28 de maio de 2008

O J OCULTO

O J OCULTO

Sê vigilante só a favor de Deus e do Seu Reino.

(UCEM – LT – pág. 116)


Arten e Pursah desapareceram em um instante, e minha mente estava em parafuso. Isso realmente tinha acontecido? Era uma alucinação? Eles voltariam algum dia? Eu nem mesmo tinha pensado em perguntar a eles como tinham chegado aqui, ou até mesmo exatamente quem eles eram. Eles eram anjos, mestres ascensionados, viajantes do tempo, ou o que? E acima de tudo, por que eles apareceram e passaram ensinamentos metafísicos avançados para mim – apenas um cara comum com um interesse em espiritualidade, e que nunca nem tinha ido à faculdade?

Decidi imediatamente que não iria contar a ninguém o que havia acontecido, nem mesmo a Karen. Ela estava passando por uma época muito estressante e desafiadora no trabalho, que requeria muita concentração. A última coisa de que ela precisava naquele momento era saber que eu estava dando uma de Joana D’Arc com imagens vivas.

Eu realmente confiei em minha cadela Nupey, que sempre poderia ser considerada não-julgadora. Então, tentei dar um passo atrás, relaxar e esperar para descobrir se o episódio era apenas uma ilusão estranha, resultante de meditação demais, ou se iria acontecer outra vez.

Naquela noite na cama, depois de Karen ter adormecido, fiquei acordado durante horas, pensando sobre algumas das coisas que meus visitantes haviam dito. Eu tinha uma resistência natural à idéia de que Deus não havia criado o mundo, pois haviam me dito isso a vida toda, mas, ao pensar sobre isso, percebi que a idéia respondia a um monte de perguntas. Eu sempre havia me perguntado como Deus poderia permitir tanta dor, sofrimento e horror no mundo, e como as pessoas boas podiam freqüentemente passar por um inferno inenarrável. Se o que Arten e Pursah disseram fosse verdade, significaria que Deus não tinha nada a ver com isso. Essa idéia, de alguma forma, fez com que Deus parecesse menos amedrontador. Enquanto eu dormitava involuntariamente, me questionei se acreditar que Deus era inocente em relação a criar esse mundo seria um insulto a Ele – ou meramente um insulto a um mito ancestral que a maioria das pessoas havia decidido incluir em suas religiões. Mas, pensando seriamente sobre a posição de Arten e Pursah, como eu sabia que não estaria elevando minha opinião sobre Deus, tornando-o, portanto, mais aceitável?

Uma semana depois, em uma tarde de terça-feira, eu estava sozinho em minha sala, fazendo algum trabalho em casa, quando Pursah e Arten me surpreenderam com sua segunda visita. Naquele momento, eu estava em meu sofá, e cada um dos meus dois visitantes apareceu em uma cadeira. Arten começou a falar quase imediatamente.


ARTEN: Pensamos em visitá-lo hoje porque sabemos que Karen estaria fora, com algumas amigas. Você tomou a decisão certa de não contar nada a ela por enquanto. Ela tem seus próprios interesses no momento. Deixe-a aprender o que precisa agora. Existem professores que vão tentar lhe dizer que a vida não é uma sala de aulas, e que você não está aqui para aprender lições, mas simplesmente para experimentar a verdade que já está dentro de você. Eles estão enganados. Sua vida é muito como uma sala de aulas, e, se você não aprender suas lições, não vai experimentar a verdade que está dentro de você.
Não existe nada errado em sentir e experimentar as épocas da sua vida. Na verdade, em sua condição atual, seria difícil para você não fazê-lo. Mas, existe uma maneira melhor de ver.

PURSAH: Você esteve pensando um bocado durante a última semana. Está pronto para continuar?

GARY: Em primeiro lugar, eu gostaria de saber mais sobre vocês – como, o que vocês são exatamente? Como se materializaram aqui? Por que vieram a mim? Por que não a alguém com uma chama em seu ventre, que queira ser um profeta? Minhas principais ambições são me mudar para o Havaí, comungar com a natureza, e beber cerveja, não necessariamente nessa ordem.

ARTEN: Nós sabemos. Em primeiro lugar, nós somos Mestres Ascensionados. Nós não somos anjos. Anjos nunca nasceram em corpos. Como você, cada um de nós nasceu milhares de vezes, ou pelo menos assim pareceu. Agora, não temos necessidade de nascer. Em segundo lugar, nossos corpos simbolizam nossas últimas identidades terrenas. Nós não vamos lhe dizer quando ela aconteceu, porque ela está em seu futuro, e não queremos entrar em um padrão de lhe dar informações sobre o que aparentemente ainda vai vir.

GARY: Vocês não querem interromper o continuum espaço-tempo, hein?

ARTEN: Nós não poderíamos nos preocupar menos com o continuum espaço-tempo. Simplesmente não queremos tirar de você suas oportunidades de aprender suas lições imediatamente e acelerar sua volta a Deus. A maioria dos Mestres Ascensionados usa sua última identidade terrena com o propósito de ensinar, mantendo em mente que o termo última é um conceito ilusório, linear. Algumas aparições clamam serem mestres ascensionados quando isso é apenas um pensamento desejoso da parte da mente que está projetando a aparição. Esse tipo de aparição é mais como ver um fantasma ou uma alma perdida. Uma descrição ainda melhor seria uma alma aparentemente separada. Mas um verdadeiro mestre ascensionado sabe que ele ou ela nunca pode realmente ser separado de Deus ou de qualquer outra pessoa.

GARY: Você disse que vocês estiveram com J há dois mil anos. Vocês só estavam me instigando, ou podem me dizer quem eram?

ARTEN: Naquela época, nós dois éramos o que as pessoas agora iriam chamar de santos. Você presume que todos os santos são mestres ascensionados, mas isso não é verdade. Apenas porque a igreja chama alguém de santo, não o torna igual a J em termos de suas realizações. Eu sempre pensei que foi muito generoso da parte da igreja me transformar em santo, considerando que nunca pertenci à sua religião. Nós éramos judeus, assim como J. Se você perguntasse a qualquer um de nós, discípulos, sobre o cristianismo, nós teríamos dito, “O que é isso?”. Sim, alguns de nós realmente iniciaram seitas judaicas baseadas no mestre, mas certamente não uma religião separada. Foram necessários milhares de anos para que a maior parte do cristianismo fosse construída, e isso não teve nada a ver conosco. Ele ainda está sendo construído. Quantos de seus cristãos americanos atuais percebem que algumas das suas idéias mais sagradas, como o Êxtase, nem mesmo tinham um nome até o século dezenove? Tais idéias são cíclicas. Alguns dos primeiros cristãos, e muitos desde então, pensaram que J iria voltar como um corpo glorificado muito em breve. Mas, como você vê, J os ensina agora como o Espírito Santo o faz – através da sua mente.

PURSAH: Em relação a como nós nos materializamos, você não seria realmente capaz de compreender ainda, mas nós vamos lhe dizer que a mente projeta imagens corporais. Você pensa que corpos fazem outros corpos, e que os cérebros pensam, mas nada além da mente pode pensar. O cérebro é apenas uma parte do corpo. É a mente que projeta cada corpo, incluindo o seu. Não estou falando sobre aquela minúscula mente com a qual você se identifica. Estou me referindo à mente completa que está além do tempo, do espaço e da forma. Essa é a mente com a qual Buda entrou em contato, embora as pessoas não percebam que ela ainda está a um passo importante de distância da união com Deus. Essa mente fez todo o universo, cada corpo, e cada forma que parece estar nele. A questão é, por que?
Nós vamos descobrir a razão, que no seu caso é inconsciente, pela qual seu corpo foi feito, mas nosso estado de consciência nos coloca em uma posição onde podemos deliberadamente fazer esses corpos com o único propósito de trazer a mensagem do Espírito Santo a você, de uma maneira que você possa aceitar e compreender. Por nós mesmos, sabemos que não temos outra identidade além da do Espírito Santo, então, somos manifestações Dele, e nossas palavras são as Dele. Quando J apareceu a nós em carne e osso depois da crucificação, ele simplesmente fez outro corpo para se comunicar conosco. Sua mente poderia fazer seu corpo aparecer ou desaparecer, como aconteceu no sepulcro. Nós não poderíamos realmente entender isso naquela época, então, cometemos o grave erro de dar um significado muito grande ao corpo de J, que realmente não era nada, ao invés de dar esse significado à mente, que é o que é importante. Entretanto, você não deveria julgar alguns de nós por termos excesso de zelo. Como você se sentiria se alguém que estivesse totalmente morto fizesse uma visita rápida para bater papo com você, e até deixasse que você o tocasse para que soubesse que ele era legítimo?

GARY: Não sei se eu iria me borrar todo ou se ficaria cego.

PURSAH: Nossa reação foi parecida, e talvez até nossa linguagem. Deixe-me perguntar, você se lembra do padre Raymond, do Cursilho?

GARY: Claro.

PURSAH: Você se lembra dele contando a você sobre um contemporâneo de Sigmund Freud chamado Groddeck?

NOTA: Embora eu não seja católico, concordei em ir com o amigo que eu deixara de processar a uma experiência espiritual de três dias chamada Cursilho, que aconteceu em uma igreja católica em Massachusetts. O evento enfatizou o riso, a música, o amor e o perdão, e se tornou uma grande surpresa para mim, porque eu não sabia que existiam pessoas católicas que eram felizes. Durante o fim-de-semana, encontrei um padre que também era psicólogo, chamado padre Raymond, que havia feito uma pesquisa sobre alguém chamado Groddeck. A pesquisa o tinha impressionado bastante, e ele me contou um pouco sobre ela.

GARY: Sim. Ele estava me dizendo coisas como essas que vocês me disseram. O padre Ray disse que Groddeck era respeitado por Freud, e era um verdadeiro revolucionário. Aparentemente, Groddeck chegou à conclusão de que os cérebros e os corpos são verdadeiramente feitos pela mente, ao invés da maneira comumente aceita, e que a mente – que foi descrita como uma força que Goddreck chamou de It – estava fazendo isso para seus próprios propósitos.

PURSAH: Bastante próximo disso, caro aluno. Você tem uma memória fantástica. O dr. Groddeck estava certo em suas conclusões, embora ele certamente não tivesse o quadro completo, como J teve. A propósito, ao contrário da maioria dos Apóstolos e dos primeiros fundadores do cristianismo, o dr. Groddeck não presumiu ou fingiu que sabia tudo. Ele apenas disse o que realmente sabia, mas ele ainda estava a anos-luz à frente dos seus sucessores, adoradores do cérebro. É quase desnecessário dizer que, por causa das visões de Groddeck, o mundo se manteve distante dele. Nós o mencionamos agora, e vamos fazê-lo depois, apenas para mostrarmos que sempre houve pessoas brilhantes, cujo nível de observação estava muito mais de acordo com a verdade do que o pensamento do mundo.

GARY: Minha outra pergunta – vocês estão aparecendo para mim ao invés de para alguém mais apropriado porque...?

PURSAH: Nós já lhe dissemos da outra vez, mas a explicação foi simples demais para você. Nós estamos aqui porque é útil para nós aparecer nesse exato momento. Isso é tudo o que você realmente precisa saber.

GARY: Pelo que vocês disseram, não estou certo sobre qual é o meu papel na sua aparição. Minha mente está projetando vocês, ou é apenas a mente de vocês que está fazendo isso?

ARTEN: A questão está mal empregada porque só existe uma única mente. No fim, a pergunta terá um só propósito. Mas existem diferentes níveis ilusórios de pensamento, e conseqüentes experiências, e nós vamos voltar a esse assunto no final.

GARY: Vocês sabem que eu tenho que perguntar quais santos vocês eram.

PURSAH: Sim. É justo que contemos a você, mas não vamos nos estender nisso. Nós vamos passar muito mais do nosso tempo tornando claro o papel e os ensinamentos de J para você, do que perder tempo tentando esclarecer nossos próprios papéis insignificantes. Queremos que você aprenda, e você vai ter que confiar que nós sabemos melhor o que lhe dizer para ajudar a facilitar esse aprendizado. Só para constar, eu era Tomé, geralmente citado como São Tomé e autor de parte do agora famoso Evangelho de Tomé. Você deveria saber daqui por diante, que a linguagem copta da versão desse Evangelho descoberto perto de Hammadi, no Egito, era uma versão secundária, e contém algumas declarações que J não fez, e que eu nunca coloquei no original. Eu vou discutir de modo rápido esse Evangelho com você logo, mas, como já disse, não vamos nos alongar sobre ele. Eu nunca o terminei, de qualquer modo. Eu teria colocado a parábola do Filho pródigo no final, mas não pude porque fui assassinado.

GARY: A vida é uma droga, não é?

PURSAH: Isso é uma questão de interpretação. A propósito, vou presumir que você é sofisticado o suficiente para entender que não é incomum ser homem em algumas vidas e mulher em outras.

GARY: Eu posso me aprofundar a esse ponto. E você, Arten? Não vá me dizer que era a Virgem Maria.

ARTEN: Não, mas ela era uma mulher maravilhosa. Eu provavelmente não era famoso o suficiente para impressionar você; por mim, tudo bem. Eu era Tadeu, embora o nome que recebi fosse Labeu, e J tenha me rebatizado de Tadeu. Eu era humilde, quieto, e era um bom aprendiz. As igrejas me chamaram de São Tadeu e também de São Judas de James, para que eu não fosse confundido com Judas Escariotes. Eu não fiz muito para receber a distinção de santidade. Algumas pessoas pensam que eu escrevi a Epístola de Judas, mas eu não o fiz. Eu formei uma seita com Tomás, e visitei a Pérsia, mas não tive um papel no modismo do martírio, como algumas pessoas acreditam. Eu apenas estava no lugar certo e no momento certo para ser santificado.

GARY: Sujeito sortudo. Você tem algum trabalho assim para mim, Tadeu?

ARTEN: Sim, você o está fazendo exatamente nesse momento. Você quer que nós continuemos a ensiná-lo?

GARY: Sim, principalmente porque me peguei pensando de maneira diferente sobre Deus desde a última vez em que vocês estiveram aqui. Eu me sinto como se pudesse confiar mais Nele – como se Ele não tivesse nada contra mim, e não fosse responsável por quaisquer dos meus problemas e sofrimentos, passados e presentes.

ARTEN: Muito bom, meu irmão. Muito bom.

GARY: Mas, apenas para deixar claro, vocês não estão dizendo que Deus não criou alguma parte do universo. Vocês estão dizendo que Ele não tem nada a ver com nada disso, e que toda a história da Gênesis da criação é uma tapeação?

ARTEN: Muito bem, vamos cuidar das questões antigas primeiro. Não é nosso propósito rebaixar ninguém, embora as pessoas sempre se ofendam quando você não concorda com suas crenças. Como já deixamos implícito, nós simplesmente concordamos em discordar dos ensinamentos de outras pessoas. Deveria ser muito claro para qualquer um que um dos aspectos mais importantes da antiga escritura é a lei, e a punição de qualquer pessoa que não siga sua letra. Embora o propósito real desse ciclo de crime e punição não seja o que você pensa, não existe nada de errado em estabelecer leis em uma tentativa de ter uma sociedade ordenada. Há dois mil anos, as antigas escrituras eram muito queridas para Tomé e eu, mas nós já tínhamos começado a perceber que, assim como com seu sistema legal atual, a lei no fim havia se tornado apenas a lei, e não tinha nada a ver com justiça.
À parte das passagens terríveis e amedrontadoras, também existem algumas passagens muito lindas e profundas nas antigas escrituras com as quais poderíamos concordar hoje em dia. Se você voltar à história da criação na Gênesis, entretanto, vai encontrar um problema muito sério com o qual pessoas bem intencionadas de muitas fés têm lutado desde que a história foi lida pela primeira vez – mesmo antes de ser uma escritura. Conforme a história, Deus criou o mundo e viu que era bom.

GARY: Ele escreve Suas próprias revisões.

ARTEN: Então, Deus foi em frente e criou Adão, e depois lhe arranjou uma companheira, Eva. A vida era o paraíso, mas Deus lhes deu essa única regra: Façam o que quiserem, crianças, podem se eliminar, mas não se atrevam a comer o fruto daquela árvore do conhecimento ali na frente. Então, a serpente fez o que fez. Eva comeu um pedacinho e tentou Adão apenas para que vocês possam culpar as mulheres por tudo, e, depois, Adão comeu um pedacinho. Agora, havia muito sofrimento a suportar. O grande e raivoso Criador chutou Adão e Eva para fora do paraíso. Ele até disse a Eva que ela iria sofrer dores terríveis durante o parto, apenas como uma boa medida. Isso iria ensinar a ela! Mas, espere apenas um minuto; se Deus é Deus, Ele não seria perfeito? E, se Ele é perfeito, então, não saberia de tudo? Até os pais de hoje em dia sabem que a maneira mais certa de levar as crianças a fazerem algo é dizer a elas que não podem fazê-lo. Então, se Deus é Deus, e Ele sabe tudo, então, o que Ele fez aqui?

GARY: Bem, aparentemente, Deus colocou Suas próprias crianças em posição de falhar apenas para que Ele tivesse o prazer de puni-las cruelmente por um cenário que Ele mesmo colocou em ação.

ARTEN: Realmente é o que parece, não é? Como vocês poderiam confiar em um Deus como esse? Hoje em dia, Ele seria acusado de abuso infantil. Então, qual é a verdade? A resposta deveria ser óbvia para qualquer um que esteja querendo tirar as vendas: Deus não faria isso. Ele não é um idiota. A história da Gênesis é a história simbólica da criação do mundo e dos corpos pela mente inconsciente, por razões das quais você não está ciente, mas de que precisa ficar ciente.

GARY: Então, à partir disso e do que vocês me disseram antes, eu deduzo que J não aprovou alguns dos pensamentos jurássicos da Gênesis – assim como muito das antigas escrituras – e ele realmente estava ensinando algo mais original que a maioria das pessoas não podia compreender e, portanto, substituiu por suas próprias crenças?

PURSAH: Sim. J muitas vezes ignorava a escritura que tinha pouca base na verdade, mas oferecia a interpretação correta da escritura que tinha alguma base na verdade. Ele definitivamente não estava na rotina do fogo do inferno e da danação. Isso aconteceu com João Batista, mas ele também tinha seus momentos de quietude. Foi ele quem disse, “Amem seus inimigos”, não J. J não teria nenhum conceito sobre inimigos. As pessoas não percebem que João era muito mais famoso do que J naquela época. João tinha o que as multidões realmente queriam. Essa é a maneira de ter sucesso no mundo, não importando qual seja seu trabalho: oferta e procura. Você pode ser bem sucedido se tiver algo que as pessoas queiram.
Você não tem idéia do quão pouco inspirador é o fato de que as pessoas, incluindo seus líderes espirituais, estejam sempre tentando espiritualizar a abundância em seu mundo. Quanto dinheiro ou sucesso você consegue não tem nada a ver com o quanto você é iluminado espiritualmente. São como maçãs e laranjas. A história dos pães e dos peixes deveria ser simbólica! Ela não aconteceu realmente. Ela significava que existe uma maneira de você receber orientação sobre como deveria agir no mundo, e nós vamos falar sobre isso. Mas pare de tentar espiritualizar o dinheiro. Não há nada errado com o dinheiro ou com o sucesso, mas não há nada espiritual sobre eles também.
Enquanto estamos falando sobre isso, não ouça a incrível interpretação que as igrejas fazem sobre a declaração de J de que vocês deveriam dar a César o que é de César, e dar a Deus o que é de Deus. As igrejas usaram a declaração para tentar ganhar dinheiro. Mas J não estava falando sobre dinheiro. Ele estava dizendo isso: Deixem César ter as coisas desse mundo porque elas não são nada. Deixem Deus ter seu espírito, pois ele é tudo. Ele era um professor da sabedoria do puro amor e da verdade.
Muitas pessoas pensaram que tanto João quanto J eram membros dos Essênios. É verdade que ambos visitavam e tinham amigos entre os Essênios. Eles amavam João porque ele respeitava suas leis e crenças, mas acabaram detestando J porque ele não via necessidade de se curvar ante suas preciosas regras. Poucas lágrimas foram derramadas em Qumran quando chegou a notícia da morte de J. Trinta e cinco anos depois, a maioria dos Essênios foi até Jerusalém para lutar contra os romanos, na revolta. Como muitos, eles viram isso como o Apocalipse. Você sabe, os filhos da luz contra os filhos das trevas, e toda aquela bobagem. Foi um desastre total. No final, os Essênios viveram pela espada, e morreram pela espada. Hoje, vocês tentam transformar a eles e aos Pergaminhos do Mar Morto em algo especial, assim como tentam transformar tantas pessoas do passado em grandes mestres espirituais, quando não eram. Eles eram pessoas, como vocês.
Alguns de vocês agora pensam que os Maias elevaram sua vibração até sair do planeta em um estado de iluminação espiritual. O que faz vocês pensarem que eles eram iluminados? Eles praticavam sacrifício humano. O quanto vocês acham isso iluminado? Eles eram apenas pessoas; como os Essênios, os europeus, os índios americanos, e como vocês. Aceitem isso e sigam em frente.

GARY: Então, eu não deveria ficar muito impressionado com aquele livro espiritualista antigo que eu queria ler para me ajudar com os meus negócios – aquele sobre a arte da guerra?

PURSAH: A guerra não é uma arte, é uma psicose. Mas porque você não deveria tentar espiritualizar isso? Você tenta espiritualizar tudo o mais. Não estou falando apenas sobre Sun Tsu – A Arte da Guerra. Você, no fim, vai ter que perceber que realmente não pode espiritualizar nada no universo das formas. A verdadeira espiritualidade está fora dele. É a esse lugar que você realmente pertence e para onde, um dia, vai voltar.
Apenas como um exemplo de espiritualizar objetos, você romantiza a floresta tropical da América do Sul, pensando que ela é um dos locais mais santos da Terra. Se você pudesse observar numa velocidade acelerada o que acontece em seu subsolo, veria que as raízes das árvores realmente competem umas com as outras pela água, assim como todas as criaturas da floresta tropical lutam pela sobrevivência.

GARY: Cara, aquele é um mundo de árvore-comendo-árvore. Desculpe.

PURSAH: Tudo isso nos traz de volta ao nosso irmão J e ao que ele estava transmitindo. Existem algumas razões muito importantes pelas quais nós não pudemos apreender muito do que ele estava nos dizendo. Você deveria anotar isso, porque vai impedir que você também seja capaz de entender o que ele está lhe dizendo diretamente. Em primeiro lugar, ele não está falando com outra pessoa. Não existe outra pessoa. Não existe ninguém lá fora, mas não é suficiente apenas dizer isso. A experiência disso virá, e, quando isso acontecer, será mais libertadora para você do que qualquer coisa que o mundo possa lhe dar. Mas a maior razão pela qual não pudemos apreender a mensagem de J era porque nós pegamos todas as coisas em que já acreditávamos e as sobrepusemos a ela. As pessoas sempre fazem isso com sua espiritualidade. Aqui está J, desafiando-as a chegar ao nível dele, e elas continuam puxando-o para baixo, para o nível delas.
Nós éramos devotados às antigas escrituras, e eu posso lhe dizer agora que não havia maneira de nós vermos J, exceto através do filtro do que já acreditávamos. Ele era um salvador, tudo bem, mas não o tipo que promovia a salvação dos outros. Ele queria nos ensinar como desempenharmos nossa parte em salvar a nós mesmos. Quando ele disse que era o caminho, a verdade e a vida, queria dizer que deveríamos seguir seu exemplo, não acreditar nele pessoalmente. Você não deveria glorificar seu corpo. Ele não acreditava em seu próprio corpo, por que você deveria? Esse foi nosso erro, mas isso não significa que você tenha que cometê-lo também. Hoje em dia, muitas pessoas o vêem através dos olhos do Novo Testamento, ou das lentes de algo que elas tiraram da prateleira da Nova Era. Mas sua mensagem, quando compreendida, realmente não é como nada mais.

GARY: Sim, mas não existiram sempre algumas pessoas espiritualmente iluminadas como J, que realmente compreenderam tudo?

PURSAH: Nem sempre, mas sim, existiram outros em algumas épocas. E eles nem sempre vieram dos mesmos caminhos espirituais. Isso nos traz outro assunto importante. A religião ou a espiritualidade na qual você acredita não determina o quanto você é espiritualmente avançado em termos da sua consciência. Existem cristãos que estão entre os que subiram mais alto, e outros que são tolos balbuciantes. Isso é verdadeiro para todas as religiões, filosofias, e formas espirituais, sem exceção.

GARY: E por que é assim?

PURSAH: Você gostaria de compartilhar essa resposta, Arten?

ARTEN: Certamente. A razão disso ser verdadeiro é porque existem quatro posturas principais de aprendizado que você vai atravessar durante seu retorno a Deus. Todos vão passar pelas quatro, e todos que progridem, ocasional e inesperadamente, pulam de uma para a outra. Cada nível traz com ele pensamentos diferentes e experiências resultantes, e você vai interpretar a mesma escritura de maneira diferente, dependendo de em qual postura de aprendizado estiver engajado no momento.

Dualismo é a condição de quase todo o universo. A mente acredita no domínio do sujeito e do objeto. Conceitualmente, pareceria àqueles que acreditam em Deus que existem dois mundos e que ambos são verdadeiros: o mundo de Deus e o mundo do homem. No mundo do homem, você acredita, de maneira prática e objetiva, que existe de fato um sujeito – você – e um objeto, isto é, tudo o mais. Essa atitude foi bem expressa através do modelo da física newtoniana. Os objetos que constroem um universo humano, que até os últimos poucos milhões de anos era simplesmente chamado de mundo e citado por todas as manifestações, são tidos como existentes à parte de você e podem ser manipulados por você – “você” significando o corpo e o cérebro que parecem dirigi-lo. Na verdade, como já citamos, o corpo e o cérebro que você pensa ser parece ter sido criado pelo mundo. Como vamos ver, essa idéia é exatamente oposta à realidade.

Por necessidade, a atitude em relação a Deus que acompanha essa atitude de aprendizado, é que Ele está em algum lugar fora de você. Existe você e existe Deus, aparentemente separados um do outro. Deus, Que é totalmente real, parece distante e ilusório. O mundo, que é realmente ilusório, parece imediato e real. Por razões que serão descritas mais tarde, sua mente dividida, que se separou de casa como o Filho pródigo, imputou a Deus as mesmas qualidades que ela própria possui. Portanto, Deus e as mensagens que parecem vir Dele são conflitadas.

Mantenha em mente que a maioria disso é inconsciente – significando que parece existir lá fora no mundo, ao invés de em sua própria mente dividida. Então, Deus é considerando como sendo tanto misericordioso quanto
colérico. Ele é tanto amoroso quanto assassino, aparentemente dependendo do humor em que Ele estiver no momento. Essa pode ser uma boa descrição do conflito de uma mente dualista, mas dificilmente é uma descrição de Deus. Quase desnecessário dizer, isso leva a incontáveis esquisitices, incluindo a idéia bizarra de que Deus iria, de alguma forma, desempenhar um papel em instruir as pessoas a matarem outras pessoas para conseguirem certas terras e propriedades. A tragédia sem sentido da dualidade é considerada normal por todas as sociedades modernas, que são, elas próprias, tão loucas quanto o chapeleiro louco.

A próxima atitude de aprendizado pela qual você vai passar durante seu retorno a Deus é, algumas vezes, citada com semi-dualismo. Ela poderia ser descrita como uma forma mais gentil e suave de dualismo, porque certas idéias verdadeiras começaram a ser aceitas pela mente. Novamente, não faz diferença qual é sua religião, que é apenas uma razão pela qual todas as religiões têm algumas pessoas, gentis, amáveis e relativamente não julgadoras. Uma idéia que a mente estaria aceitando nesse momento é simplesmente o conceito de que Deus é Amor. Uma simples noção como essa, entretanto, se for realmente aceita como verdadeira, traria com ela algumas questões difíceis. Por exemplo, se Deus é Amor, Ele também pode ser ódio? Se Deus é realmente Amor perfeito, então, Ele também pode ser imperfeito? Se Deus é o Criador, Ele poderia então ser vingativo contra aquilo que Ele próprio criou?

Uma vez que a resposta para essas questões seja claramente vista como é óbvio que não, uma porta que esteve fechada por muito tempo é empurrada e se abre. No estado do semi-dualismo, sua mente começou a perder um pouco do oculto mas terrível medo de Deus. Agora, Deus é menos ameaçador a você, como você mesmo já nos disse. Uma forma primitiva de perdão fincou raízes dentro de você. Você ainda pensa sobre si mesmo como um corpo, e tanto Deus quanto o mundo ainda parecem estar fora de você, mas agora, você sente que Deus não é a causa da sua situação. Talvez, a única pessoa que sempre tenha estado lá quando as coisas pareciam estar indo por água abaixo fosse você. O perfeito Amor só pode ser responsável pelo bem. Então, tudo o mais precisa vir de algum outro lugar. Mas, como vamos ver em nossa próxima atitude de aprendizado, não existe outro lugar.

PURSAH: Então, agora chegamos ao assunto do não-dualismo. Mantenha em mente que quer estejamos falando sobre uma atitude de aprendizado ou uma visão espiritual, nós sempre estamos nos referindo a um estado mental – uma atitude interna e não algo que é visto com os olhos do corpo no mundo. Vamos começar com uma idéia simples. Você se lembra do antigo enigma, se uma árvore cair no meio da floresta e ninguém estiver lá para ouvir, ela ainda provocaria um som?

GARY: Claro que sim. Isso não pode ser provado, então as pessoas sempre terminam discutindo sobre isso.

PURSAH: Qual você diria que é a resposta? Prometo que não vou discutir com você.

GARY: Eu diria que uma árvore sempre produz um som, quer alguém esteja lá para ouvir, quer não.

PURSAH: E você estaria totalmente errado, até mesmo no nível da forma. O que as árvores fazem é enviar ondas sonoras. Ondas sonoras, como ondas de rádio – e, nesse caso, ondas de energia – requerem um receptor para captá-las. Existem muitas ondas de rádio passando através dessa sala nesse exato momento, mas não há som porque não existe um receptor sintonizado nelas. O ouvido humano ou animal é um receptor. Se uma árvore cai no meio da floresta e não há ninguém lá para ouvi-la, então, ela não produz som. O som não é um som até que você o ouça, da mesma forma que uma onda de energia não parece ser matéria até que você a veja ou a toque.

Para resumir uma longa história, deveria ser evidente à partir disso que são necessárias duas pessoas para dançar um tango. Para que algo possa interagir, é necessária a dualidade. Na verdade, sem a dualidade não haveria nada com o que interagir. Não pode haver nada em um espelho sem uma imagem que pareça oposta a ele, ligada a um observador para vê-la. Sem a dualidade, não existe árvore na floresta. Como alguns de seus cientistas da física quântica sabem, a dualidade é um mito. E, se a dualidade é um mito, então, não apenas não existe árvore, como também não existe universo. Sem você para percebê-lo, o universo não está aqui, mas a lógica teria que dizer que se o universo não está aqui, então, você também não está aqui. Para criar a ilusão da existência, você precisa pegar a unidade e parecer dividi-la, o que é precisamente o que você fez. Tudo isso é um truque.

O conceito de unicidade dificilmente é original. Entretanto, uma pergunta que poucas pessoas já fizeram é: Com o que eu realmente sou um? Embora a maioria dos que façam essa pergunta diria que a resposta é Deus, eles então cometem o erro de presumir que eles e o universo, em sua forma atual, foram criados pelo Divino. Isso não é verdade, e deixa o buscador em uma posição em que mesmo que ele domine a mente, como Buda certamente fez, ele ainda não vai atingir Deus de maneira permanente. Sim, ele vai alcançar a unicidade com a mente que criou as ondas da dualidade. Essa mente, em um não-lugar que transcende todas as suas dimensões, está completamente fora do sistema de tempo, espaço e forma. Essa é a lógica e apropriada extensão da não-dualidade, embora ainda não seja Deus. Ela é, de fato, um beco sem saída. Ou melhor ainda, um beco sem entrada. Isso explica porque o budismo, que obviamente é a religião mais espiritualmente sofisticada do mundo, não lida com a questão de Deus. É por isso que Buda não lidou com a questão de Deus enquanto ainda estava no corpo que vocês chamam de Buda. Essa também é a razão pela qual faremos distinções entre o não-dualismo e o puro não-dualismo. Quando Buda disse, “Estou desperto”, ele quis dizer que percebeu que realmente não era um participante da ilusão, mas o criador de toda a ilusão.

Entretanto, existe mais um degrau necessário, onde a mente que é a criadora da ilusão escolhe completamente contra si mesma a favor de Deus. É claro que algo da tremenda realização de Buda tem uma fagulha disso, chegando rapidamente à mesma e exata consciência de J. Mas, isso foi feito por Buda em uma vida sobre a qual o mundo nem mesmo sabe. Não é incomum que as pessoas alcancem o nível de iluminação de J na obscuridade, e que o mundo pense que elas alcançaram isso em uma vida mais famosa, quando realmente não o fizeram. A maioria das pessoas que se aproxima da verdadeira mestria espiritual não está interessada em ser líder. Ao mesmo tempo, existem pessoas que são altamente visíveis quando, ao invés de serem verdadeiros mestres de espiritualidade e metafísica, estão meramente exibindo os sintomas de uma personalidade extrovertida.

GARY: Então, como J experimentou sua unicidade com Deus?

ARTEN: Isso está a caminho. Uma das razões pelas quais estamos lhe contando essas coisas é para colocarmos as afirmações dele em um contexto para você. Uma das coisas que ele teve que perceber foi que não apenas o universo não existe, mas que ele não existe em qualquer nível diferente do puro espírito. Isso é algo que praticamente ninguém quer aprender. Isso é aterrorizante para todas as pessoas, em um nível inconsciente, porque significa a renúncia de qualquer individualidade ou identidade pessoal, agora e para sempre.

GARY: Uma vez eu ouvi o médico ayurvédico Deepak Chopra dizer aos seus alunos, “Eu não estou aqui”. É a esse tipo de experiência que você está se referindo?

ARTEN: O médico de quem você fala é um homem brilhante e articulado, mas não adianta muito para você saber que não está aqui, se não tiver o quadro completo. Certo, esse é um passo na direção certa, mas o tipo de coisa sobre a qual estou falando agora não é apenas que eu não estou aqui, mas que eu nem mesmo existo de maneira individual – em nenhum nível. Não existe alma separada ou individual. Não existe Atman, como os hindus o chamam, exceto como pensamento errôneo na mente. Existe apenas Deus.

GARY: Então, você não está aqui, você nem mesmo existe, e a mente está projetando essas ondas de dualidade para que elas possam parecer se tornar partículas sólidas, interagindo umas com as outras como em um filme. Você também está dizendo que poucas pessoas alguma vez já estiveram conscientes sobre a razão real de parecerem estar aqui.

ARTEN: Nada mau. Como nós dissemos, nós estamos aqui para os propósitos do Espírito Santo, mas a maioria das pessoas não tem a mínima idéia de quem é e de porque veio para cá. O que você disse é limitado demais. Não é apenas que eu não exista, você não existe e nem o falso universo. Quando nós falamos sobre retornar à realidade e a Deus, não estamos apenas soprando fumaça hipotética. Você não pode ter ambos, você e Deus. Isso não é possível. Você não pode ter ambos, seu universo e Deus. Os dois são mutuamente excludentes. Você vai ter que escolher. Não há pressa, pois o tempo é fumaça hipotética, e nós vamos repetir para você alguns dos ensinamentos de J sobre como escapar disso. Não é fácil, mas é factível. O Espírito Santo não lhe daria uma maneira de sair daqui que não fosse funcional. Você terá medo de perder sua identidade de vez em quando. É por isso que nós nos desviamos do nosso caminho antes para lhe mostrar que você não está desistindo de nada, em troca de tudo. Mas vai ser necessário tempo e mais experiência para que você tenha fé nisso.

GARY: Então, o não-dualismo é como o antigo ensinamento de que você vive como se estivesse nesse mundo, mas sua atitude é a de que dos dois mundos aparentes, o mundo da verdade e o mundo da ilusão, apenas um é verdadeiro e nada mais o é?

ARTEN: Sim, um aluno encantador. Mesmo então, as pessoas cometem o erro de pensar que a ilusão foi feita pela verdade. Então, elas ainda cometem o erro de tentar trazer legitimidade à ilusão, ao invés de desistir dela. Você não pode esperar romper o ciclo de nascimento e morte enquanto mantiver essa confusão. A mente inconsciente vai a tal ponto para evitar Deus, que você ou vai ignorá-Lo, ou ainda mais provável, vai tentar devolver o não-dualismo para o dualismo. Um exemplo extraordinário disso é o que aconteceu a um dos grandes ensinamentos da filosofia indiana chamado Vedanta.

O Vedanta é um documento espiritual não-dualista que ensina que a verdade de Brahman é tudo o que existe, e qualquer outra coisa é ilusão – falsa, nada, nulidade – ponto final. O Vedanta foi sabiamente interpretado por Shanka como Advaita ou não-dualístico. Muito bom, certo? Bem, não para novecentos e noventa e nove pessoas em mil. Existem muitas outras interpretações maiores, mais populares e falsas do Vedanta que representam tentativas de destruir sua metafísica não-dualística e transformá-la no que não é, incluindo o esforço da Madva pra pegar o não-dualismo não qualificado e transformá-lo em dualismo não qualificado.

É aqui que vemos um paralelo espantoso entre o que aconteceu no hinduismo e o que aconteceu aos ensinamentos de J. J ensinou o puro não-dualismo, interpretado pelo mundo como dualismo. O Vedanta era não-dualismo, interpretado pelo mundo com dualismo. Hoje em dia, você tem duas religiões enormes que são controladas por uma maioridade reacionária, ambas competindo pelos corações e pelas mentes de um mundo que não está lá – uma religião é o símbolo de um império baseado no dinheiro, e a outra é um símbolo de um governo que possivelmente poderia se engajar em uma guerra nuclear com seus vizinhos próximos muçulmanos igualmente reacionários.

Essas antíteses podem ser boas o suficiente para a maioria do planeta, mas não têm que ser boas o suficiente para você. A atitude do não-dualismo lhe diz que o que você está vendo não é verdade. Se não é verdade, então, como você pode julgá-lo? Julgar isso seria torná-lo real. Mas, como você pode julgar e tornar real o que não está lá? E, se não está lá, por que precisaria conquistá-lo, lutar em uma guerra por ele, ou torná-lo mais santo ou valioso do que qualquer outra coisa? Como um pedaço de terra pode ser mais importante do que outro? Por que importaria o que acontece em uma ilusão, a menos que você tenha dado à ilusão um poder que ela não tem e não pode ter? Como poderia importar quais resultados são atingidos em uma situação em particular, a menos que você tenha feito um falso ídolo dessa situação? Por que o Tibet é mais importante do que qualquer outro lugar?

Eu sei que você ainda não quer ouvir isso, mas não importa que ações você toma ou deixa de tomar no mundo - embora sua maneira de ver e a atitude que você mantém enquanto está praticando qualquer ação realmente importe. É claro, enquanto você parecer existir em um mundo de multiplicidade, terá algumas preocupações terrenas temporárias, e não pretendemos ignorar suas necessidades terrenas. O Espírito Santo não é estúpido, e, como já dissemos, sua experiência é que você está aqui. Existe uma maneira de passar pela vida fazendo muitas das mesmas coisas que você faria de qualquer maneira, mas agora, não as fazendo sozinho. E, então, você vai aprender que nunca está sozinho.

Então, não estamos sugerindo que você não deveria ser prático e cuidar de si mesmo. É apenas que seu verdadeiro chefe não é desse mundo. Você nem mesmo tem que dizer a ninguém que não é o chefe se não quiser. Se você quiser ter seu próprio negócio e parecer ser seu chefe, tudo bem. Faça isso funcionar da melhor maneira que se sentir guiado a fazer. Seja bom para você mesmo. É com sua atitude mental que estamos realmente preocupados, não com o que você parece fazer. Um dia, você verá qualquer coisa que você faz para viver como uma ilusão para apoiá-lo na ilusão, sem realmente apoiar a ilusão.

Do que nós dissemos, você deveria entender que com a atitude de não-dualismo você está alcançando a habilidade de questionar todos os seus julgamentos e crenças. Agora, você percebe que não existe realmente algo como um sujeito e um objeto, existe apenas unicidade. O que você ainda não sabe é que isso é uma imitação da genuína unicidade, pois poucos aprenderam a fazer a distinção entre ser um com a mente que aparentemente se separou de Deus, e ser um com Deus. A mente precisa ser devolvida a Ele. Ainda assim, o não-dualismo é um passo necessário no caminho, pois você aprendeu que não pode realmente separar algo de qualquer outra coisa – nem pode separar qualquer coisa de você.

Como já sinalizamos antes, essa idéia é bem expressada pelos modelos de física quântica. A física newtoniana afirmava que os objetos eram reais e exteriores a você, com uma existência separada. A física quântica demonstra que isso não é verdadeiro. O universo não é o que você presumiu que fosse; tudo o que parece existir é realmente um pensamento inseparável. Você nem mesmo pode observar algo sem provocar uma mudança nele no nível sub-atômico. Tudo está na sua mente, incluindo seu próprio corpo. Como alguns aspectos do budismo ensinaram corretamente, a mente que está pensando tudo é uma mente, e ela está completamente fora da ilusão do tempo e do espaço. O que nenhuma filosofia, exceto uma, ensina é uma verdade que dificilmente seria bem recebida por todos: o fato de que essa mente também é, ela própria, uma ilusão.

Deveria ser totalmente evidente que se existe apenas unicidade, então, tudo o mais que parece existir precisa ter sido criado. Além disso – e essa é uma questão cuja motivação nenhum ensinamento mostrou de modo satisfatório até muito recentemente – isso deve ter sido criado pelo que deve ter parecido uma razão danada de boa. Portanto, ao invés de julgar o mundo e tudo o que está nele, talvez fosse mais útil para você perguntar que valor você viu em criá-lo para começo de conversa. Também pode ser sábio você se perguntar qual seria uma resposta mais apropriada para isso agora.

PURSAH: O que nos traz à atitude de J. A consciência dele é a consciência do puro não-dualismo, o fim da estrada, a parada final.

Você deveria manter em mente que cada uma das principais atitudes de aprendizado é uma estrada longa em si mesma, e você, algumas vezes, vai pular de uma para a outra como uma bola de pingue-pongue. O Espírito Santo vai corrigir você ao longo do caminho, e trazê-lo de volta à direção correta. Não se sinta mal quando perder seu caminho temporariamente. Ninguém que tenha andado sobre essa Terra, incluindo J, deixou de cair em tentação de alguma maneira. O mito de viver uma vida perfeita em termos de comportamento provoca a auto-derrota e é desnecessário. Tudo o que é necessário é estar disposto a receber correção.

Assim como um navegador ou computador corrige constantemente o curso de um avião a jato ao longo da sua rota, o Espírito Santo está sempre corrigindo você, não importando o que você pareça fazer, ou em que nível de consciência espiritual pareça estar. É possível ignorá-Lo, mas nunca é possível perdê-Lo. O avião a jato está sempre saindo do curso, mas, através de uma correção constante, ele chega ao seu destino. Assim você também vai chegar ao seu. Isso é um trato que você fez; você não poderia estragá-lo mesmo que tentasse. A questão real é, por quanto tempo você quer prolongar seu sofrimento?

Não é cedo demais para que você comece a pensar de acordo com as linhas do puro não-dualismo. Você nem sempre vai se aferrar a ele, mas não dói começar. Você vai começar a pensar como J, ouvindo ao Espírito Santo como ele fez. Mas, um dia, teremos que quebrar esse puro não-dualismo em dois níveis.

GARY: Como?

PURSAH: Pare de dominar a conversa. Isso é assim porque você aparentemente se dividiu em níveis diferentes, e a Voz que representa o grande Cara precisa falar com você como se você estivesse aqui nesse mundo. Como mais você seria capaz de ouvi-Lo?

ARTEN: Vamos começar com a natureza geral do não-dualismo e deixar suas aplicações práticas e especificas para mais tarde. O perdão avançado como J o praticou – em oposição à forma invertida e primitiva de perdão que o mundo algumas vezes pratica – requer uma compreensão maior do que você tem atualmente. Então, vamos continuar.
Mesmo uma leitura superficial do Novo Testamento por uma pessoa relativamente sã, de inteligência rudimentar, deveria revelar que J não era julgador ou reacionário.

GARY: Isso não quer dizer muito para a coalizão cristã.

PURSAH: Você não se preocupa com eles, não é?

GARY: Eu fico cansado de ouvir esses políticos rancorosos, de direita, que se intitulam de cristãos, mas provavelmente não iriam reconhecer Jesus se ele viesse e os chutasse no traseiro.

PURSAH: Sim, mas essa é uma armadilha sutil, e você caiu precipitadamente nela. Pode ser mais preciso dizer, no nível da forma, que a maioria dos cristãos poderia facilmente mudar o nome da sua religião para “julgamentalismo”. Mas, se você julgar o julgamento deles, então, estará fazendo a mesma coisa que eles, o que o coloca na mesma posição – acorrentado a um corpo e a um mundo que você está tornando psicologicamente real para você por deixar de perdoar.

É óbvio que a maioria das pessoas não poderia perdoar completamente outras mesmo que suas vidas dependessem disso, e sua vida real verdadeiramente depende disso. Ao invés de simplesmente apontarmos que J era capaz de perdoar as pessoas até mesmo enquanto o estavam matando – enquanto a maioria dos cristãos de hoje não pode nem mesmo perdoar pessoas que não fizeram nada a eles – seria muito mais benéfico para você perguntar como ele era capaz de fazer isso.

Conseqüentemente, você vai descobrir, conforme continuarmos, que organizações como os republicanos e democratas, a coalizão cristã e a União pela Liberdade Civil Americana estão lá por uma razão completamente diferente do que você acredita agora.

GARY: Acho que vocês deveriam continuar então, mas, posso fazer mais uma pergunta sobre o não-dualismo primeiro?

PURSAH: É melhor que seja boa. Você está cortando meu discurso.

GARY: Eu me lembro que uma vez, aquela moça, quero dizer, mulher, que era aluna de física na faculdade, me disse que matéria aparece de lugar nenhum, e quase tudo é espaço vazio. Você está dizendo que é o pensamento que faz essa matéria aparecer?

PURSAH: É verdade que a matéria aparece de lugar nenhum. O que é menos óbvio, embora necessário de compreender, é que, depois de aparecer, ela ainda é lugar nenhum. Todo espaço é vazio e não-existente, mesmo as minúsculas partículas dele que parecem conter alguma coisa. Vamos explicar o que essa alguma coisa é no final. Em relação a pensamento fazendo imagens aparecerem, uma maneira mais precisa de dizer seria que um pensamento fez todas as imagens aparecerem, porque todas elas representam a mesma coisa, de formas aparentemente diferentes. Essas questões são tratadas pelos mais novos ensinamentos de J, que foram deliberadamente colocados em uma linguagem que pode ser compreendida, mas não é facilmente digerida pelas pessoas da sua época. Por enquanto, vamos nos concentrar em esclarecer um pouco mais o passado, para preparar você para encontrar o presente.

GARY: Tudo bem, já que vocês estão aqui. Quero dizer, já que uma vez nós coletivamente parecemos formar uma imagem aqui.

ARTEN: Como eu disse, J não era julgador nem reacionário, e nossa breve descrição do não-dualismo deve ter dado a você a idéia de que ele não queria se comprometer com essa lógica: se nada está fora da sua mente, então, julgá-lo é dar poder a ele sobre você, e não julgá-lo é pegar esse poder de volta para você. Isso certamente contribui para o fm do seu sofrimento. Mas nosso irmão J não parou por aí.
O puro não-dualismo reconhece a autoridade de Deus tão completamente que renuncia a todo apego psicológico a nada que não seja Deus. Essa atitude também reconhece o que algumas pessoas chamaram de principio “semelhante vem do semelhante”, que diz que qualquer coisa que vier de Deus precisa ser como Ele. O puro não-dualismo não quer se comprometer com esse princípio também. Ao invés disso, ele diz que qualquer coisa que vier de Deus precisa ser exatamente como Ele. Deus não poderia criar nada que não seja perfeito, ou Ele não seria perfeito. A lógica disso é imaculada. Se Deus é perfeito e eterno, então, por definição, tudo o que Ele cria também tem que ser perfeito e eterno.

GARY: Isso certamente restringe as coisas.

ARTEN: Uma vez que obviamente não existe nada nesse mundo que seja perfeito e eterno, J foi capaz de ver o mundo pelo que ele era – nada. Mas ele também sabia que o mundo tinha aparecido por uma razão, e que ele era um truque para manter as pessoas afastadas da verdade de Deus e de Seu Reino.

GARY: Por que ele tem que nos manter afastados da verdade?

ARTEN: Isso vai ser discutido mais para frente, mas você precisa entender que J fez uma distinção completa e inflexível entre Deus e tudo o mais – tudo o mais sendo totalmente insignificante, exceto pela oportunidade que provia para ouvir a interpretação do Espírito Santo sobre ele, ao invés da interpretação do mundo. Qualquer coisa que envolva a percepção e a mudança seria, por sua própria natureza, imperfeita – uma idéia que Platão expressou, mas que não desenvolveu totalmente em termos de Deus. J aprendeu a não tomar conhecimento da percepção, e a escolher com o perfeito Amor do espírito, em uma base consistente. A distinção vital entre o espírito perfeito e o mundo das mudanças permitiu que ele ouvisse a Voz do Espírito Santo cada vez mais, o que, com o tempo, permitiu um processo para revelar onde ele poderia perdoar cada vez mais. A voz pela verdade ficou cada vez mais alta e forte, até que J chegou ao ponto de poder ouvir apenas a essa Voz e ver através de tudo o mais. Finalmente, J se tornou, ou melhor, voltou a ser, o que essa Voz representa – a verdadeira realidade dele e sua como espíritos, e sua unicidade com o Reino do Céu.

Lembre-se, se você acreditar que Deus tem algo a ver com o universo da percepção e da mudança, ou se você acreditar que a mente que criou esse mundo tem algo a ver com Deus, vai sabotar o processo e dominar a habilidade de ouvir apenas à Voz do Espírito Santo. Por que? Uma razão tem a ver com sua culpa inconsciente, que é algo com o que finalmente teremos que lidar. Outra razão é que um pré-requisito para alcançar o poder e a paz do Reino é desistir de seu pseudo-poder e de seu próprio, embora precário, reino. Como você pode desistir da suas criações errôneas se acreditar que elas são a Vontade de Deus? E como você pode renunciar à sua fraqueza se acreditar que ela é a sua força?

Você precisa querer se entregar à idéia da Autoridade de Deus se quiser ser capaz de compartilhar seu poder real. A humildade é o caminho – não uma falsa humildade, que diz que você é inadequado, mas uma humildade real que simplesmente diz que Deus é a sua única Fonte. Você vai perceber que, exceto por Seu Amor, você não precisa de nada, e aquele que não precisa de nada pode ser confiável para tudo.

Então, quando J fez afirmações como, “De mim mesmo nada posso fazer”, e “Eu e o Pai somos um”, ele não estava clamando nenhum tipo de especialismo para si mesmo. Na verdade, ele estava abrindo mão de qualquer especialismo, individualismo, ou autoridade, e aceitando sua verdadeira força – o poder de Deus.

No que dizia respeito a J, não existia J, e, finalmente, não existia. Sua realidade então era a do puro espírito e fora da ilusão completamente. Essa realidade também estava completamente fora da mente que criou o falso universo, uma mente que as pessoas confundem como o lar de sua verdadeira unicidade. J sabia que a criação errônea do universo não tinha nada a ver com a verdade. Sua identidade era com Deus e com nada mais. A ‘Paz de Deus que ultrapassa o entendimento’ não era mais algo pelo que lutar. Ela era dele através do seu pedido, ou, melhor ainda, ela era sua por ter se lembrado. Ele não tinha mais que buscar o perfeito Amor, pois, com suas muitas escolhas sábias, ele tinha removido todas as barreiras que o haviam separado da realidade da sua perfeição.

Seu Amor, como o amor de Deus, era total, impessoal, não-seletivo e totalmente inclusivo. Ele tratava todos igualmente, do rabino à prostituta. Ele não era um corpo. Ele não era mais um ser humano. Ele tinha passado pelo buraco da agulha. Ele tinha reivindicado seu lugar com Deus como puro espírito. Isso é puro não-dualismo: uma atitude que, junto com o Espírito Santo, vai levá-lo ao que você é. Você e J são a mesma coisa. Todos nós somos. Não existe nada mais, mas você precisa de mais treinamento e prática para experimentar isso.

GARY: Eu tenho sido ensinado que sou um co-criador com Deus. Isso é verdade?

ARTEN: Não nesse nível. O único lugar onde você realmente é um co-criador com Deus é no Céu, onde você não estaria consciente de ser de qualquer forma diferente Dele, ou separado Dele de qualquer maneira. Então, como você poderia não ser um co-criador com Ele? Mas existe uma maneira aqui na Terra de praticar o sistema de pensamento do Espírito Santo como J fez, o que reflete as leis do Céu, e esse é o seu caminho para casa.
Nós vamos discutir depois os atributos do puro não-dualismo e como praticá-lo, conforme formos adiante, mas, por enquanto, apenas tente se lembrar de que se Deus é o perfeito Amor, então, Ele não é nada mais, e nem você. Você é, na verdade, o Amor de Deus, e sua vida real é com Ele. Como J, você vai chegar a saber e a experimentar que Deus não está fora de você. Você não vai mais se identificar com um corpo vulnerável ou com qualquer outra coisa que possa limitá-lo; e um corpo é qualquer coisa que tenha fronteiras ou limites. Você vai aprender, ao invés disso, sobre a sua realidade como puro espírito que é invulnerável para sempre.

GARY: Vocês sabem, eu tenho ouvido ultimamente muitas pessoas ridicularizarem idéias como essa. Existe aquele cara que costumava ser mágico e agora chama a si mesmo de cético e aquele que põe fim à pieguice. Pessoas como ele estão sempre indicando que temas espirituais não são científicos; ele parece pensar que a pessoa deveria ser dirigida pelos sentidos físicos e pelo que a experiência diz. Como eu posso lidar com pessoas como essas?

ARTEN: Perdoe-as. Nós vamos lhe dizer como. Além disso, essas pessoas nem mesmo percebem que são dinossauros. Esse homem supostamente respeita cientistas, mas Albert Einstein não era um cientista?

GARY: Acredito que ele foi um muito famoso.

ARTEN: Você sabe o que ele disse sobre sua experiência em relação ao mundo?

GARY: O que?

ARTEN: Ele disse que a experiência de um homem é uma ilusão de ótica da sua consciência.

GARY: Einstein disse isso?

ARTEN: Sim. Pessoas como seu amigo cético deveriam ser um pouco mais modestas e um pouco menos arrogantes sobre suas presunções. Ele na verdade é um homem muito inteligente, embora não use sua inteligência de maneira construtiva. Mas nós não estamos aqui para falar sobre ele. A vez dele de se tornar consciente da verdade virá quando tiver que vir.
Enquanto isso, não espere que ele ou o mundo venham bater à sua porta. Olhe para o último dia de J antes da parte da ilusão onde ele foi crucificado. Você realmente pensa que a maioria do nosso povo queria ouvir o que ele tinha a dizer? E você realmente acredita que os gentios eram mais inteligentes do que nós? Vamos! Aqueles idiotas nem mesmo entenderiam o sistema numérico arábico antes de mais 1.200 anos. Eles estavam ocupados demais dividindo as pessoas, perdendo dinheiro no jogo de dados e mantendo o mundo a salvo para a escuridão.

GARY: Você está dizendo que o cristianismo é uma relíquia da Idade Média?

ARTEN: Estou dizendo que os europeus não estavam mais prontos para a verdade do que o resto do mundo. O universo realmente não quer despertar. O universo quer doces para se sentir melhor, mas o doce é projetado para prendê-lo ao universo.

PURSAH: A partir do breve esboço sobre a progressão espiritual que acabamos de dar a você, agora deveria estar claro o que J quis dizer quando falava coisa como, “Entrem pelo portão estreito, pois o portão largo e o caminho fácil levam à destruição, e aqueles que entram por ele são muitos. Pois o portão é estreito e o caminho que leva à vida é difícil, e aqueles que o encontram são poucos”. Ele não estava tentando apavorar as pessoas, ameaçando-as com a destruição se elas não andassem pelo caminho direto e estreito. Pelo contrário, ele estava dizendo a elas que o que estavam experimentando aqui não é vida, e, ao mesmo tempo, estava lhes mostrando o caminho para a vida.
O que você está experimentando aqui é destruição, mas J sabia o caminho para sair daqui. É por isso que ele disse, “Tenham bom ânimo, pois eu venci o mundo”. Se ele não fosse um homem que tinha lições a aprender como você, então, por que ele teria que vencer o mundo em primeiro lugar? Ele entendeu inúmeras coisas que nós não entendemos, e, ainda assim, tudo isso estava ligado a um sistema de pensamentos consistente, o sistema de pensamentos do Espírito Santo. Por exemplo, ele sabia que as antigas escrituras continham passagens que não expressavam o perfeito Amor, não seletivo, o que significava que não poderiam ser a Palavra de Deus.

GARY: Como o que?

PURSAH: O tipo de coisa que nós queremos dizer deveria ser óbvio. Por exemplo, você realmente acredita, como aparece em vários versos dos Levíticos, Capítulo 20, que Deus disse a Moisés que os adúlteros, bruxas, médiuns e homossexuais deveriam ser levados à morte?

GARY: Isso parece um pouco extremo. Eu sempre gostei de médiuns.

PURSAH: Sério?

GARY: Não. Eu não acredito que Deus diria isso.

ARTEN: Então, agora você tem um problema fundamental.

GARY: Sim, o fundo é mental.

ARTEN: O mundo é um problema mental, mas o problema que estamos citando dessa vez é a tentativa de reconciliar dois sistemas de pensamento que não podem ser reconciliados. Não estou me referindo ao Velho Testamento e ao Novo Testamento. As diferenças entre eles são sobre J, não sobre Deus. Ainda assim, os primeiros cristãos estavam desesperados para construir uma ponte entre J e o passado, e o que eles conseguiram foi simplesmente uma nova versão do passado.

O que eu estou realmente comparando aqui é o sistema de pensamento do mundo, que você pode encontrar tanto no Velho Testamento quanto no Novo, e o sistema de pensamento de J, que está ausente de ambos. Sim, você pode ter uma idéia sobre como J era a partir de algumas poucas afirmações dele que sobreviveram, mas é sobre isso que estamos falando. Não estamos lhe dizendo que o judaísmo ou o cristianismo são mais ou menos válidos um do que o outro. Nós já dissemos que todas as religiões têm tanto pessoas exemplares quanto ignorantes. Isso também é uma ilusão, porque, como J sabia, o corpo é uma ilusão.

E aí você tem a razão número um pela qual o pensamento do mundo e o pensamento de J são mutuamente excludentes – por que a realidade de J não era o corpo, e o pensamento do mundo está completamente baseado sobre uma identificação com o corpo como sua realidade. Mesmo aqueles de vocês que têm um vislumbre através do corpo, ainda mantêm a idéia de uma existência individual, que é realmente bem pouco diferente do que ter um corpo. Na verdade, é com essa idéia de separação, tudo o que vem com ela, que você se sentencia a continuar no universo dos corpos.

Por que você acha que o mestre, ao contrário das outras pessoas da sua época, tratava todos os homens e mulheres igualmente?

GARY: Diga-me você. Eu presumo que existe mais nisso do que o fato de que ele não estava tentando levar as mulheres para a cama.

PURSAH: Era porque ele não via nem homens nem mulheres como corpos. Ele não reconhecia diferenças. Ele sabia que a realidade de cada pessoa era espírito, o que não pode ser limitado de maneira alguma. Então, elas não podiam ser homens ou mulheres. Hoje, suas feministas estão sempre tentando construir a grandeza das mulheres. Elas, algumas vezes, se referem às mulheres como Deusas e a Deus como Ela ao invés de Ele. Isso é bonitinho, mas elas realmente estão substituindo um erro por outro.

Quando J usava a palavra “Ele” para descrever Deus, ele estava falando metaforicamente na linguagem das escrituras. Ele tinha que usar uma metáfora para se comunicar com as pessoas, mas você torna tudo real. J sabia que Deus não pode ser limitado por gênero sexual, e nem a pessoas, porque elas não são realmente pessoas. Como você pode realmente ser uma pessoa se você não é um corpo? Isso é muito mais importante para você compreender do que possa imaginar nesse momento, e nós vamos explicar por que. Sabendo a verdade, J tratou cada corpo como o mesmo – como se não existisse. Ele então foi capaz de olhar completamente através dele para a verdadeira luz do espírito imutável e imortal que é a única realidade de todos nós.

De qualquer forma, como a maioria das pessoas hoje, ao invés de realmente ouvirmos ao que J estava ensinando, a maioria de nós viu e ouviu o que queria ver e ouvir, para que pudéssemos usá-lo para validar nossa própria experiência – que era a experiência de ser um individuo em um corpo. Portanto, nós tivemos que fazer dele um corpo individual muito especial, que é como nós realmente víamos a nós mesmos, e como você ainda se vê.

Embora alguns de nós tendêssemos a ser um pouco mais intelectuais, as crenças da maioria dos primeiros seguidores eram simples o suficiente. Nós já tínhamos visto J depois da crucificação, e, já que não tínhamos compreendido sua mensagem inteira, a opinião imprecisa e majoritária entre as seitas era que ele ia voltar para nós outra vez, como ele já tinha feito antes, e trazer o Reino de Deus. Esperava-se que isso fosse acontecer muito rápido, não no futuro distante, e não em nenhum outro lugar, mas exatamente ali. Eu não concordava com esse cenário em particular, porque, como J ensinou em meu Evangelho, o Reino de Deus é algo que está presente, mas não é visto pelas pessoas. Em qualquer caso existia alguma divergência até mesmo no início, mas a maioria dos seguidores aceitou a idéia de um retorno. Conforme os anos passaram e as condições de vida ficaram difíceis, entretanto, os líderes de uma nova religião em desenvolvimento tiveram que improvisar a fim de manterem o interesse das outras pessoas.

Antes que tivéssemos consciência disso, já havia pessoas se relacionando com J como o maior corpo de todos. Elas já acreditavam que Deus havia criado um mundo falho, com pessoas imperfeitas como Adão e Eva, que eram capazes de cometer erros. Elas negligenciaram a lógica de que para Deus criar o imperfeito precisaria significar ou que Ele Próprio era imperfeito, ou que Ele deliberadamente criou aqueles que eram imperfeitos para que pudessem estragar tudo e ser punidos por Ele, e sofrer aqui, no planeta psicótico. Então, de acordo com essa nova religião em desenvolvimento, Deus pega – inacreditavelmente – Seu único filho primogênito mais especial de todos, que aparentemente seria mais sagrado do que o resto da escória da Terra, e o envia como um sacrifício sangrento para sofrer e morrer na cruz, como uma forma de expiar os pecados no lugar dos outros.

Mas agora existe outro grande problema porque até mesmo de acordo com as próprias doutrinas do cristianismo, isso realmente não expiou os pecados de mais ninguém. Se tivesse expiado os pecados das pessoas, então, teria sido o fim deles. Mas não! Agora era necessário que todos acreditassem cegamente em todos os detalhes demonstrados exclusivamente pela religião cristã, ou então ainda iriam queimar no inferno, mesmo que acontecesse de nascerem – presumivelmente pela vontade de Deus – em um lugar, época ou cultura que nem mesmo está familiarizada com essa religião em particular!

GARY: Tudo isso soa um pouco estranho quando você coloca dessa maneira. Todo o sistema de pensamento não é exatamente lisonjeiro à natureza de Deus.

ARTEN: É por isso que tudo isso é simbólico de uma imagem amedrontadora de Deus ao invés de uma amorosa. Nós não queremos ser desrespeitosos, mas precisamos fazer algumas afirmações controvertidas porque não existe exatamente um excesso de pessoas em sua sociedade que queiram mostrar essas coisas. É verdade que naquela época, J era a pessoa mais avançada espiritualmente que já tinha aparecido na Terra, mas todos, incluindo você, vão um dia atingir o mesmo nível de realização dele. Não existe exceção a isso. portanto, J, no final das contas, não é diferente de qualquer outra pessoa, e a atitude dele era que ninguém seria deixado de fora do Céu, porque existe realmente apenas um de nós – não todos esses corpos separados com os quais vocês estão sonhando atualmente.

GARY: Você está dizendo que até os assassinos vão acabar no Céu?

ARTEN: Até mesmo São Paulo, ou Saul, como ele se chamava antes de mudar seu nome para poder ter sucesso com os gentios, era um assassino antes de entregar sua espada. Você não entende o que estamos dizendo. Não existe São Paulo, não de verdade, nem ninguém mais – incluindo J – exceto em um sonho. Não existe ninguém lá fora. Existe apenas um Filho de Deus, que é você. Você vai entender isso, mas são necessários anos de prática para realmente experimentá-lo. Você tem que querer, mas eu sei que você quer.

GARY: Se estamos todos sonhando, por que temos nossas experiências separadas, mas também temos as mesmas experiências? Por exemplo, nós todos vemos a mesma montanha do lado de lá da janela.

ARTEN: Isso é assim porque existe apenas um sonho, o que explica as experiências em comum. A mente aparentemente se dividiu de tal forma que cada unidade observa o sonho de um ponto de vista diferente, o que explica suas próprias experiências pessoais.
Nós esperávamos que essas conversas ficassem um pouco dispersas, o que está perfeitamente certo. Mas vamos tentar nos manter ligados ao assunto, e vamos examinar outras coisas conforme vierem.

GARY: Tudo bem. Você está dizendo que J via as pessoas como o mesmo que ele e Deus – ilimitadas e perfeitas. Todas as outras características que colocamos nos outros ou em Deus são, na verdade, nossas próprias crenças inconscientes sobre nós mesmos?

PURSAH: Eu sabia que você não era tão tonto quanto parece. Você sabe que estou brincando, certo?

GARY: Claro, sorte minha. Eu tenho uma mestra ascensionada amuada.

PURSAH: Sim, mas isso é uma ilusão com propósitos de ensino, e deixe-me fazer outra observação.

GARY: E eu tenho escolha?

PURSAH: Sim, sempre. Voltando ao nosso assunto, você tem que entender que como judeus, nós sinceramente acreditávamos que nossa religião tinha dado um grande salto à frente com o monoteísmo – a idéia de um Deus único – em oposição ao politeísmo – a crença em muitos deuses. A maioria de nós não sabia que o monoteísmo realmente havia se originado com Akhnaton no antigo Egito, e o que toda essa idéia e nossa aceitação dela fez foi pegar todas as diferentes personalidades e características boas e más, de todos os Deuses anteriores e incorporá-las em um único Deus.

GARY: Então, agora, ao invés de todos aqueles deuses confusos, vocês tinham apenas um Deus confuso.

ARTEN: Muito bem colocado! É claro que existe apenas um único Deus, e Ele não é confuso de maneira nenhuma, e nem o era o rapaz J, que havia perdoado o mundo – sua mente tinha voltado para o Espírito Santo, a quem ela pertencia. É a Ele que sua mente pertence. Você a pegou lá e terá que devolvê-la. E eu tenho uma mensagem para você: Você não será realmente feliz até que o faça. Não importando o que você imagine que tenha realizado em qualquer vida, sempre haverá uma parte de você que sente que algo está faltando – porque, em suas ilusões, algo está faltando.

GARY: Você disse que iria me dizer como J era. Isso me lembra de algo, muitas pessoas parecem pensar que o primeiro nome dele era Jesus, e o último era Cristo.

PURSAH: Sim, e sua inicial do meio era H. felizmente, muitas outras pessoas percebem que a palavra Cristo vem do termo psicológico grego que pode ser aplicado a qualquer um, e não apenas a J, exclusivamente. Vou lhe dizer, nós costumávamos nos sentir muito tolos tentando descrevê-lo para as pessoas depois da sua crucificação, e das suas subseqüentes aparições para nós. Mas, espere, esqueci de mencionar uma coisa.

GARY: Você cometeu um erro? Que vergonha. Mais um e você será punida severamente.

PURSAH: Eu queria dizer é que eu suspeitava, assim como alguns poucos, que a ressurreição é algo que acontece na mente, e não tem nada a ver com o corpo. Essa idéia, que no fim foi rejeita por Paulo e pela igreja, foi defendida por alguns dos gnósticos. Eu aprendi, no final, que essa idéia era correta. Isso traz algo que Arten e eu podemos dizer, e o cristianismo não. Os mais novos ensinamentos de J sobre os quais falaremos com você finalmente provarão ser corretos, enquanto tantas coisas que a Bíblia diz já foram ridicularizadas e serão demonstradas como falsas pela ciência. Se algo realmente vem de Deus, não faria sentido que acabasse se mostrando verdadeiro ao invés de falso?

E também, devido a uma história nos Evangelhos, eu algumas vezes fui citada como “Tomé incrédulo”. Assim como com J, você não deveria confundir o Tomé bíblico com o verdadeiro Tomé histórico. Uma história em um romance não necessariamente representa a verdade absoluta, mesmo que algumas pessoas queiram que seja assim. As experiências que podem ser trazidas pelos genuínos ensinamentos do Espírito Santo falam por si só.

GARY: E o J histórico?

PURSAH: Ele nunca amaldiçoou uma árvore e a matou, nunca ficou nervoso e derrubou as mesas no templo, mas ele realmente curou algumas poucas pessoas que já estavam mortas. Também, seu corpo morreu na cruz, mas ele não sofreu como você pode imaginar. Em relação à sua maneira de ser, meras palavras não podem fazer justiça à ele. Estar na sua presença era uma experiência tão única que nos dava um sentimento de admiração. Sua paz e amor inalteráveis eram tão totais que algumas vezes, as pessoas não podiam suportar, e tinham que olhar para outro lado. Sua atitude era tão calma e confiante, que fazia você querer saber como ele fazia isso. Aqueles de nós que passaram muito tempo com ele e, como era o meu caso, conversaram com ele em particular, éramos inspirados por sua completa fé em Deus.

Uma das coisas irônicas – e isso é algo que algumas pessoas não entendem – era que ele se considerava totalmente dependente de Deus, e, ainda assim, essa dependência não era fraqueza, como o mundo geralmente vê a dependência. Ao invés disso, o resultado era um estado de força psicológica inacreditável. Coisas que iriam apavorar pessoas fortes não significavam nada para ele, porque todas eram nada para ele. O medo não era uma parte dele. Sua atitude era a mesma como se você estivesse tendo um sonho enquanto estava adormecido na sua cama na última noite, exceto que estaria absolutamente consciente do fato de estar dormindo. E, sabendo que estava dormindo, você também saberia que absolutamente nada no sonho poderia machucá-lo, porque nada daquilo era verdade; você perceberia que estava apenas observando imagens simbólicas, incluindo as pessoas, que não estavam realmente lá.

J costumava me dizer, quando estávamos sozinhos, que o mundo era apenas um sonho insignificante, mas que a maioria das pessoas não estava pronta para aceitar uma idéia dessas, porque suas experiências em contrário eram muito fortes. Ele, então, repetia que saber que o mundo é uma ilusão não é suficiente. Os gnósticos e alguns dos primeiros cristãos chamavam o mundo de sonho, os hindus o chamam de maya, e os budistas o chamam de anicca, tudo tendo o mesmo significado. Mas, se você não sabe o propósito do sonho e como reinterpretar as imagens que está vendo, o que é algo que discutiremos depois, então, o ensinamento geral de que o mundo é uma ilusão tem um valor muito limitado. Entretanto, ele também disse que chegaria o tempo em que o Espírito Santo iria ensinar todas as coisas às pessoas – o que é algo com o que esperamos estar contribuindo ao compartilhar alguns dos mais novos ensinamentos de J com você – e que todos iriam saber que apenas Deus é real. Algumas vezes, no fim de uma conversa comigo, ele dizia, “Deus é”, e ia embora.

Uma outra coisa sobre ele que raramente é mencionada, é que ele tinha um excelente senso de humor. Ele era bem irreverente. Ele gostava de rir e levar alegria aos outros.

GARY: E ele era totalmente desperto?

ARTEN: Sim, mas vamos deixar bem claro o que queremos dizer com isso. Não estamos dizendo que ele era mais desperto dentro do sonho, mas que ele tinha despertado do sonho. Isso não é uma distinção pequena, Gary. Realmente, ser aparentemente mais desperto dentro do sonho é o que passa por iluminação entre muitas pessoas, mas não é isso que estamos ensinando. Você pode adestrar um cão para ser mais alerta e impressivo, e para viver sua chamada vida de maneira mais plena, e quase qualquer ser humano pode ser ensinado a elevar sua consciência. Você sempre pode ser ensinado a olhar para o sonho com um padrão de pensamento mais inteligente, em uma tentativa de trazer algo mais, diferente ou melhor. Mas nosso irmão J estava completamente fora do sonho. Ele não estava defendendo uma maneira de tornar a ilusão melhor, ou de dizer a você como lutar por uma auto-expressão para que não morresse com um potencial não aproveitado. Esses exercícios podem fazer com que você se sinta temporariamente melhor, mas você ainda estará construindo sua casa sobre a areia.

J não seria contrário a você melhorar sua vida, mas ele estaria mais preocupado com sua Fonte de orientação do que com a própria orientação, porque ele conhecia os tremendos benefícios de longo prazo que ser um verdadeiro seguidor do Espírito Santo traria à sua mente. O verdadeiro objetivo não é embelezar sua vida, é despertá-lo do que você pensa que é a sua vida! Então você estará construindo sua casa sobre a rocha. A mensagem de J não é sobre consertar o mundo. Quando seu corpo parece morrer, o que você vai fazer com o que acredita que é o mundo? Em relação ao mundo você pode embelezá-lo, mas você não pode levá-lo de modo algum.

GARY: Algumas dessas idéias não foram citadas em alguns dos Evangelhos que foram rejeitados pela igreja?

PURSAH: Dizer que foram rejeitados é ser bem suave. Em muitos casos, os Evangelhos foram destruídos pela igreja, para que nunca mais fossem lidos. As pessoas hoje em dia negligenciam o fato de que, quando Constantino tornou o cristianismo a religião oficial do Império Romano, significou que, pela lei, quaisquer outras religiões ou idéias espirituais foram declaradas ilegais. Então, se suas crenças não eram uma parte das doutrinas em rápido desenvolvimento da nova igreja, então, você era considerado herege da noite para o dia – o que era um crime punível com a morte. Era como se seu Congresso subitamente aprovasse uma lei dizendo que todas as crenças religiosas que não estivessem exatamente condizentes com as doutrinas da coalizão cristã estivessem banidas, e qualquer discordância da sua parte seria um crime passível de morte.

GARY: Então, o imperador Constantino não era mais tolerante do que aqueles antes dele que perseguiram os cristãos.

PURSAH: Constantino era um soldado, um político, e um assassino. Ele não fez quase nada que não fosse direcionado para aumentar seu próprio poder. Ele percebeu que o cristianismo já estava se tornando a religião mais popular no Império Romano, e simplesmente fez a maior parte disso para si mesmo. Você não pode imaginar que alguém que saia por aí massacrando pessoas tenha tido algum tipo de experiência religiosa séria.

GARY: Algumas pessoas não acreditam que guerras santas são justificadas?

ARTEN: Guerra santa – outro oximoro maior do que qualquer outro.

GARY: Até mesmo Edgar Cayce disse que as guerras algumas vezes são necessárias.

ARTEN: Existe uma diferença enorme entre o Santo e o necessário. Edgar era um homem bom e talentoso, mas ele seria o primeiro a lhe dizer que não era J. J riu da idéia de espiritualizar a violência, assim como riu do mundo.

NOTA: continuação do texto neste link: http://desenvolvendoaconsciencia.blogspot.com/2008/05/o-j-oculto.html

continuação de: O J Oculto

GARY: Tudo bem. Então, voltando ao nosso sobreestimado amigo Constantino e à algumas das primeiras ações da igreja, vocês estão dizendo que muitos Evangelhos e idéias alternativas sobre J foram destruídos?

PURSAH: Sim, e isso requer uma observação sobre o que acontece com o que é tomado por história. Você pode pensar que nós estamos lhe passando uma história revisada, mas o que você não entende é que tudo é história revisada. Seja história religiosa, natural ou política, a verdade é que você não sabe o que é história. História (* NT: o original faz um jogo de palavras entre ‘history’ e ‘herstory’, querendo dizer ‘história dele’ ou ‘história dela’, em deferência às feministas, que é impossível de ser traduzido em português) é uma história escrita por aqueles que vencem as guerras. Se as forças do Eixo tivessem vencido a Segunda Guerra Mundial, você hoje leria sobre que grandes homens foram Hitler, Mussolini e Tojo, e o Holocausto e os estupros em Nanking – na invasão da China pelos japoneses - seriam citados apenas como uns poucos rebeldes que não se importaram de colocar suas vidas nas mãos deles. Felizmente para vocês, os Aliados venceram a guerra, e vocês são livres para estudarem a espiritualidade ao invés do fascismo. As pessoas nem sempre foram afortunadas o suficiente para acreditarem no que queriam.

Meu ministério depois da crucificação foi principalmente na Síria – eu estive lá quatorze anos antes de Paulo – e eu também fiz longas viagens ao Egito, Arábia, Pérsia e até à Índia. Meu testemunho por J era muito franco e totalmente baseado no que eu o tinha ouvido dizer, tanto em público quanto em particular. Nós não contávamos histórias embelezadas sobre ele naquela época. Os primeiros Evangelhos, como o meu, eram chamados de Evangelhos de Afirmações, porque eram simplesmente listas de ensinamentos que J havia dado, escritos de memória.

Os romances que os Evangelhos se tornaram foram escritos mais tarde, em torno de vinte ou sessenta anos depois das cartas de Paulo, ainda que elas apareçam depois na Bíblia. Pelo fato de eu estar apenas citando as palavras públicas e privadas de J, minhas comunicações, incluindo meu Evangelho, tinham mais de uma compreensão intelectual. Entretanto, muitas das afirmações nesse Evangelho eram muito mais significativas para a cultura do Oriente Médio daquela época, do que para a cultura ocidental de hoje, então, eu vou explicar apenas um pouco do que considero mais relevante para você.

Sendo o americano provinciano que você é, pode ser difícil acreditar nisso, mas, naquela época, as pessoas do mundo árabe eram mais avançadas de muitas maneiras do que os da Europa ou do Império Romano ocidental. Por causa da sua herança, você acha que a Europa era o expoente máximo das aquisições intelectuais. Ainda assim, no Oriente Médio, a cidade de Petra fazia a Europa parecer um cortiço. As pirâmides no Egito não tinham a aparência que têm hoje. Elas eram completamente revestidas de lindas pedras calcárias polidas até ficarem lisas, que podiam ser vistas brilhando por todo o deserto, até uma distância de cem milhas. A biblioteca em Alexandria, no Egito, continha mais de um milhão de documentos, o que incluía a maioria da súmula do conhecimento e da história conhecida da raça humana daquela época. Até que, obviamente, foi parcialmente destruída pelos romanos, através de suas invasões, e foram sujeitas a uma incrível negligência, pilhagem e alguns incêndios.

Não estou dizendo isso para tornar a ilusão real, ou para aumentar o lirismo sobre sonhos noturnos. Estou citando isso apenas para mostrar a você que visão deturpada da história vocês têm. Vocês deixam de lado a Idade Média e pensam que a Europa e a religião que veio a ser chamada de cristianismo foram, de algum modo, superiores ao resto do mundo naquela época. Ainda assim, os europeus foram os piores bárbaros de todos, e não importa se foram as tribos do norte, romanas, ou uma das últimas tribos cristãs, como seus muitos atos violentos provam tão claramente. Infelizmente, a interpretação deles sobre nosso irmão J não era melhor do que a maioria das outras diligências. Sim, os europeus finalmente experimentaram um período de aperfeiçoamento enquanto outras áreas entraram em declínio, ou ficaram para trás, mas a religião cristã foi quase que totalmente desenvolvida antes disso, e, na verdade, agiu como uma força contra a Renascença, assim como ela se opõe ativamente a qualquer coisa que não se encaixe nos estreitos limites da sua teologia ignóbil.

GARY: Você não está sendo muito generosa com o cristianismo. A maioria dos cristãos que eu conheço são boas pessoas.

ARTEN: Não estamos dizendo que não existe algum bem no cristianismo, ou que as pessoas cristãs algumas vezes não sejam o sal da terra. Mas a religião delas é uma mistura de várias coisas, porque o mundo, que é uma projeção da mente que o fez, é uma mistura muito grande. Se a mente vai ser curada, então, precisa de algo que não seja misturado. De qualquer modo, não seja bobo pensando que conhece sua história, porque você só está consciente de uma fração muito pequena e distorcida dela.

Veja a história natural. Existem evidências sólidas, científicas, de que os seres humanos existem sobre a terra por um tempo muito mais longo do que a maioria dos seus cientistas se disporia a dizer em público, porque eles temem que isso vá arruinar suas carreiras. Se eles não se adequarem aos modelos científicos aceitos, então, seu trabalho não é financiado, e, sem dinheiro, eles praticamente morrem na praia. Não espere ser informado tão cedo por seu governo e pelos gigantes intelectuais patrocinados pelas corporações da sua época, mas, a verdade é que espécies humanas construíram e destruíram muitas civilizações altamente avançadas tecnologicamente nesse planeta. O padrão de construir e destruir civilizações tem se repetido muitas vezes, muito além do que você possa imaginar. Aquilo a que vocês se referem como Atlântida é apenas um exemplo, e o mesmo padrão está se repetindo conforme falamos.

A Grande Alma, Gandhi, avisou que há mais na vida do que torná-la mais rápida. Mas o mundo aprendeu muito pouco, enquanto pensa que aprendeu muito.

GARY: Algo que você disse me lembrou de um grupo de estudiosos da Bíblia sobre o qual li, que chegou à conclusão de que J provavelmente disse apenas 20 por cento das coisas que o Novo Testamento o cita dizendo.

PURSAH: Sim, na verdade, a porcentagem é ainda menor do que isso, e eles estão errados sobre algumas das coisas que pensam que ele disse ou que não disse. Entretanto, nós não viemos aqui para tentar fazer uma contribuição aos estudos da Bíblia o que, apesar da sua contribuição válida, é uma ciência falha.

GARY: Como ela é falha?

PURSAH: Um de seus aspectos é que quanto mais uma citação aparece em diferentes fontes, mais credibilidade recebe. Entretanto, os Evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas foram todos copiados de fontes anteriores; e Mateus e Lucas também foram copiados de uma fonte comum assim como do Livro de Marcos que, embora tenha sido escrito antes dos outros três Evangelhos mais famosos, aparece em segundo lugar na Bíblia - porque os caras queriam começar a partir do Novo Testamento, com aquele desnecessário negócio de árvore genealógica em Marcos, que tentou traçar a ascendência de J de volta até o Rei Davi para cumprir uma profecia, ainda que o nascimento presumido através de uma virgem fosse invalidar tudo isso de qualquer forma. Casualmente, a antiga escritura original dizia apenas que “uma jovem mulher daria à luz a ele”, referindo-se ao Messias. Nunca foi dito que uma virgem daria à luz. Isso foi planejado depois, baseado em histórias parecidas de outras religiões antigas.

GARY: As pessoas adoram profecias.

ARTEN: Pode apostar que sim. Praticamente toda a religião cristã foi tirada de histórias e escrituras anteriores, incluindo, mas não de maneira limitada, alguns dos antigos Pergaminhos de cobre do Mar Morto que não sobreviveram. À propósito, nós não fomos muito lisonjeiros em relação aos essênios antes, mas eles tinham um grande talento para escrever e preservar as escrituras, às quais eles eram mais devotados do que qualquer outra pessoa.

GARY: Vocês não estão pegando leve com nenhuma pessoa, estão?

ARTEN: As pessoas não são boas nem más. Você verá. O ponto que começamos a mostrar sobre as regras do conhecimento bíblico é esse: se os escritores dos Evangelhos copiaram uns dos outros, o que não era incomum naquela época, e os estudiosos de hoje dão credibilidade às histórias e citações baseados no número de fontes diferentes onde elas são encontradas, então, as descobertas muitas vezes serão errôneas – especialmente se a fonte original das cópias estava errada para início de conversa, ou se essa fonte original foi modificada por aquele que a copiou, e depois foi perdida ou destruída.

GARY: Então, copiar alguma coisa não a torna verdadeira, e o fato de que algo não foi copiado muitas vezes não o torna falso.

ARTEN: Sim. Um aluno excepcional. Agora, eu vou dar uma profecia a você. Você vai escrever um livro sobre isso, que vai contar a algumas pessoas o que dissemos.

GARY: Um livro? Eu tenho dificuldade em preencher um cheque.

ARTEN: Isso vai lhe dar uma chance de usar sua memória, e aquelas anotações que você está tomando.

GARY: Eu não acho que as pessoas acreditariam em mim se eu lhes dissesse que vocês, caras, apareceram para mim desse jeito.

ARTEN: Na verdade, algumas pessoas iriam acreditar, e algumas não iriam, mas e daí? Tenho uma sugestão que vai ajudá-lo a ir em frente e ser muito pacífico. E se você não tentar convencer ninguém a acreditar em nada? Comece a escrever o livro como se fosse apenas uma história – como se você o tivesse criado. Então, diga às pessoas que elas criaram você. Tudo é criado. Esse é o ponto, meu irmão.

GARY: Eu não sei. Eu provavelmente nem seria capaz de colocar a pontuação correta.

ARTEN: Qual é a diferença, desde que as pessoas consigam entender? Não se preocupe com os detalhes; apenas escreva o que dizemos a você. É a mensagem que importa, não o modo de falar. O que você confundir na pontuação, vai compensar com substância e consistência. Além disso, você pode se surpreender. Peça ao Espírito Santo para ajudá-lo e vai se sair bem.

GARY: Isso não contradiz o que vocês me disseram antes – sobre como eu não tenho que contar a ninguém nada se não quiser, e como vocês não vão me contar sobre o futuro e sobre qualquer coisa?

PURSAH: Não, nós não vamos lhe dizer muito sobre o futuro, e você não tem que escrever nada se não quiser. Mesmo que o faça, você não tem que aparecer em público se não se sentir confortável com isso. Você não gosta de falar para multidões, não é?

GARY: Eu iria preferir enfiar pedaços de vidro no meu traseiro ao invés de fazer isso.

PURSAH: Não acho que isso vá ser necessário. O ponto é, você é livre para fazer o que quiser – mas seria sábio da sua parte não fazer isso sozinho. Deixe J ou o Espírito Santo tomar as decisões por você sempre que tiver tempo de pedir isso a Eles. Nós temos uma vantagem ao falar sobre isso, porque tudo o que vai acontecer já aconteceu. Não é como se nós estivéssemos lhe dando uma tarefa especial; nós apenas estamos lhe contando o que já aconteceu. Nós vamos chegar lá uma hora dessas.

GARY: Eu me sinto um pouco desconfortável em não contar a Karen sobre isso. Ela seria capaz de ver vocês dois se estivesse aqui?

PURSAH: Claro. Os corpos que projetamos são tão densos quanto os de vocês, embora nossos cérebros não sejam. Brincadeira! Mas qualquer um seria capaz de nos ver da mesma maneira que você. Entretanto, você pode estar fazendo um grande favor a Karen por não lhe contar sobre nós por enquanto.

GARY: Como é isso?

PURSAH: Se você contar a ela sobre nós agora e ela acreditar em você, o que ela faria, então, isso iria alterar sua vida e trazer uma série de acontecimentos dos quais ela não precisa. Seria melhor para ela que você contasse depois, quando nossas visitas terminarem. Você é a única pessoa que queremos que esteja envolvida nesse momento.

GARY: Eu posso tirar fotos de vocês e gravar suas vozes?

ARTEN: Você poderia, mas vou lhe dar três razões pelas quais não deve fazê-lo. Primeiro, você se sentiria tentado a provar às pessoas que nós aparecemos a você, embora quaisquer atores pudessem ter nos representado ou às nossas vozes, então, não iria realmente provar nada. Segundo, isso não tem nada a ver com convencer ninguém de que você está certo; tem a ver com compartilhar idéias para ajudar as pessoas através do caminho. Terceiro, usar nossas visitas como um meio de induzir a crença de qualquer pessoa em nós não estaria de acordo com o que estamos ensinando. Queremos ensinar de uma maneira que vá induzir o tipo de aplicação prática que leva à experiência da revelação. É isso que fortalece a crença de uma maneira genuína.

GARY: E se as pessoas rejeitarem o que vocês têm a dizer, ou se apenas usarem isso um pouco e depois desistirem e passarem para outra coisa?

ARTEN: Essas são repostas possíveis, mas algumas pessoas vão persistir nelas e tirar o máximo delas. Como já dissemos, não se preocupe com esses detalhes. Nenhum aprendizado é desperdiçado. Qualquer coisa que você aprenda fica em sua mente para sempre. Você não pode perdê-la; mesmo que não esteja consciente do ensinamento, ele ainda está lá. É por isso que você não deveria se preocupar muito se achar que pode não chegar ao Céu nessa vida em particular. O aprendizado não é linear. Não apenas tudo permanece na mente, mas você pode ter certeza de que qualquer decisão aparentemente linear sobre a reencarnação não é feita pelo corpo ou cérebro humano. Essa decisão é feita pela sua mente em um nível completamente diferente, dependendo do fato de você ter ou não feito sua parte em ajudar o Espírito Santo a curar sua culpa inconsciente. Como dissemos, não importando o que pareça acontecer, sua mente retém toda a informação.

GARY: Legal. Então, nenhum de nós é tão estúpido quanto parece.

ARTEN: Certo. Toda ignorância é na realidade uma repressão que existe para produzir um efeito particular, por uma razão específica, sobre a qual falaremos depois.

GARY: Hum? Sabe, é engraçado, mas muitas coisas que vocês dizem parecem verdadeiras para mim, ainda que eu não as tenha ouvido antes.

ARTEN: É porque durante muitas de suas vidas passadas, você não foi inexperiente em termos de instrução teosófica. Durante os últimos poucos anos, você tem visto imagens sobre como era sua aparência em vidas passadas. Ter visões místicas é um dom seu. Uma parte da razão pela qual você teve tantas experiências espirituais nessa vida – e o motivo pelo qual você aceita tantas dessas idéias avidamente – é porque suas vidas combinadas de aprendizado ainda estão dentro de você.

GARY: Você pode me dar uma visão breve disso?

ARTEN: Muito breve. Lembre-se nada disso torna você único ou especial. Quase todos acabam estudando as mesmas coisas no final. Em uma vida, você foi afortunado o suficiente para ser um entusiasta do grande pensador da Cabala, Moses Cordovero. Sua famosa fórmula, “Deus é toda a realidade, mas nem toda realidade é Deus”, afirmava um ponto muito importante, e também fez uma distinção vital entre o misticismo cabalístico e o panteísmo. Em outra parada da roda do tempo, você foi um muçulmano sufi.

GARY: Isso é engraçado. Os judeus e os árabes odiaram uns aos outros com freqüência, embora em diferentes vidas tenham sido tanto um quanto outro.

ARTEN: Ótima observação. Até mesmo no nível da forma, os árabes e os judeus – como os sérvios e os muçulmanos – são basicamente os mesmos, o que mostra a você a que ponto as pessoas chegam para serem diferentes. Isso é verdadeiro para a maioria das pessoas; apenas alguns exemplos parecem mais extremos. Hoje em dia, é comum que judeus, negros e nativos americanos se sintam vitimados pelo passado, mas muitos deles ficariam chocados em saber que vitimaram outras pessoas em vidas anteriores. Justamente por isso, existem muitas vítimas de abuso infantil que se tornam abusadores na mesma vida. Portanto, a dança da vítima-vitimização da dualidade continua, fazendo com que todos, em uma época ou outra, usem os mantos manchados de sangue do julgamento justo.

Como um muçulmano sufi, você cultivou dentro de si mesmo o pensamento da unicidade, ou monismo, e fez progressos em experimentar cada coisa aparentemente separada como um véu ilusório sobre a verdade eterna. Você reconheceu a realidade de Deus e a falta de importância da matéria, e um dos versos do Corão que era mais caro a você era, “Todas as coisas na criação sofrem a extinção, e lá permanece a face do teu Senhor, em sua majestade e generosidade”.

Você também percebeu que uma parte essencial de cada ilusão é a mudança, ou, como você aprendeu chamar em uma vida budista, impermanência – o que era irreal – em oposição ao objetivo da luz clara. Todo esse aprendizado foi saudado muito gentilmente por algo que você estudou em ainda outra vida – os ensinamentos de Platão, que falou e escreveu sobre uma idéia perfeita por trás de todas as coisas imperfeitas desse mundo. Ele a chamou de “o Bem”, e a descreveu como “uma realidade eterna, o reino não afetado pelas vicissitudes da mudança e da decadência”.

Seis séculos depois, outro de seus professores, o neo-platonista conhecido como Plotino, iria emprestar e expandir a postulação de Platão de que “o Bem é Um”, e iria tentar defini-la como a Fonte máxima de tudo no mundo. Entretanto, como quase todos os outros grandes filósofos da história, com a exceção de J, nem Plantão nem qualquer um de seus sucessores compreenderam onde o mundo realmente se originou, ou o mais importante: por que.

GARY: Então, o pupilo mais popular de Platão, Plotino, provavelmente foi um plagiador das postulações platonistas?

ARTEN: Mais uma explosão dessas e você será punido. Você já sabe quando estamos brincando agora, não é? De qualquer forma, Platão teria gostado de Plotino, e nós queremos enfatizar que todos esses são caminhos para uma vida inteira. Nosso excesso de simplificação está destinado apenas a lhe mostrar que você realmente passou vidas inteiras nesses assuntos.
A idéia de uma realidade imutável não é insignificante. Para ver porque, vamos observar a noção do yin e do yang, que você explorou durante várias encarnações taoístas e budistas no extremo oriente.

GARY: Cara, eu andei mesmo por aí, não é?

ARTEN: Todos o fizeram no fim, mas tudo isso realmente aconteceu de uma vez só. Como Einstein afirmou, o passado, o presente e o futuro todos acontecem simultaneamente.

GARY: Esse Einstein era mesmo um cara esperto.

ARTEN: Sim, mas ele ainda tinha que aprender que nada disso aconteceu no final das contas. Conseqüentemente, quando partirmos hoje à noite, você vai se sentir como se tivéssemos estado aqui durante horas, mas apenas vinte minutos terão se passado, pela contagem do relógio.

NOTA: Nesse ponto, olhei de relance para meu relógio e vi que ainda que Pursah e Arten tivessem conversado comigo pelo que parecia ser uma hora, apenas onze minutos haviam se passado.

GARY: Você deve estar brincando! O ponteiro dos segundos do meu relógio ainda está correndo normalmente, mas tem alguma merda bem esquisita acontecendo aqui.

ARTEN: Não se preocupe. Nós sabíamos que essa seria a mais longa das nossas conversas, então decidimos brincar um pouco com o tempo, ao invés de atrasar você. Nós sabemos que você precisa de uma boa noite de sono porque tem trabalho a fazer de manhã.

O tempo pode ser alterado porque, embora sua experiência seja linear, você realmente é um ser não-linear. Nós geralmente não fazemos brincadeiras desse tipo, mas ainda vamos nos divertir um pouco com você em outra ocasião, quando brincarmos com o espaço. Não o espaço sideral, apenas espaço. Você não é um ser espacial, mas um não-espacial. Ou, como os físicos poderiam colocar isso, você está tendo uma experiência local, mas você realmente é não-local.

Nós dissemos que iríamos falar sobre yin e yang, e aqui encontramos o mesmo tipo de situação que existe com todas as outras filosofias e teorias espiritualistas famosas desse mundo.

A idéia original por trás do yin, que é energia passiva ou chi, e o yang, que é energia ativa, é que elas vêm do Tao – que é absoluta serenidade. Mas, já que o Tao não pode perceber a si mesmo, então decidiu dividir-se em dois, e se manifestar eternamente, dando vazão a uma interação sempre mutável e aparentemente infinita das forças de equilíbrio. Essa é uma definição muito imperfeita, a propósito. Eu não vou entrar no desenvolvimento do taoísmo, que é um processo extremamente longo. Mas a idéia geral parece familiar?

GARY: Sim. Então, as idéias da Nova Era são realmente muito antigas, e até mesmo Platão deve alguma coisa aos professores que vieram antes dele.

ARTEN: Todos nós devemos. A idéia do “Um” não era completamente original, mas Platão ainda é um grande filósofo. Até mesmo J, embora fosse muito mais avançado do que Platão, admirava sua história da Caverna.

GARY: Eu me lembro disso! Minha mãe costumava lê-la para mim quando eu era bem pequeno. Eu me lembro de pensar que era assustadora.

ARTEN: Por que você acha que sua mãe fazia isso, se sabia que você realmente não poderia compreendê-la muito bem?

GARY: Porque ela queria abrir um pouco minha mente, e fazer com que eu soubesse que havia mais idéias divergentes disponíveis para mim do que o lixo comum que a sociedade iria despejar sobre mim.

ARTEN: Exatamente. Ela era uma mãe excelente, e nós vamos falar um pouco sobre aquela história já, já. Como estávamos dizendo, a idéia por trás do yin e yang não é muito diferente de muitas outras filosofias. Infelizmente, ela também contém o mesmo erro básico que as outras. O yin e o yang interagem para sempre, e você encontra um pouco de yin em todo yang, e um pouco de yang em todo yin, e, enquanto isso, aquilo que o mundo ridiculamente chama de vida continua ad nauseam.

Mas a filosofia nunca realmente se importa em considerar a falta de sabedoria em tudo isso, exceto para presumir que a consciência, chi, e a percepção são mercadorias muito valiosas. Quando terminarmos, você vai ter uma idéia do que elas realmente são, e também terá recebido sua primeira visão geral sobre como virar o feitiço contra o feiticeiro. O que você quer se lembrar agora é que, por causa de suas experiências espirituais, existe um senso comum entre a maioria dos criadores dessas idéias de que o Um era imutável e eterno – e nesse ponto eles foram bem precisos.

Outro ponto que muitos deles tinham como certo era que tudo que não fosse o Um era ilusório. Até mesmo o julgamento, em sua forma mais básica, como rotular algo como bom ou mau, seria para diferenciar entre coisas que realmente são a mesma, por causa da sua irrealidade. Portanto, realmente não é válido julgar nada.

GARY: Então, isso é o mesmo tipo de não-julgamento que o Bhagavad-Gita descreve como “quando o sofrimento e a alegria são iguais...”.

ARTEN: Sim. Você falou como um hindu esperto, o que você também foi. Como um hindu esperto, você não tinha utilidade para a política, exceto sobre como ela poderia ser usada para reconhecer a ilusão. Mas reconhecer a ilusão é apenas uma parte do processo de perdão como foi ensinado por J, não todo ele. O resto está vindo. Sem que perceba, você será um com os fundamentos de J.

GARY: Você se importaria de explicar isso?

ARTEN: Bem, eu amava J. ele era como uma luz levando as crianças de volta para seu verdadeiro lar no Céu. Uma vez, eu estava com ele e disse algo que era misericordioso, e ele disse que eu agora era um com os fundamentos dele. Ele continuou dizendo que isso simplesmente significava que eu estava começando a pensar como ele, algumas vezes exatamente de acordo com ele. Apenas então, ele disse, ele poderia entrar mais profundamente na minha mente e ser ainda mais próximo de mim, porque eu estava começando a ver como ele, pensar com a mesma atitude interior – que é o que a visão espiritual realmente é. Como já dissemos, isso não tem nada a ver com os olhos do corpo, embora você possa experimentar símbolos dessa atitude interior, que ocasionalmente podem ser vistos com os olhos do corpo. Vamos enfatizar algo? As pessoas não deveriam se sentir mal ou menosprezadas se não virem qualquer um desses símbolos. Eles não são necessários. Algumas pessoas têm um dom para eles, como você, mas os dons de outras pessoas são em outras áreas. O efeito aparente é supérfluo; é na causa que estamos interessados.

É claro que J se identificou tão completamente com o Espírito Santo que estava se referindo ao fato de eu estar pensando com ele como o Espírito Santo, não como J, o corpo. Se as pessoas não se sentirem confortáveis com J, elas sempre podem pensar sobre o Espírito Santo. Pelo fato de você pensar que é um corpo ou alma específica, seria útil para você ter alguém sobre quem pensar como um ser específico ao invés de abstrato, para ajudá-lo e levá-lo além de todos os símbolos.

GARY: Krishna, Gautama Buda, Zoroastro ou qualquer um do resto da gangue não seria adequado?

ARTEN: Sim, seria. Mas, então, você não estaria estudando J. Você pensa que é tudo a mesma coisa, mas, para o olho treinado, existem distinções importantes que fazem toda a diferença no mundo. Não é nossa intenção diminuir coisa alguma. Todos vão terminar no mesmo objetivo finalmente, e, na verdade, eles já chegaram lá. Essa é uma amplitude para a qual você ainda não está totalmente pronto. Apenas lembre-se de que, se você escolher trabalhar com J, então, pode estar certo de que ele vai ajudá-lo. Uma citação ou duas do Evangelho de Pursah vão ilustrar isso.

GARY: Estou esperando pacientemente.

ARTEN: Eu sei, e estamos chegando lá. Para completar nosso pequeno tour, você teve muitas vidas boas, e muitas outras que foram aparentemente desperdiçadas. Algumas vezes, você sonha com elas, sonhos bons e ruins. Deixe-me perguntar algo. Você ainda está tendo o sonho de ser um índio americano na cidade onde os grandes rios se encontram?

GARY: Como você sabe disso? Ah, eu esqueci – vocês sabem de tudo.

PURSAH: Sim, mas nós queremos lembrá-lo de que só podemos trabalhar com você usando palavras e símbolos que você compreenda. Você teve milhares de vidas, incluindo muitas vidas cristãs de formas variadas, e muitas outras que envolveram religiões que a maioria das pessoas não reconheceria. Por exemplo, como um aborígine, sua experiência era a de que o espírito do mundo, ou Ika, como você o chamava naquela época, era tão real para você – ou ainda mais real – do que sua tão-chamada vida desperta.
Aliás, de todas as suas vidas até agora, seria difícil escolher uma mais gratificante do que na época em que você foi um amigo e aluno de um índio americano, professor espiritual, conhecido como o Grande Sol.

Há mil anos, existia uma cidade tão grande quanto Boston ou a Filadélfia do início de 1800. Esse lugar onde as pessoas se reuniam ficava ao redor do que agora é Saint Louis, mas seus habitantes não incluíam pessoas brancas. Eles tinham casas, não tendas. As tendas eram usadas principalmente pelas tribos das planícies, que viajavam de acordo com as estações. Você era um índio que vivia nessa cidade, e conhecia aquele que as pessoas diziam ter vindo do sol para ser um mediador entre o céu e a terra.

Elas o chamavam de o Grande Sol. Ele rejeitou o sacrifício humano, ensinou a maioria dos Dez Mandamentos e um pouco da sabedoria de J quinhentos anos antes de qualquer homem branco ter trazido a Bíblia para a América. Ele era como um rei ou um papa, e vivia no topo de um morro estupendo feito pelo homem, em uma estrutura que as pessoas tinham construído para ele como um sinal de amor e de respeito.

Embora não existisse uma linguagem indígena escrita naquela época, a pronúncia do nome da cidade agora seria algo como Cahokia, e o Grande Sol era conhecido e respeitado por todo o coração do continente. Os rios ligavam a cidade a partes diferentes do país, e você ganhava a vida como comerciante de peles. Você sempre teve como ponto de honra compartilhar alguns dos ensinamentos do seu amigo com as tribos, enquanto estava fazendo negócios com elas. E você sempre ficava feliz em voltar para casa e aprender mais com esse homem, que era um Ser espiritual iluminado.

GARY: Eu tenho algumas imagens disso na minha mente. Diga-me, esse cara está no Livro dos Mórmons?

PURSAH: Não. Joseph Smith não estava ciente dele, nem a maior parte das pessoas. A história indígena americana era uma tradição oral. Smith estava fazendo alguma outra coisa. Ele escreveu o que deveria escrever, a partir daqueles pratos de metal que estava traduzindo. De qualquer forma, o Grande Sol era muito parecido com J, apenas mil anos depois.

Nós não vamos lhe contar muito sobre aquela vida ou sobre seu professor; é nessa vida que estamos interessados. Nós estamos lhe dando algum background para ajudar a prepará-lo para a forma mais nova e avançada dos ensinamentos de J, e é por isso que queremos evitar que você cometa um erro menor que foi cometido pelo Grande Sol. Todos cometem erros, até mesmo os seres iluminados. A Terra não é um lugar de perfeição. Na verdade, ela é projetada para ser um lugar onde a verdadeira perfeição é impossível. Você pensa que o universo está evoluindo para a perfeição. Essa idéia é falsa. O universo é estabelecido para parecer que está fazendo isso, mas ele realmente está apenas girando em seu eixo, repetindo o mesmo padrão vezes sem conta, de formas diferentes. Isso é uma armadilha na qual você ficará preso.

A diferença entre seus erros e os erros de um Ser iluminado está em sua habilidade de praticar o verdadeiro perdão. Eles percebem que, se os erros dos outros devem ser perdoados imediatamente, então, os deles também devem. Eles também sabem que realmente não importa o que possam fazer, mas poucas pessoas estão prontas para aceitar isso. A maioria carrega seus erros e suas culpas por eons, mas não existe necessidade disso.

GARY: Então, como foi que ele estragou tudo?

PURSAH: Ele não fez isso realmente. Era apenas uma questão de como ele passava seu tempo. Ele teria servido melhor às pessoas se simplesmente as ensinasse sobre a verdade. Tanto naquela época quanto agora – no norte, sul, leste ou oeste – o mundo precisa de ajuda. Ele está cheio de pessoas atacando outras mentalmente, e que nem mesmo sabem que estão atacando – elas apenas pensam que estão certas, são ponderadas, ou são algum tipo de vítima. O Grande Sol se permitiu ficar distraído em relação ao que era mais útil. Nós já lhe dissemos que aquele que é realmente iluminado dificilmente busca papéis de liderança. Há dois mil anos, muitos do nosso povo queriam que J fosse um tipo de messias majestoso, ao invés de um messias sacerdotal. Mas ele ficava feliz em apenas compartilhar a verdade com as pessoas, e em dar a elas sua experiência. O Amor de Deus era sua única preocupação.

O Grande Sol, entretanto, tornou-se muito parecido com um papa. Ele acabou como a maioria dos outros líderes espirituais convencionais; perdendo seu tempo com política e distribuindo chavões em público, ao invés de elevar as pessoas a um nível totalmente novo, que era o que elas realmente precisavam. Deixe a política para os políticos. De a César o que é de César. As pessoas precisam ser ensinadas, mas se você realmente lhes disser a verdade, então, deve estar pronto para desistir de qualquer popularidade. Você terá que aceitar isso – mas que ouçam aqueles que tenham ouvidos para ouvir.

Então, o Grande Sol se tornou um grande tomador de decisões, e as pessoas pensaram que aquilo era importante. O que foi realmente útil foi quando ele falava com as pessoas, uma a uma, ou em pequenos grupos, e lhes contava tudo o que sabia, ao invés de reter tudo, preocupado com a maneira com que elas iriam receber seus ensinamentos. Nós já dissemos que você não tem que dizer nada a ninguém se não quiser. Se você escolher ensinar de vez em quando, então é melhor dizer a verdade e ver algumas pessoas partindo, do que dizer a elas apenas o que querem ouvir e fazer com que fiquem.

O sucesso no mundo está em manter muitas cabeças acenando afirmativamente, mas a verdade não faz as pessoas anuírem, ela as deixa chocadas – ou pelo menos as faz questionar muitas coisas. No fim, o Grande Sol desejou ter ensinado mais e feito menos relações públicas, o que acabava ocupando cada vez mais seu tempo. Ele sabia, no final da sua vida, que tinha sido completamente perdoado; ele apenas tinha um pequeno arrependimento sobre não ter usado seus dons de maneira mais construtiva – um arrependimento que ele depois perdoou. Obviamente, estamos trazendo isso à tona para ajudar você. Não tente se tornar algum tipo de grande alvo. Apenas diga a verdade às pessoas e deixe que o Espírito Santo cuide do resto. A maioria do seu tempo deveria ser gasta aprendendo com Ele, não tentando ser uma estrela.

GARY: Você disse que eu fiz muito progresso naquela vida?

PURSAH: Sim, mas por que você acha que foi assim? Você passou apenas uma pequena parte do tempo ensinando, e a maior parte do tempo ouvindo seu amigo. Você foi afortunado o suficiente para ouvi-lo em particular, onde ele era mais aberto e detalhista. Em outras palavras, você era um aluno. Então, nós lhe demos esse indicador adicional, que é um que você já está vivenciando, mas do qual você deveria sempre ter o cuidado de se lembrar no futuro. Os maiores progressos não são feitos sendo um grande professor; eles são feitos sendo um grande aluno.

GARY: O Grande Sol realmente veio do sol?

PURSAH: Nunca leve a publicidade a sério.

ARTEN: De qualquer forma, seu amigo lhe disse que tinha nascido como qualquer outro homem. Algumas vezes, as pessoas insistem em dar muita importância ao trivial, e a não prestar atenção ao que é importante, como ir para casa – que é o que nós viemos ajudá-lo a fazer.

GARY: E J foi concebido e nasceu como qualquer outro homem?

ARTEN: Essa pergunta só poderia ter importância para pessoas que pensem que o corpo é importante, e que o corpo de J era muito importante. Sem entender isso, o resto é impossível de compreender. Você vai chegar lá, e vai começar a perceber o quanto os outros corpos são insignificantes. Só depois disso, é que poderá experimentar o quanto o seu próprio corpo é insignificante. De que outra maneira você poderia ser livre? Você não vai se libertar até que perceba que você mesmo forja as correntes que o prendem.

GARY: Vocês mencionaram que Paulo rejeitou a idéia da ressurreição ser da mente e não do corpo. Mas um dos fatos históricos de que eu mais me lembro sobre ele, é que ele conversou com outros líderes das seitas judaico-cristãs para permitirem que as pessoas se convertessem à fé deles simplesmente sendo batizadas, ao invés de circuncidadas.

ARTEN: Eu lhe disse que ele realmente agradava às multidões. Mas não nos compreenda mal; não estamos dizendo que Paulo não era um dos homens mais brilhantes e influentes da história. Obviamente, alguns de seus escritos são formidáveis em sua eloqüência. Sua experiência espiritual sobre J na estrada de Damasco foi genuína. É apenas que, na análise final, muitas das coisas que ele estava dizendo simplesmente não eram as mesmas que J falou.
Você vê, J ensinou a verdade inteira, e ainda o faz, enquanto – como você pode ter percebido de tudo o que estamos dizendo – outros antes e depois dele ensinaram partes da verdade. As pessoas tendem a pegar as partes que parecem iguais e presumir que cada uma está dizendo a mesma coisa de maneiras diferentes. Mas J é único.

GARY: J iria concordar com algumas das mesmas idéias que Krishna, Lao-tzu, Buda e Platão expressaram antes dele, mas não com todas elas?

ARTEN: Sim, e ele iria concordar com algumas das mesmas idéias que Paulo, Valentino e Plotino expressaram depois dele. Realmente existem verdades universais que J tinha em comum com outros. Uma vez que você compreenda o que ele está dizendo em sua totalidade, então, ele fala por um sistema de pensamento original que vai levá-lo muito mais rapidamente a Deus, e não é realmente o mesmo que qualquer outro.

PURSAH: Tudo isso nos traz à posição onde podemos começar a falar sobre o que J estava falando. Como uma pequena parte disso, vou lhe contar algo sobre meu Evangelho. Primeiro me diga brevemente o que você sabe sobre ele, como uma maneira de clarear seus próprios pensamentos.

GARY: Bem, eu não sei muito. Alguns caras acidentalmente encontraram uma cópia dele no Egito depois da Segunda Guerra Mundial, junto com um punhado de outro material gnóstico, e a igreja disse que as citações tinham sido criadas pelos hereges gnósticos. Ouvi dizer que alguns estudiosos da Bíblia recentemente chegaram a uma opinião bem mais elevada sobre ele.

PURSAH: Sim, você realmente não o leu, não foi? A não ser por aquela vez em que você o folheou naquela livraria – quando passou metade do tempo olhando para a linda mulher no fim do corredor.

GARY: Existe uma pequena nota de julgamento nesse comentário?

PURSAH: Não, mas você não poderia ler meu Evangelho muito bem enquanto estava ocupado tendo todos aqueles pensamentos superficiais sobre o corpo dela.

GARY: Isso não é justo! Eu também estava tendo pensamentos superficiais sobre a mente dela.

PURSAH: O que você pensa sobre o que realmente leu?

GARY: Eu não absorvi muito. Você se importaria de me dar uma visão mais erudita, diretamente de fonte segura?

PURSAH: Não, mas eu já lhe disse que não vamos nos deter nele. Você pode fazer sua própria lição de casa se quiser saber mais sobre ele do que o que eu vou lhe contar. A descoberta do meu Evangelho em 1945 marcou o primeiro momento em que uma cópia completa dele foi vista por qualquer pessoa em milhares de anos. As únicas outras partes que restaram foram alguns fragmentos gregos que foram descobertos antes.

Você poderia escrever um livro apenas sobre meu Evangelho, e algumas pessoas o fizeram. Eu já lhe disse que existem citações nessa cópia que foram acrescentadas depois, que J nunca disse. Você também tem que considerar a influência de aproximadamente trezentos anos de cultura e linguagem egípcia e filosofia gnóstica na versão do Hag Nammadi para julgar algumas de suas citações. E ele também não inclui tudo o que J me disse em particular, em parte porque naquela época eu fui executada por um grupo de pessoas que eu não esperava que agissem assim. Eu estava falando com elas sobre a paz. Muitas pessoas, incluindo você, querem paz. Mas deixe-me explicar algo, Gary. As pessoas do mundo nunca vão viver em paz até que elas tenham paz interior. Ainda que eu não tenha vivido por muito tempo, pelo menos cheguei a ser um dos primeiros ministros de J. A Bíblia despreza pessoas como eu e Tadeu, mas nós fomos privilegiados em compartilhar os ensinamentos de J como foram falados diretamente a nós.

GARY: Uma honra. Vocês foram ordenados?

PURSAH: Eu fui pré-ordenada.

GARY: Você foi crucificada?

PURSAH: Não, eu fui decapitada na Índia. Quando você está em um corpo, nunca sabe que tipo de dia terá. Não foi uma maneira ruim de fazer uma transição, na verdade – surpreendentemente rápido. Isso me lembra de algo que eu queria dizer sobre o ato da crucificação. Esse é um ritual estritamente romano. Ninguém mais o praticava. Os escritores dos últimos Evangelhos quiseram culpar o sinédrio e os fariseus, que eles odiavam, pela morte de J, descrevendo um julgamento durante a páscoa judaica. Mas aqueles grupos não tomariam parte em quebrar uma lei judaica – a menos que quisessem incorrer no ódio de seu próprio povo por desobedecerem a Deus. Eles eram homens inteligentes. Eles não fariam algo estúpido assim – e o citado julgamento não teria atendido às orientações da nossa lei. Foi mais tarde que vocês tiveram as hostilidades específicas e tolas que levaram à narração errônea daquela parte da história no Novo Testamento.

Na época da crucificação, eram os romanos que exerciam todo o poder civil, e, se havia uma coisa com a qual nosso povo concordava, era em seu desgosto em relação aos romanos. Com poucas exceções, não havia muitas pessoas enfileiradas escarnecendo de J. Foram principalmente os romanos que o ridicularizaram. A maioria dos judeus ao longo do caminho apenas o viu como outro infortúnio do Império dos Gentios.

A próxima vez em que você pensar sobre as pessoas que supostamente mataram nosso Senhor, dê uma chance ao povo judeu. Nós éramos os objetos da crucificação, não os perpetradores dela. Judas não sabia que J iria terminar na cruz. Ele simplesmente cometeu um erro. Então, ele se sentiu extremamente culpado em relação a isso. Foi por isso que ele se enforcou. Perdoe-o. J o perdoou, então você também pode fazê-lo. E, enquanto estiver nisso, você também pode perdoar os romanos, que realmente mataram o corpo daquele que eles mais tarde chamariam de Senhor. J pôde perdoá-los até mesmo enquanto eles estavam fazendo isso, porque ele sabia que o que ele realmente era nunca poderia ser morto. Por que você acha que geração após geração daqueles que afirmam segui-lo sentem a necessidade de atribuir algum tipo de culpa por essa ação a pessoas a quem eles nem mesmo conhecem?

GARY: Sinto que você vai me dizer. Mas, tenho um problema com sua explicação sobre as coisas. J não falou sobre Judas traí-lo com um beijo?

PURSAH: Não. Antes da ceia, Judas estava bêbado e queria dinheiro para comprar mais vinho e para uma prostituta. Um oficial romano que o havia visto antes com J o descobriu e pediu informações. Você vê, Pôncio Pilatos estava procurando transformar alguém em exemplo como uma maneira de exercer autoridade durante a Páscoa judaica. Pilatos nunca lavou suas mãos em relação à coisa toda, ele queria que acontecesse. Judas contou ao oficial onde J e nós estaríamos naquela noite, em troca de dinheiro. Quantas tragédias em seu mundo são resultado de alguém fazendo algo enquanto está sob influência de álcool, que normalmente não faria?

GARY: Então, Judas estava com o caco cheio pela metade e procurando, ah, alguma companhia feminina, e ele não se deteve para pensar sobre as conseqüências que suas ações poderiam ter?

PURSAH: Sim. Uma circunstância com a qual acho que você está familiarizado. Exceto que eu diria que Judas estava com o caco quase que totalmente cheio.

GARY: Você disse antes que J não sofreu na cruz, o que eu achei difícil de acreditar. Você vai me contar como ele foi capaz de perdoar a todos e não sentir dor durante a crucificação ao mesmo tempo?

PURSAH: Certamente, mas não durante essa visita. Na época em que formos embora, depois da nossa última visita, nós teremos lhe dado uma imagem completa e teremos iniciado você em seu caminho. O resto ficará a seu cargo, mas nós não vamos esconder nada. Não vamos lhe dar a desculpa de que “é um mistério”; desculpa com a qual suas igrejas são tão parciais. O sistema de pensamento do Espírito Santo não deixa você com um monte de perguntas não respondidas. Pode haver algumas respostas das quais você não goste, mas nós lhe dissemos no início que nem sempre iríamos lhe dizer o que você queria ouvir.

Agora, vou ser muito honesta com você sobre o que é meu Evangelho, e também sobre o que não é. O Evangelho de Tomé não é o Santo Graal da espiritualidade. Ele não vai lhe trazer a salvação e não vai treinar sua mente para pensar de acordo com as linhas necessárias para que você atinja sua salvação. Entretanto ele vai desempenhar três serviços muito importantes pela humanidade.

Em primeiro lugar, apesar do que você e alguns outros possam pensar, meu Evangelho não é um documento gnóstico. Para aqueles que se importarem em observar, partes dele contêm a escritura das primeiras formas de cristianismo, antes até que elas fossem algo como uma religião separada, chamada cristianismo. Nós estávamos entre as primeiras seitas judaico-cristãs. Certamente havia diversidade entre as várias seitas, mas nós não estávamos sozinhos em nossas impressões sobre J. Por que você acha que a igreja estava tão desesperada mais tarde em rotular meu Evangelho como gnóstico e herético? Era porque eles não queriam que os membros da igreja vissem como realmente eram os primeiros cristãos. Na verdade, a igreja faria qualquer coisa para esconder o fato de que alguns de seus ensinamentos são heréticos em relação ao J histórico; não que ele não fosse perdoá-los.

Já existem alguns estudiosos da Bíblia que percebem que meu Evangelho não é derivado dos Evangelhos do Novo Testamento, e que ele inclui algumas citações que foram expressas de maneira mais original e realista do que as citações similares nos Evangelhos Sinóticos posteriores. Esses estudiosos estão certos sobre esse ponto, embora algumas das citações que eles pensam serem verdadeiras não são, e, então, eles demoram a aprovar algumas poucas citações verdadeiras em meu Evangelho porque elas não têm a confirmação que as regras deles exigem.

Entretanto, se J ensinasse algo em particular, ou dissesse algo para um grupo muito pequeno de discípulos, por que isso necessariamente estaria nos Livros de Marcos, Lucas ou Mateus? Os autores desses livros não eram da nossa geração. Quarenta ou oitenta anos depois, eles simplesmente copiaram de Evangelhos de Citações anteriores, mantiveram o que gostavam e jogaram fora o que não gostavam, e depois acrescentaram a essa mistura essas histórias atraentes, rumores e especulações que se encaixavam em seu novo dogma religioso. Os primeiros Evangelhos, incluindo o meu, foram escritos em aramaico. Você não acha um pouco estranho que nenhuma cópia original completa das palavras de J em sua própria linguagem tenha sobrevivido ao crescimento do cristianismo? Você realmente acha que isso foi um acaso?

Incrivelmente, até mesmo os últimos Evangelhos foram modificados através dos próximos poucos séculos. O final de Marcos foi completamente modificado. As mudanças na teologia nunca terminaram. Você pensou que Arten estava exagerando quando disse que o cristianismo ainda estava sendo construído. Ele não estava. As pessoas não começaram a rezar para ele – Tadeu – como são Judas, até o século dezoito. Em relação ao aprendizado como você vê, não há nada de errado com a revelação contínua, mas o cristianismo pegou o que era realmente arte religiosa – O Novo Testamento – e tentou elevá-lo falsamente ao nível de verdade literal, absoluta. Não há nada errado em usar a arte como uma maneira de expressar o que é verdadeiro para o artista, mas a maioria das pessoas não iria ver “A Última Ceia” de Leonardo Da Vinci e tomá-la por um registro literal, absoluto, e uma pintura história de nossa última reunião antes da Paixão.

GARY: E você? Você está afirmando que está me contando a verdade absoluta?

PURSAH: Quando tivermos terminado com nossos encontros, vamos ter passado a você alguns ensinamentos que nos foram dados por J, que realmente expressam a verdade absoluta – que pode ser resumida em apenas duas palavras –, mas apenas experimentado por uma mente que foi preparada para ela. Eu já disse essas duas palavras, mas você não percebeu. Elas falam a verdade absoluta e total. Elas são a correção do universo. Conforme prosseguirmos, não vamos manter em segredo quais elas são e o fato de que representam uma escolha. Para que possa fazer as escolhas com competência, você vai ter que se tornar muito mais ciente das alternativas entre as quais está escolhendo.

GARY: Acho que isso é muito justo por enquanto. Você pode continuar.

PURSAH: Obrigada. Eu já disse que a cópia que restou do meu Evangelho foi modificada através dos anos, mas ela ainda continua como um exemplo mais realista do tipo de afirmações que foram feitas por nosso líder. Aquilo a que eu afetuosamente vou me referir de agora em diante como Tomé é um Evangelho de Citações Judaico-Cristão que antecedeu o Gnosticismo. O Gnosticismo era uma combinação de muitas filosofias anteriores misturadas com algumas das coisas que J disse, ou que as pessoas pensaram que ele disse. Sim, você certamente poderia dizer que J tinha o que poderia ser descrito como tendências gnósticas, mas elas não eram todas novas. Algumas dessas peculiaridades remontam a formas arcaicas de misticismo judaico.

Se você quiser ver um pouco da última teologia gnóstica, pode ler o Evangelho da Verdade, de Valentino, que é o máximo da literatura gnóstica. Você não vai entender uma parte da terminologia, mas vai ter uma idéia geral sobre o que algumas seitas gnósticas acreditavam. J até mesmo iria concordar com uma parte disso, e o mais importante seria que o mundo é como um sonho, e que Deus não o criou. Mas O Evangelho da Verdade foi escrito cento e cinqüenta anos depois da primeira versão do meu Evangelho, que cita alguns dos ensinamentos que realmente foram falados pelo J histórico. Eu digo alguns dos ensinamentos, e o chamo de primeira versão pelas razões que já lhe dei antes, mas as implicações de tudo isso não poderiam ser mais claras. O primeiro serviço que meu Evangelho desempenha é que o mundo pode finalmente ver por si mesmo que, conforme o cristianismo se tornou o cristianismo, ele possuía cada vez menos semelhança com o J histórico – nosso Messias, professor da sabedoria – e cada vez mais semelhança com uma figura apocalíptica construída a partir dos últimos Evangelhos.
O segundo serviço importante que ele desempenhou foi no tom geral dos próprios ensinamentos. J era do Oriente Médio, não do Mississipi. Sua abordagem era muito mais cuidadosa e oriental do que o tipo de dualismo intrínseco, afastado-da-mente do Ocidente. Essas influências ocidentais foram trazidas depois.

O terceiro serviço está no significado de algumas das próprias citações. Eu já disse que nós não compreendemos completamente a mensagem de J naquela época, mas Tomé realmente deu uma representação mais autêntica do tipo de coisas que J diria do que os outros Evangelhos. Eu vou lhe dar um tipo de versão padrão revisada por mim mesma para ajudá-lo a compreender um pouco dele aqui. Também, vou escolher apenas citações que realmente ouvi J dizer. Para os propósitos dessa discussão, vou escolher apenas algumas poucas. Não se esqueça de que nós temos outras coisas mais importantes para conversar. Isso apenas está destinado a ajudar a prepará-lo.
Dentre as cento e quatorze citações em Tomé, J realmente disse setenta delas, ou algo bem próximo disso. As outras quarenta e quatro são espúrias, uma palavra que a igreja gostou muito de usar para descrever todo o Evangelho. Com as contribuições que os estudiosos têm dado, a igreja não fala tão alto quanto costumava.

GARY: Desculpe, mas estou explodindo com mais uma pergunta que tenho que fazer.

PURSAH: Cuidado, garoto. Interrupções demais, e talvez tenhamos que inventar o Inferno de Dante para você.

GARY: Eu sempre ouvi falar sobre esse misterioso e hipotético Evangelho Q que os estudiosos acreditam que foi usado como uma fonte por todos os chamados Evangelhos Sinóticos – Mateus, Marcos e Lucas. Supostamente, esses três foram copiados da mesma fonte, e eu credito que você usou a palavra fontes. Seu Evangelho é o documento Q que estava faltando?

PURSAH: Como nós dissemos, não viemos aqui para tentar fazer uma contribuição para os estudos da Bíblia – não que um estudioso fosse ouvir uma fonte que não pudesse ser verificada de qualquer maneira. Se você precisa saber, vou lhe contar exatamente o que era o Q. Os Evangelhos de Mateus e Lucas realmente foram copiados dele, mas Marcos não. O escritor de Marcos tinha suas próprias fontes. E Q não era meu Evangelho, como os estudiosos já sabem, mas você pode ser desculpado por não saber.

GARY: O que era, então?

PURSAH: Depois da crucificação, o irmão de J, Tiago, geralmente chamado de Tiago o Justo, era o herdeiro legítimo de J aos olhos de muitos dos seguidores. Eles sabiam o quanto J o amava, e Tiago era um homem sincero e firme. Entretanto, ele também era muito conservador. Conservador não é exatamente a palavra que você usaria para descrever J, que era o radical dos radicais – não no temperamento, mas em seus ensinamentos.

Por essa razão, havia três seguidores de Tiago que, embora o respeitassem, decidiram preservar para a posteridade os ensinamentos que eles tinham ouvido pessoalmente J falar em público. Eles não acreditavam necessariamente que Tiago ou qualquer outro grupo fossem permanecer fiéis a alguns princípios surpreendentes que J havia articulado, então, eles reuniram um Evangelho de Citações intitulado simplesmente de Palavras do Mestre. Os escritores dos dois Evangelhos mais em voga na igreja mais tarde, usaram esse documento, agora citado como Q – depois de uma palavra alemã que significa fonte – para copiar citações para que pudessem combiná-las com suas histórias. Eles também copiaram de Marcos, o escritor que tinha usado um consenso de citações. O Evangelho de João foi escrito depois, quando a divisão entre as mais novas seitas e o judaísmo se tornou mais óbvia.

De modo interessante, várias cópias de Palavras do Mestre, assim como Tomé, sobreviveram em lugares variados por mais tempo do que você poderia imaginar. Não foi até por volta de 400 D.C. que houve um novo esforço, dirigido por santo Agostinho, para eliminar tudo o que não se adequasse às crenças oficiais da igreja. Seu ato de queimar livros teria deixado os nazistas orgulhosos, mas ele foi feito em nome de Deus, é claro. Ainda que Palavras do Mestre e Tomé não fossem gnósticos, eles foram destruídos juntamente com toda a literatura gnóstica existente. Afinal de contas, algumas citações não soavam muito de acordo com a igreja, então, deveriam ser heréticas! Se não fosse pela coleção de Nag Hammadi que foi descoberta enterrada perto do rio com meu Evangelho, o mundo nunca teria mais que alguns pequenos vislumbres sobre J.

Agora, vamos continuar com Tomé. Ele começa:

Existem três citações secretas que o J vivo falou e Didymus Judas Tomé registrou.

1. E ele disse, “Quem descobrir o significado interior destes ensinamentos não provará a morte”.

Eu vou usar os números agora, embora minha versão não tenha números, e essa citação tenha recebido o número “1” depois, porque as pessoas não tinham certeza se eu a tinha falado, ou se havia sido J. Tinha sido eu que a tinha falado e escrito, e supunha-se que ela era uma parte dessa breve introdução, não rotulada como uma citação de J. A palavra secretas simplesmente significa que muitas dessas citações foram faladas por J, tanto em particular quanto a um pequeno grupo de pessoas. Não significa que era a intenção dele esconder as coisas.

A pessoa não vai experimentar a morte porque, como já foi dito antes, J estava nos mostrando o caminho para a vida – significando que o que experimentávamos aqui na Terra não era vida, ainda que presumíssemos que fosse. Ele era o J vivo porque tinha alcançado a verdadeira iluminação – sua unicidade com Deus. Vivo nesse caso não se refere a ele estar em um corpo, ainda que parecesse que estava. É uma referência à ressurreição da mente, como citado antes – e também se refere a uma citação do meu Evangelho sobre a qual não vou falar até uma visita posterior. Também, a palavra vivo aqui não tem nada a ver com a ressurreição do corpo, ainda que J tenha aparecido a nós depois da ressurreição.

Eu quero lhe dar um breve esclarecimento agora sobre nomes, por uma razão; o nome de J não era realmente Jesus. Seu nome hebreu era Y’shua, embora nós raramente o chamássemos assim. Para nós, ele era o mestre; não que ele quisesse ser chamado de mestre ou de algo assim em particular, mas porque nós o reverenciávamos naquela época. A tradução do nome dele para o grego, e depois para o inglês, deveria ter terminado como Jeshua, não Jesus. Isso realmente não importa. O que é um nome? Um Cristo com qualquer outro nome não seria um?

GARY: Se realmente não importa, então porque vocês o chamam de J? Porque não Jesus ou Jeshua?

PURSAH: Por que não incluir os dois? Você não é judeu, mas algumas pessoas que vão ler seu livro são. Se eles ignorarem J, então estarão perdendo uma parte da sua herança.

Enquanto estamos falando sobre nomes, eu muitas vezes era chamado do que está traduzido aqui como Didymus, que significa gêmeo. Eu humildemente incluí essa parte do nome na introdução para que as pessoas soubessem quem eu era. Eu tinha uma semelhança fantástica com J. Na verdade, eu era regularmente confundido com ele. Existem aqueles que acreditam que eu realmente era gêmeo de J, mas isso não é verdade. Minhas desculpas àqueles que eu amo, e sinceramente acreditam nos Atos de Tomé, que foram escritos depois e eram gnósticos, e especificamente dizem que eu era gêmeo de J. Desnecessário dizer que alguns dos Atos de Tomé são verdadeiros e outros não, mas uma discussão completa sobre a minha vida como Tomé iria preencher a maioria das nossas visitas.

Entretanto, vou lhe dizer algo mais que apenas eu ou Tadeu poderíamos lhe dizer. Minha semelhança com J era tão grande que, quando eu ouvi que ele ia ser crucificado, quis trocar de lugar com ele para que pudesse ficar livre. Tadeu e eu tentamos chegar perto dele mais de uma vez – primeiro enquanto ele ainda estava preso, e de novo, depois que a procissão começou. Lamentavelmente para nós naquela época, a oportunidade de fazer uma troca nunca realmente se apresentou. Eu teria dado minha vida alegremente por J. Nós não saímos todos correndo feito loucos da cidade da maneira que foi apresentado pelas pessoas que nem mesmo estavam lá. Demorei até que J aparecesse a nós depois da crucificação para perceber que a coisa toda era uma lição que ele tinha escolhido ensinar. O mundo não entendeu a lição da crucificação de início, mas o processo de J ser um professor para o mundo não estava terminado – o que é algo que você, meu querido irmão, logo vai descobrir.

GARY: Ah, tenho anotado aqui que você disse antes que você e os outros discípulos cometeram o erro de dar grande significado ao corpo de J. Depois, você disse que você mesma pensou que a ressurreição era da mente e não tinha nada a ver com o corpo. Qual crença você realmente tinha? Ou você está apenas querendo me enganar aqui?

PURSAH: Muito bom. Nós o estamos desafiando, e não há nada errado em você nos desafiar de vez em quando. A resposta é que, naquela época, eu tinha ambas as crenças. Minha mente ainda estava dividida. Nós também dissemos que estamos falando com você agora com o benefício de um aprendizado posterior. Você terá uma idéia muito melhor sobre o que isso significa conforme continuarmos. Lá atrás, quando eu estava escrevendo esse Evangelho, compreendi intelectualmente muito do que J estava dizendo sobre a importância da mente, mas minha experiência – e isso era ainda mais verdadeiro em relação aos outros discípulos – era a de que nossos corpos, e especialmente o corpo de J, eram muito importantes.

A situação comigo então não era muito diferente da situação com você agora. Hoje em dia, você e seus amigos acreditam na existência de uma trilogia – corpo, mente e espírito. O “equilíbrio” de todos os três é importante em sua filosofia; mas você logo vai aprender ao invés disso, que a mente aparentemente separada, que faz e usa os corpos, precisa escolher entre a realidade eterna e imutável do espírito – que é Deus e Seu Reino – e o universo irreal e mutável dos corpos – o que inclui tudo o que pode ser percebido, quer você pareça estar em um corpo ou não. Isso é a pedra fundamental da mensagem de J. Ele realmente disse, como está escrito no que agora está classificado como citação número 47:

É impossível para um homem montar em dois cavalos, ou retesar dois arcos. E é impossível que um servo sirva a dois senhores, pois ele honra um e ofende o outro.

GARY: Você está dizendo que dar igual valor ao corpo, mente e espírito realmente contribui para que eu fique voltando aqui vezes sem conta como um corpo ao invés de ser livre?

PURSAH: Sim, mas isso não significa que você deveria negligenciar seu corpo. Estamos falando sobre uma outra maneira de olhar para ele. Para encerrar a questão sobre minhas crenças passadas, meu Evangelho meramente registrou coisas que J disse. Ao contrário dos escritores dos Evangelhos posteriores, eu não estava constantemente inserindo minha opinião. Portanto, Tomé não é tanto uma reflexão sobre meu nível de compreensão naquela época quanto um registro de algumas das idéias de J. Por exemplo, essas palavras são um excerto da citação 61:

Eu sou aquele que veio do que é inteiro. Eu vim das coisas do meu Pai. Portanto, eu digo que se alguém é inteiro, será preenchido com luz, mas, se alguém é dividido, será preenchido de escuridão.

Em outras palavras, para revisar um ponto anterior, você não pode ter ambos os caminhos. Você não pode ser um pouco inteiro, mais do que qualquer mulher não pode estar um pouco grávida. Sua lealdade precisa ser indivisa. Você precisa ser vigilante apenas por Deus. Esse estado mental não vem todo de uma vez; ele requer muita prática. Você não aprende nada de valioso da noite para o dia. Quanto tempo levou para você se tornar um bom guitarrista?

GARY: Eu pensei que era bom depois de alguns poucos anos. Mas, depois de dez anos, eu percebi que ainda estava me aperfeiçoando.

PURSAH: Você realmente acredita que atingir o mesmo nível que J é uma tarefa fácil?

GARY: Eu não tenho medo de praticar. Só gostaria de estar um pouco mais seguro de que estou no caminho correto.

PURSAH: Muito bom. Vamos continuar, e você pode segurar seu julgamento até ter mais informação.

GARY: Parece um bom plano.

PURSAH: Você não pode entender o quanto J, que agora está totalmente Identificado com o Espírito Santo, quer se unir totalmente a você. É por isso que ele disse, na citação 108:

Quem beber da minha boca tornar-se-á como eu. Eu mesmo me tornarei ele, e as coisas que estão ocultas ser-lhe-ão reveladas.

A união mística sobre a qual J está falando aqui é algo que acontece bem literalmente. As lições do perdão verdadeiro que permitem que isso aconteça não são para todos simultaneamente – elas são para aqueles que estão prontos para receber instrução individual.

Vou escolher a ti, um entre mil, e dois entre dez mil, e eles serão como um só.

É claro, J escolhe todos, o tempo todo. Mas quantos estão prontos para escutar? Como essa citação obviamente profetizou, as lições do Espírito Santo não serão ouvidas pelas massas. Mas aqueles que ouvem, que são os escolhidos, certamente serão como um só – pois é isso o que são. O Filho de Deus vai voltar ao Reino inteiro e completo, e no final, não haverá ninguém que não esteja conosco. O J oculto não pode perder.
Para vencer, entretanto, você precisa – como a citação número 5 coloca:

Reconheça o que está diante dos teus olhos, e o que está oculto a ti será desvelado. Pois não há nada oculto que não venha ser manifestado.

O que está à frente da sua face é a ilusão, e o Reino de Deus – que parece estar oculto – será revelado àqueles que aprendem com o Espírito Santo o caminho único do perdão de tudo o que está à frente deles, da maneira que J fez. Finalmente, você será um com ele, e não sobrará nada além da sua verdadeira alegria no Reino de Deus.

GARY: Isso tudo é bom e correto, Pursah – mas aqui, no reino da exploração, quando o mundo realmente está bem na sua cara, pode ser um pouco difícil continuar com o sorriso do Espírito Santo.

PURSAH: Não me diga. Eu estive aqui algumas poucas vezes, você se lembra? Eu garanto que nós não vamos lhe dar meras teorias. Você vai aprender maneiras muito práticas de lidar mentalmente com as situações que estão aparentemente diante de você. O resultado vai deixar você com o potencial de atingir a mesma paz de Deus que J. Nesse instante, você acredita que certas coisas têm que acontecer no mundo para você ser feliz. Conforme você atingir a paz de Deus, o resultado finalmente será a habilidade de reclamar seu estado natural de alegria não importando o que pareça estar acontecendo no mundo.
Pois, como você pode ver na citação 113, J estava ensinando que o Reino do Céu é algo que está presente, mesmo que atualmente você não esteja ciente disso.

Seus discípulos disseram-lhe, “Quando virá o Reino?”. Ele disse, “Ele não virá porque é esperado. Não é uma questão de dizer, ‘Eis que ele está aqui’ ou ‘Eis que está ali’. Na verdade, o Reino do Pai está espalhado pela terra, e os homens não o vêem”.

J não está dizendo aqui que o Reino do Pai está na terra. Na verdade, ele sabia que a terra estava em nossas mentes. Ele estava falando sobre algo que as pessoas não vêem porque o Reio do Céu não pode ser visto com os olhos do corpo, que só são capazes de ver símbolos limitados. O Céu não existe dentro do reino da percepção, mas é a forma genuína de vida da qual você finalmente ficará ciente.
Assim como a lagarta se torna a borboleta, você vai se tornar o Cristo – e será um com toda a verdadeira Criação. A ciência da sua unicidade com a Presença de Deus é sua porque Deus a deu a você. Você a esqueceu. Ainda assim, ela continua aqui, enterrada em sua mente. Existe uma maneira de lembrar. E, lembrando, você vai reclamar o que verdadeiramente é, e a que lugar realmente pertence. Nós viemos ajudá-lo – e, através de você, ajudar aos outros também.
Existem algumas citações em Tomé que são similares a citações do Novo Testamento, que J realmente nos ensinou. Vou falar brevemente de algumas delas para você.

26. Tu vês o cisco no olho do teu irmão, mas não vês a trave em teu próprio olho. Quando retirares a trave do teu olho, então verás claramente e poderás retirar o cisco do olho do teu irmão.

31. Nenhum profeta é aceito em sua cidade; nenhum médico cura aqueles que o conhecem.

36. Não vos preocupeis, de manhã até a noite, e de noite até de manhã, com o que vestireis.

54. Bem aventurados os pobres, pois vosso é o Reino do Céu.

Por favor, perceba que essas duas últimas citações não devem ser aplicadas ao nível físico. Elas são sobre não ficar mentalmente apegado às coisas. Elas não têm nada a ver com desistir fisicamente de nada. Se você acreditar que tem que dar algo, então, o está tornando tão real quanto se o cobiçasse. Isso também é verdade sobre a mais curta citação de J:

42. Tornai-vos passantes.

E eu vou lhe dar mais duas citações do Novo Testamento que vieram de Tomé:

94. Aquele que busca encontrará. E para aquele que bate, a porta será aberta.

95. Se tendes dinheiro, não o empresteis a juro, mas dai-o àquele de quem não o recebereis de volta.

Você ocasionalmente vai nos ouvir fazer uma referência a uma citação do Novo Testamento que realmente foi dita por J, mas o significado nem sempre será o mesmo para nós do que o modo com que você geralmente se acostumou a pensar sobre ela. Agora, vou lhe oferecer partes de mais algumas poucas citações de Tomé para lhe dar uma idéia do sistema de pensamento que J estava expressando, que é o sistema de pensamento do Espírito Santo.

11. Os mortos não estão vivos, e os vivos não morrerão.

22. Quando fizerdes dos dois um, e quando fizerdes o interior como o exterior, e o exterior como o interior, e o acima como embaixo, e quando fizerdes do macho e da fêmea uma só coisa, de forma que o macho não seja mais macho, nem a fêmea seja mais fêmea... então entrareis no Reino.

49. Bem aventurados os solitários e os eleitos, pois encontrareis o Reino. Pois viestes dele e para ele retornareis.

Você se lembra da história do Filho pródigo? Você vai voltar para casa outra vez, mas, para fazer isso, você precisar retraçar seus passos de volta para sua decisão original de ser separado de Deus. Pois, como J diz a seguir, o início e o fim – que são o Alfa e o Ômega – são realmente a mesma coisa:

18. Os discípulos disseram a J, “Diga-nos como será o nosso fim”. Ele disse, “Haveis, então, discernido o princípio, para que estejais procurando o fim? Pois onde estiver o princípio ali estará o fim. Feliz daquele que toma seu lugar no princípio: ele conhecerá o fim e não provará a morte”.

Existe mais uma citação que preciso explicar, porque ela tem sido assunto de muita especulação através dos anos – não apenas dos últimos cinqüenta anos, mas também nos primeiros quatro séculos de existência do Evangelho. Na citação 13, depois de falar para alguns de nós, J me pediu para ir com ele...

E ele o levou, se afastou, e disse três frases a ele. Quando Tomé voltou para junto dos seus amigos, eles perguntaram a ele, “O que J disse a ti?”. Tomé disse a eles, “Se eu contasse a vós as coisas que ele me disse, vós pegaríeis pedras e jogariam em mim, e o fogo viria das rochas e os consumiria”.

O fogo na última linha é a ira de Deus, e você deveria perceber que o apedrejamento era a punição tradicional judaica por blasfêmia, mesmo que não fosse usada com tanta freqüência quanto possa imaginar. Muitas pessoas se perguntaram o que J disse para mim naquela época. Até mesmo os escritores do Novo Testamento – que sentiam estar em competição com meu Evangelho – retrataram Pedro como sendo o aluno favorito de J ao invés de mim. Eu contei a você que eles me desprezavam. De qualquer forma, J não estava preocupado com sua própria segurança quando começou a falar blasfêmias. A razão pela qual ele me disse para não repetir suas afirmações era para me proteger. Essas são as três coisas que ele disse para mim naquele dia.

Tu sonhas com um deserto, onde as miragens são teus governantes e atormentadores, embora essas imagens venham de ti.

O Pai não criou o deserto, e teu lar ainda é com Ele.

Para voltar, perdoe teu irmão, pois só então irás perdoar a ti mesmo.

Dizer em público naquela época que Deus não criou o mundo poderia ter sido fatal para mim. Isso foi naquela época, e estamos no agora – e através da sua liberdade de expressão, todos esses princípios serão amplificados conforme continuarmos. O resultado será um sistema de pensamento que não é linear, mas holográfico – onde o todo é encontrado em cada uma das suas partes.

Eu poderia continuar por horas com Tomé, mas não vou. Como eu disse, ele não é o Santo Graal da espiritualidade. Além disso, nesse exato momento, existe um documento espiritual que se aproxima mais do que qualquer outro de expressar o que J realmente quer dizer. Existe uma excelente razão para isso, que é porque ele o ditou, palavra por palavra, para a pessoa que passou anos da sua vida escrevendo-o. Não existe opinião de nenhuma outra pessoa ali além de J. Ele não foi editado para agradar a nenhuma religião, nem modificado para atrair uma audiência genérica. Sua edição final foi dirigida por J através dessa mulher. Ao contrário de Tomé, ele é uma apresentação completa, assim como um treinamento abrangente. Ele não foi destinado a ser um manual de uma religião, ou um código de comportamento moral. Ele é um sistema de pensamento que propõe que se você cuidar da mente, tudo o mais vai se seguir naturalmente.

Felizmente, esse ensinamento, conhecido como Um Curso em Milagres, não foi projetado para trazer mais outra organização, obcecada em mudar o mundo dos sonhos, ao invés da mente do sonhador. Ele é um auto-estudo, uma metamorfose de cada pessoa em Cristo, que é feita no nível da mente entre você e J, ou entre você e o Espírito Santo, se você preferir pensar dessa maneira. Qualquer um deles vai funcionar. Isso o coloca na posição afortunada de poder aprender mais com o mestre do que poderia ter feito há dois mil anos – se você estiver preparado para usufruir dele. E ele realmente deveria ser chamado de mestre. Muito chamam assim a si mesmos, mas você não os vê saindo por aí curando os doentes e ressuscitando os mortos.

Existem coisas que as pessoas do mundo são capazes de compreender no alvorecer desse novo milênio, que simplesmente não eram capazes de compreender no passado. A mensagem de J não mudou, mas sua habilidade de compreendê-la mudou por causa de um panorama mais amplo do mundo e da mente. J só pode conduzir as pessoas, usando conceitos que elas possam compreender. No final, tudo exceto Deus é uma metáfora, mas existem ensino e aprendizado a serem feitos no meio tempo.

Eu lhe disse antes que as pessoas do mundo nunca vão viver em paz até que tenham paz interior. A paz interior e a verdadeira força são objetivos principais de Um Curso em Milagres, mas ele tem uma maneira única de executar isso dentro de você. O mundo vai mudar como um resultado disso, mas não é para isso que o Curso existe. Ele existe para você. Ele é um presente, mas também um desafio. Você algumas vezes vai ouvir pessoas dizendo que o Curso é simples, mas raramente vai ouvir alguém dizer que é fácil. O mundo vai parecer mudar para você de vez em quando, porque o Curso lida com a causa de tudo, ao invés de com os efeitos. E, o que é esse mundo além de um efeito? Isso certamente não é o que o mundo acredita – mas não há nada a se falar a respeito desse mundo.

ARTEN: Antes de irmos, queremos que você fique pronto para as próximas três semanas. Você será guiado em relação ao que deve fazer, e deveria lembrar de pedir orientação ao Espírito Santo quando tiver tempo. Seja prático. Você não tem que perguntar a Ele se está tudo certo em tomar uma xícara de café, a menos que isso seja um problema para você. Mas não tome decisões importantes por si mesmo, a menos que seja uma emergência e você não tenha tempo. Então, você automaticamente receberá orientação quando precisar.
Em relação à nossa próxima visita, voltaremos em vinte e um dias – e você tem trabalho a fazer nesse ínterim. Por favor, diga-me brevemente do que pode se recordar de quando sua mãe costumava ler para você a alegoria A Caverna, de Platão. Apenas me dê uma idéia geral sobre o que se lembrar.

GARY: Bem, era bem louco. Não tão louco quanto isto, mas... Eu me lembro de que havia homens presos em uma caverna, acorrentados de maneira tão firme que não podiam se mover o suficiente para virar suas cabeças, ou até mesmo seus olhos. Tudo o que conseguiam ver era a parede da caverna à frente deles. Eles ficaram lá por tanto tempo que aquilo era tudo o que podiam se lembrar; era tudo o que conheciam. Eles podiam ver sombras na parede à frente deles, e ouvir alguns sons. Pelo fato de aquilo ser tudo o que conheciam, eles pensavam que o que estavam vendo era a realidade. Era tudo muito sombrio, mas eles estavam tão acostumados com isso que pensavam que era normal, e se sentiam um pouco confortáveis com isso.

Finalmente, um dos prisioneiros consegue se libertar, e é capaz de olhar ao redor e ver que está em uma caverna. Ele também pode ver um pouco de luz vindo da direção da entrada. É preciso um longo tempo para seus olhos serem capazes de suportar a luz, mas, quando ele vai até a entrada da caverna, pode ver pessoas andando de um lado para o outro na estrada do lado de fora, e são as sombras delas que estão sendo projetadas na parede dentro da caverna.

Percebendo que os prisioneiros dentro da caverna não podem ver que o que seus olhos vêem não é verdadeiro, o prisioneiro libertado volta e tenta dividir seu conhecimento com eles. Eles estão tão acostumados ao seu modo de pensar, que realmente não querem ouvir o que aquele que está liberto tem a dizer. Na verdade, é bem o contrário, eles querem matá-lo. É como o que vocês estiveram me contando: As pessoas podem pensar que querem ser livres, mas realmente não querem abrir mão de seu próprio modo de olhar para as coisas.

ARTEN: Obrigado, Gary. Sua mãe está satisfeita. Para Platão, o liberto era seu mentor, Sócrates – que foi executado por ser forçado a beber veneno. Mas você poderia substituir o nome dele pelo nome de centenas de professores que já desafiaram outros a se elevarem acima do mundo. Muitos tiveram seus corpos assassinados no processo, embora isso realmente não importe. Pois, como Platão estava tentando dizer ao mundo com sua história, sua realidade não é nada do que você pensa que é.

Seria útil para você compreender que a realidade de J não é a mesma do mundo. Ele não está aqui, mas na ilusão, do mesmo modo como você acorda em sua cama depois de um sonho, e não está mais sonhando. De vez em quando, você pode experimentar o sonho como real, mas ele não é. Você pode querer trazer J ao seu sonho com você, mas ele tem uma idéia melhor. Ele quer que você acorde, para que possa estar com ele. Ele quer que você seja livre – fora do sonho completamente. Fora da caverna de Platão. Além de todos os limites e fronteiras.

Você sempre pensou que tinha que tentar com mais afinco ser uma pessoa mais amorosa, a fim de que pudesse exemplificar o amor de J. Isso não é verdade. Se você realmente quiser ser o perfeito Amor como ele e Deus, então, o que precisa fazer é aprender como remover, com a ajuda do Espírito Santo, as barreiras que colocou entre você e Deus. Então, você vai, natural e inevitavelmente, se tornar consciente do que realmente é.

Sua determinação admirável de remover o conflito de sua vida o tem colocado em um estado mental onde você está pronto para passar para a pista de alta velocidade. Um estado de mestria espiritual é seu a seu pedido – desde que você continue querendo aprendê-lo. Os ensinamentos de J que vamos compartilhar com você não são para todos – pelo menos não para todos de uma vez só na ilusão linear. Mas eles são para você. Você saberá disso por seu próprio reconhecimento. Se você não reconhecer isso, então, sinta-se livre para nos dizer a qualquer momento, e vamos parar de visitá-lo. Nós não estamos trazendo ordens de Deus a você. Você pode não querer acreditar nisso ainda, mas Deus não exige nada das pessoas. Você acha que é a vontade de Deus que está sendo encenada aqui, mas você e o mundo estão errados sobre isso. É algo mais que está sendo constantemente encenado aqui – isto é, sua aparente separação de Deus. Nós queremos ajudá-lo a voltar para sua realidade com Ele.

A aparente interação entre você e Deus é realmente uma interação dentro de sua própria mente inconsciente dividida – entre a parte de você que esqueceu sua realidade e a parte da sua mente onde o Espírito Santo habita. Ele nunca deixou você. Sua Voz, em relação à qual você vai aprender a se tornar vigilante, é sua memória de Deus – sua memória de seu verdadeiro lar. Essa Voz representa sua realidade esquecida por longo tempo. Agora você precisa aprender como escolher, como os prisioneiros na caverna de Platão, algo que você terá extrema resistência em escolher. Você precisa aprender como escolher entre o Espírito Santo, Que representa seu ser real, e a parte da sua mente que representa seu falso eu. E você vai aprender como fazer isso de tal maneira que sua mente inconsciente, por tanto tempo aprisionada, possa finalmente ser libertada. É literalmente impossível para você fazer isso por conta própria. Você certamente é livre para tentar. Se você se permitir ser ajudado, então muito tempo poderá ser economizado para você.

Então, como nós, você será um com o J oculto. Você raramente vai pensar sobre isso dessa maneira, mas esse será seu verdadeiro trabalho. Tudo o mais que você fizer para estar nesse mundo será apenas um disfarce. Seu verdadeiro trabalho de agora em diante é aprender, praticar e finalmente aplicar de maneira muito hábil a mesma arte de perdão avançado que J praticou. É assim que você vai ser levado de volta ao Reino de Deus pelo Espírito Santo.

Nesse momento, assim como o resto do mundo, você acredita que sabedoria é ter bom julgamento. Durante nossa próxima visita, vamos lhe dizer o que a sabedoria realmente é. De agora até nosso retorno, deixe o Espírito Santo dirigir sua mente. A cada dia, por pelo menos cinco minutos, pense sobre Deus e no quanto você O ama. Então, da mesma forma que fazia antes de nossa primeira visita, aquiete sua mente. Você vai descobrir, meu querido irmão, que águas serenas correm mais profundamente.

Assim como com muitas pessoas, tem havido épocas em sua vida em que você tem estado preocupado com a possibilidade de ir para o inferno. Você não percebe que já está lá. Existe uma antiga tradição hebraica que diz que o inferno é a distância de Deus, e o Céu é a proximidade Dele – um pensamento que é muito válido. Conforme sua mente for sendo guiada em direção à sua nova aventura, tente se lembrar que tudo o que você observa no universo da percepção tem um de dois propósitos entre os quais você pode escolher. Um propósito vai mantê-lo aprisionado, o outro vai libertá-lo. Se você escolher a interpretação do Espírito Santo sobre o que está vendo, então, vai descobrir, como J ensina na nova escritura:

... Tudo o que te é dado é para a liberação: a vista, a visão e o Guia interior, todos te conduzem para fora do inferno com aqueles que amas a teu lado e o universo junto com eles. (UCEM – LT – pág. 715)


Fonte: Cap. 2 do livro: O Desaparecimento do Universo
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