro, e toda a nossa existência, enquanto esta criatura
física, psicológica que nos consideramos ser
está fundamentado no nosso não olhar
para dentro.
É
por isso que este Curso é tão difícil. É por isso que a
espiritualidade autêntica é tão difícil, e
porque é tão fácil uma religião começar, e começa em um nível muito alto,
porque o fundador ou o profeta que lhe serviu de inspiração, é uma pessoa muito
avançada. E, com a mesma rapidez com que aparece, transforma-se em um ritual.
Porquê?
Por que um ritual nós
podemos ver. Mas não o vemos com a mente, vemos
com os olhos do corpo.
Se olharmos para as
grandes mitologias do mundo, o herói tem de passar por um anel de fogo ou tem
de matar o dragão.
Tudo isto são símbolos da transposição das barreiras
que o ego nos colocou e que dizem, “não vá para dentro, não encontre o
tesouro.” Porque o ego diz que se
encontrarmos o tesouro, não é um tesouro. E vai matá-lo.
O que o ego não nos diz,
claro, é que aí está mesmo
o verdadeiro tesouro, porque é onde a memória do Amor de Deus está.
Mas temos que passar por
aquilo que o ego nos diz que são essa série de dragões, o círculo de fogo,
todas essas tarefas tremendas que o herói tem de executar. Às vezes pode ser
útil se conhecermos algumas das grandes mitologias e histórias do mundo, porque
elas refletem tudo isto.
Este
não é um caminho fácil. Agora, o Curso lhe diria que não é o único caminho, mas
é, certamente, um caminho maravilhoso, e é um dos poucos cuja jornada se
concentra neste aspecto.
Você não precisa de um doutorado
em psicologia para o compreender, mas
precisa, certamente, de algum tipo de compreensão e reconhecimento do
processo de ter de se confrontar com o seu próprio inconsciente, ou a sua
própria psique, porque é aí que residem todos os problemas.
Não só a culpa, mas também
o Espírito Santo, estão ambos inconscientes, porque não estamos conscientes da mente.
Este segundo passo é,
então, muito difícil apenas porque há
tanto medo associado.
O que nos torna capazes de
o atravessar, de atravessar o “círculo do medo”, este terror, é compreendendo que
já tivemos experiências suficientes para sabermos que há algo mais, que há
realmente algo por trás da culpa.
É
preciso irmos muito lentamente e, a cada passo ao longo
do caminho, lembrarmo-nos que os três passos de que eu falo não são a escada
toda, mas são os três grupos.
Existem todos aqueles pequenos passos que constituem todas as nossas
experiências e as nossas lições na nossa vida. E estes pequenos passos têm de
ser “fortemente reforçados”, como
uma passagem do Curso diz, para que eu aprenda que é muito mais proveitoso dar ouvidos a Jesus do que ao meu ego. Que é
muito mais proveitoso questionar os meus julgamentos, do que insistir
teimosamente, insistir persistentemente, que estou certo. E tenho de já ter
passado por uma série de experiências que me vão permitir dar este próximo
passo.
Perto do final do capítulo
18, Jesus fala sobre como o Espírito Santo vai nos conduzir através do “círculo
do medo” e que Deus está do outro lado, que não podemos ir da escuridão para a luz, sem atravessarmos a escuridão,
sem atravessarmos este vale de desolação sem olharmos para a crença que nos diz
que “somos o lar do mal, da escuridão e do pecado”.
E tudo o que é necessário
para que isto aconteça é que tenhamos “um
pouco de boa vontade” para pedirmos ajuda para olhar para o mundo de forma
diferente, passando a vê-lo como a sala
de aula, ou a representação externa do mundo interior.
E a importância da
compreensão, a nível intelectual, da teoria do Curso está em eu poder entender o propósito. O texto ajuda-me a entender porque eu faço
isto, caso contrário não faz sentido. E eu faço isto porque é isto que mantém o medo
de Deus afastado, e que mantém o meu ego com medo da minha escolha por Deus.
Eu entendo o propósito.
Agora, não me viro contra mim mesmo
quando não faço as lições do livro de exercícios da forma que eu achava que
deveria fazer, ou quando não perdoo
da maneira que eu acho que deveria perdoar, porque agora eu entendo.
Eu
entendo o que a resistência é. Entendo de onde vem. Entendo todo o conceito de
propósito e sei que existe um método em todas as coisas insanas que eu fiz e
ainda faço.
Mas, se eu puder olhar para isso sem julgamento, faço exatamente o que o Curso me pede para fazer.
A “pequena boa vontade”
pode ser definida como a minha pequena
disponibilidade de olhar para o meu ego sem julgamento.
Eu
não o defendo. Eu não racionalizo sobre ele. Eu não o espiritualizo. Eu não o
nego.
Eu olho para ele, mas eu olho para ele sem me julgar.
E seu eu conseguir olhar para o meu ego sem o julgar, eu certamente olharei para os egos das outras pessoas sem
os julgar, e todos à nossa volta ficarão muito contentes e gratos. E vão
dizer, “mas... o que aconteceu com você?” E
se você for sensato, vai apenas sorrir docemente. Você será a Cordélia*.
Você amará e permanecerá
em silêncio.”
Tradução > Maria João Farjado
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