Em algum
momento, aprenderemos que não há, mesmo, diferença entre o que está fora e o
que está dentro – porque “Deus é”. Neste caso, duas opções distintas se
apresentarão: ou manteremos nossa crença na realidade da matéria – daí
continuamos a trilhar o roteiro de medo do ego – , ou lutaremos bravamente para
aplicar o perdão a qualquer parte deste roteiro – optando pelo amor. Amor é
Deus; Deus, aqui, é a Voz do Espírito Santo. Aprender a se unir a esta voz é
perdoar. Quem ensina tudo isso é Um curso em milagres (UCEM), roteiro de
autoestudo e treinamento mental ditado durante 7 anos a Dra. Helen Schucman por
uma consciência que ela identificou como sendo a de Jesus Cristo.
Você pode
acreditar que UCEM é, de fato, Jesus Cristo falando, mas, como avisa este O
desaparecimento do universo, isso realmente não importa, uma vez que a
mensagem é verdadeira e de fato opera modificações substanciais em nosso
comportamento. UCEM foi publicado em 1975 e ainda hoje é pouco conhecido, mesmo
dentro das comunidades espiritualistas. Entretanto, mais e mais pessoas vêm
começando a estudá-lo, em grupos ou sozinhas, transformando radicalmente o que
elas entendem ser uma vida espiritual. Identificado como “puro não dualismo”, o
UCEM não é para todos – e isso também não chega a ser um problema. Como Gary
Renard explica no livro, todos passaremos, em nossas variadas reencarnações,
pelas crenças dualistas, não dualistas e pelo puro não dualismo. Qualquer uma
pode trazer a iluminação embora o puro não dualismo consiga nos ajudar a
alcançar a iluminação mais facilmente nos momentos atuais.
A
história por trás de O desaparecimento do universo – um
best-seller mundial – é simples: durante 9 anos, Gary Renard,
um músico que ganhava seu sustento sendo corretor na bolsa de valores nos
Estados Unidos – recebeu a visita de dois mestres ascensionados de nomes Arten
(ele) e Pursah (ela). A missão deles era atender a um apelo muito particular de
Gary: ele lamentava não ter vivido na época em que Jesus Cristo caminhava sobre
a terra, tal admiração mantém por seus ensinamentos. Em função dessa dupla
admiração e curiosidade acerca de Jesus, Gary já conhecia o UCEM, embora não
fosse um estudioso regular do texto. Arten e Pursah vêm tanto para ensinar e
motivar Gary a praticar as lições do Curso, quanto para ajudar no próprio
despertar espiritual do autor que, dez anos depois (em 2002) da primeira
visita, publicaria a compilação dessas conversas sob o nome de O
desaparecimento do universo e se tornaria um dos professores do Curso mais
famosos da atualidade.
Eu li este livro
numa situação semelhante a de Gary em relação ao Curso, ou mais provavelmente
inferior: pouco estudei o UCEM. Então, toda a terminologia própria do Curso,
que é um bocado, mas um bocado difícil mesmo de ser compreendida, me
desencorajava a continuar estudando-o. Como uma pessoa que sempre se dedicou às
áreas de Humanas, estudei Filosofia, História, Psicologia, Linguística,
Sociologia, e ainda vivi dos 7 aos 18 anos numa escola católica salesiana.
Adulta, conheci, pratiquei e estudei o hinduísmo na sua vertente espiritualista
do yoga. Portanto, termos como Jesus Cristo, Deus, Espírito Santo, sacrifício,
ressureição, perdão, culpa, pecado, Éden, expiação, ego, sombra, medo, corpo,
espiritualidade, matéria, alma eram todos entendidos ou como eu os usava até
minha vida adulta, ou como eu os reinterpretei à luz das experiências que tive
até meus 38 anos, quando deixei de praticar yoga. Em resumo: quando o UCEM
fala, ou eu não entendo nada, ou entendo do meu jeito – o que absolutamente só
me deixa com uma grande preguiça de aceitá-lo.
A leitura de O
desaparecimento do universo colocou o UCEM na perspectiva correta: a do
próprio UCEM. Sendo um texto tão difícil de ser lido, é comum que as pessoas
que se dediquem a ele tendam a compreendê-lo dentro de suas limitações
intelectuais, afetivas e espiritualistas. Não faço aqui um uso pejorativo da
palavra “limitações”. Quero usá-lo no sentido de “entorno”, de “fronteiras”. O
UCEM, como os mestres de Gary explicam, não pode ser entendido nem à luz da
Bíblia – que, aprendemos, vem a ser um texto em que há menos palavras que o
próprio Cristo falou do que de fato tenha falado – , nem à luz de qualquer
outra filosofia espiritualista conhecida ou inventada. O UCEM só pode ser entendido
a partir dele próprio e de sua radicalidade em afirmar que existe apenas uma
verdade: Deus é real – o resto é metáfora.
Realmente não
tenho certeza se o impacto do livro de Gary será igual para todos. Há sete anos
atrás, tive uma aluna de yoga que insistentemente queria que eu lesse o UCEM,
chegando mesmo a me enviar o PDF dele por email. Fico envergonhada de dizer que
sequer abri o arquivo. Agora que entendi o nível de comprometimento que o UCEM
reivindica, sei que, de maneira nenhuma, eu o teria lido naquela época. Mas no
dia de hoje, O desaparecimento do universo trouxe uma sensação de
perplexidade: ao mesmo tempo em que não pude deixar de concordar com vários
pontos dele, ele é um troço tão louco, tão absurdo, que o mais sensato é você
simplesmente fechá-lo e dizer “fui”. Só que não o larguei. Li o livro
ininterruptamente durante uma semana, todas as noites, até de madrugada, pra
vencer suas 416 páginas.
A lição do UCEM
que me convenceu a continuar lendo O desaparecimento do universo foi de
que a Natureza não é perfeita, de que o ser humano não é perfeito, de que o
Universo não é perfeito. Como uma professora de aromaterapia devotada à
sabedoria das plantas, estou sempre tentada a acreditar, como biologistas e
físicos, que apenas uma inteligência perfeita, suprema, pôde ter criado o corpo
humano, as flores, as montanhas e todas as estrelas que vemos quando olhamos
para o espaço. Mas com minha experiência de vida, que já contou com seu tanto
de dramaticidade – ou talvez apenas por uma inclinação de temperamento à
melancolia e à depressão – tendo a achar que tudo isto aqui a que chamamos de
vida é realmente uma merda: ela acaba. Então, quando os mestres de Gary vêm e
dizem que aquilo que acaba não pode vir de Deus, minha intuição diz que não
pode deixar de ser verdade. Foi neste ponto que tomei a decisão de dar crédito
ao UCEM. Muito simplesmente, o UCEM diz que toda a vida e todo o Universo, até
onde achamos que ele existe e além, é apenas sonho, como se nossa mente o
projetasse e tivéssemos a nítida sensação de que realmente o vivenciamos no
nível da matéria. É algo mais ou menos como naquele filme que já citei numa de minhas resenhas, o Total Recall.
Sonhamos – e o
sonho é tão real que acreditamos que ele existe.
Não sei como
você pode fazer para acreditar neste pressuposto – é preciso que você sinta que
isso faz sentido em alguma parte do seu ser. Se não fizer sentido de uma forma
ou de outra, nem precisa se dar ao trabalho de ler O desaparecimento do
universo ou mesmo o UCEM. Os demais ensinamentos vão explicar como o sonho
aconteceu – quando uma parte da Mente acreditou que estava separada de Deus – ,
e como fazer com que o sonho acabe – perdoar, sem concessões, tudo que é do
plano da matéria.
Meu próximo
passo é iniciar a leitura sistemática do UCEM, desde a primeira página. Neste
momento, estou escolhendo não participar novamente de um grupo de estudos,
embora muitos digam que um grupo acelere a compreensão do Curso. Algo que
me deixou confortável em estudar o UCEM foi entendê-lo como um curso de
treinamento mental. Os mestres de Gary disseram que o budismo, na atualidade, é
a filosofia espiritualista mais sofisticada que existe no que se refere à compreensão
da mente. Como venho observando no meu comportamento e no da maioria de meus
colegas yogis, um após um tem deixado de ler os textos sagrados do hinduísmo
para se dedicar aos ensinamentos e meditação budistas. Isso não pode estar
acontecendo à toa. Mas, no meu próprio caso, embora eu tenha lido alguns livros
de mestres budistas e participado de algumas palestras, o budismo não parece
ser o meu caminho. Mas que haja, afinal, uma necessidade de modificarmos a
mente e a percepção depois de tanto asana e pranayama, isso de fato há. Quero
ver como o UCEM me ajudará nisso. Encará-lo depois da leitura de O
desaparecimento do universo será mais fácil – talvez a palavra não seja
“fácil”, tampouco “simples”: será menos nebuloso. Quando aparecer o termo “ego”,
por exemplo, eu não o entenderei tal como Freud. Gary tornou clara a
compreensão de vários termos-chaves do UCEM.
Mas tenho
inúmeras dúvidas que espero consiga sanar com o Curso – e, se não conseguir
pela simples leitura do texto e prática do Livro de Exercícios –
buscarei num próximo livro que – se for bom – , tenha certeza de que estará
resenhado aqui pra trilharmos juntos este roteiro.
revisto por Mayra Corrêa e Castro © 2014
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