22 de janeiro de 2013

O “herói” do sonho




O corpo é a figura central no sonhar do mundo.

Não há sonho sem ele e nem ele existe sem o sonho no qual age como se fosse uma pessoa que se vê e na qual se acredita.

Ele ocupa o lugar central em todos os sonhos, que contam a história de como ele foi feito por outros corpos, nasceu para o mundo do lado de fora, vive um pouco e depois morre para ser unido, no pó, a outros corpos que morrem como ele.

No pequeno espaço de tempo que lhe é dado viver, ele busca outros corpos para serem seus amigos e seus inimigos.

A sua segurança é a sua preocupação principal.

Seu conforto é a regra que o guia.

Ele procura buscar prazer e voltar as coisas que poderiam feri-lo. Acima de tudo, procura ensinar a si mesmo que as suas dores e alegrias são diferentes e que pode distinguir umas das outras.

O sonhar do mundo toma muitas formas porque o corpo busca de muitos modos provar que é autônomo e real.

Ele coloca sobre si mesmo coisas que comprou com pequenos discos de metal e tiras de papel que o mundo proclama como valiosas e reais.

Trabalha para consegui-las, fazendo coisas sem sentido, e as joga fora em troca de coisas sem sentido das quais ele não precisa e nem mesmo quer.

Ele emprega outros corpos de modo que eles o protejam e coleciona ainda mais coisas sem sentido que possa chamar de suas.

Ele olha em volta procurando corpos especiais que possam compartilhar seu sonho.

Às vezes, sonha que é um conquistador de corpos mais fracos do que ele.

Mas em algumas fases do sonho, ele é o escravo de outros corpos que querem feri-lo e torturá-lo.

A série de aventuras do corpo, da hora do nascimento até à morte, é o tema de todos os sonhos que o mundo jamais teve.

O “herói” desse sonho nunca vai mudar e nem o seu propósito. Embora o sonho propriamente dito tome muitas formas e pareça mostrar uma grande variedade de locais e de eventos em que seu “herói” se encontra, o sonho tem apenas um propósito, ensinado de muitas formas.

Essa única lição é o que ele tenta ensinar uma e outra vez e ainda mais uma vez: que ele é causa e não efeito.

E tu és o seu efeito e não podes ser a sua causa.

Assim tu não és o sonhador, mas o sonho.

E assim vagas em vão, entras e sais de lugares e acontecimentos que ele inventa.

Que isso é tudo o que ó corpo faz é verdade, pois ele não é senão uma figura em um sonho.

Mas quem reage às figuras em um sonho a não ser que as veja como reais?

No instante em que ele as vê como são, elas não mais têm efeito sobre ele, porque compreende que foi ele que lhes deu os seus efeitos pelo fato de as causar e fazer com que parecessem reais.

Quanto estás disposto a escapar dos efeitos de todos os sonhos que o mundo jamais teve?

É teu desejo que nenhum sonho apareça como a causa daquilo que fazes?

Então, vamos simplesmente olhar para o início do sonho, pois a parte que tu vês não é senão a segunda parte, cuja causa está na primeira.

Ninguém que esteja dormindo e sonhando no mundo se lembra de seu ataque a si mesmo.

Ninguém acredita que houve, de fato, um tempo em que ele nada conhecia de um corpo e nunca poderia ter concebido esse mundo como algo real.

Ele imediatamente teria visto que essas ideias são uma única ilusão, ridículas demais para qualquer coisa exceto o riso que as despede.

Como elas parecem sérias agora!

E ninguém é capaz de se lembrar do tempo em que teriam sido recebidas com riso e descrença.

Podemos nos lembrar disso, se apenas olharmos diretamente para o que a causou.

Então veremos justificativas para o riso, e não uma causa para o medo.

Vamos devolver ao sonhador o sonho que ele deu aos outros, percebendo-o como algo separado de si mesmo e feito para ele.

Na eternidade, onde tudo é um, introduziu-se uma ideia diminuta e louca, da qual o Filho de Deus não se lembrou de rir.

Em seu esquecimento, esse pensamento passou a ser uma ideia séria, capaz de ser realizada e de ter efeitos reais.

Juntos, nós podemos rir dessas duas coisas, fazendo-as desaparecer e podemos compreender que o tempo não pode invadir a eternidade.

É uma piada pensar que o tempo pode vir a lograr a eternidade, que significa que o tempo não existe.

Uma intemporalidade na qual o tempo toma-se real, uma parte de Deus que pode atacar a si mesma, um irmão separado como inimigo, uma mente dentro de um corpo, são todas formas circulares cujo fim tem início no seu começo, terminando na sua causa.

O mundo que vês retrata exatamente o que pensaste que fizeste.

Exceto que agora pensas que o que fizeste, está sendo feito a ti.

A culpa pelo que pensaste está sendo colocada fora de ti e sobre um mundo culpado que sonha os teus sonhos e pensa os teus pensamentos em teu lugar.

Ele traz a sua vingança, não a tua.

Ele te mantém estreitamente confinado dentro de um corpo, que ele pune devido a todas as coisas pecaminosas que o corpo faz dentro do sonho do mundo.

Tu não tens poder para fazer com que o corpo pare com seus feitos maus, porque não o fizeste e não és capaz de controlar as suas ações, nem o seu propósito, nem o seu destino.

O mundo nada faz senão demonstrar uma antiga verdade: acreditarás que os outros fazem a ti exatamente o que pensas que fizeste a eles.

Mas, uma vez que tiveres embarcado na delusão de os culpar, não verás a causa do que fazem, porque queres que a culpa caia sobre eles.

Como é infantil o petulante mecanismo de manter a tua inocência empurrando a culpa para fora de ti, sem jamais deixar que ela se vá!

Não é fácil perceber a brincadeira quando, em tudo a tua volta, os teus olhos contemplam as pesadas conseqüências da culpa, mas sem as suas causas insignificantes.

Sem a causa, os efeitos parecem sérios e tristes, de fato. Mas são apenas decorrências. E é a sua causa que não decorre de nada, e não passa de uma brincadeira.

O Espírito Santo percebe a causa rindo gentilmente e não olha os efeitos.

De que outra maneira poderia ele corrigir o teu erro, já que absolutamente não olhaste para a causa?

Ele pede que tu lhe tragas cada efeito terrível para que possam olhar juntos para a sua causa tola e possas rir um pouco com Ele.

Tu julgas os efeitos, mas Ele julgou a causa.

E através do julgamento do Espírito Santo os efeitos são removidos. Talvez venhas em lágrimas. Mas ouve-O dizer: “Meu irmão, Filho santo de Deus, contempla o teu sonho vão, no qual isso poderia ocorrer.”

E deixarás o instante santo com o teu riso e o do teu irmão unidos ao Seu.

O segredo da salvação é apenas esse: tu estás fazendo isso a ti mesmo.

Seja qual for a forma do ataque, isso ainda é verdadeiro.

Seja quem for que se coloque no papel do inimigo e do agressor, isso ainda é a verdade.

Seja o que for que pareça ser a causa de qualquer dor ou sofrimento que sintas, isso ainda é verdadeiro.

Pois não reagirias de forma alguma a figuras de um sonho que soubesses que estavas sonhando.

Que elas sejam tão odientas e más quanto puderem, não poderiam ter nenhum efeito sobre ti, a não ser que tenhas fracassado em reconhecer que esse é o teu sonho.

Essa única lição aprendida te libertará do sofrimento, qualquer que seja a forma que ele tome.

O Espírito Santo repetirá essa única lição abrangente de libertação até que ela tenha sido aprendida, independentemente da forma do sofrimento que te traz dor.

Seja qual for o ferimento que tragas a Ele, Ele fará uma resposta com essa verdade muito simples.

Pois essa única resposta elimina a causa de qualquer forma de pesar e dor.

A forma não afeta em nada a Sua resposta, pois Ele quer te ensinar apenas a causa única de todas as formas, não importa quais sejam. E compreenderás que os milagres refletem a simples declaração: “Eu mesmo fiz isso e é isso que quero desfazer.”

Traze, então, todas as formas de sofrimento a Ele Que sabe que cada uma é como todo o resto.

Ele não vê diferenças onde não existe nenhuma e te ensinará como cada uma é causada.

Nenhuma tem uma causa diferente de todo o resto e todas são facilmente desfeitas por apenas uma lição verdadeiramente aprendida.

A salvação é um segredo que só escondeste de ti mesmo.

O universo proclama que é assim.

No entanto, não prestas a menor atenção às testemunhas do universo.

Pois dão testemunho de algo que não queres saber.

Elas parecem manter isso em segredo, escondido de ti.

Entretanto, só precisas aprender que apenas escolheste não escutar, não ver.

Como perceberás o mundo de forma diferente quando isso for reconhecido!

Quando perdoares o mundo pela tua culpa, estarás livre dela.

A inocência do mundo não requer a tua culpa e nem a tua inculpabilidade se baseia nos seus pecados. Isso é o óbvio: um segredo que não está oculto para ninguém, só para ti mesmo.

E é isso que tem te mantido separado do mundo e mantido o teu irmão separado de ti.

Agora, precisas apenas aprender que ambos são inocentes ou culpados.

A única coisa impossível é que um não seja como o outro, que as duas afirmações sejam verdadeiras.

Esse é o único segredo ainda a ser aprendido.

E o fato de estares curado não será nenhum segredo.

[A cura do sonho-UCEM]
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Cuide Bem de Você!!!
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21 de janeiro de 2013

Não há nada lá fora...

Não há nada lá fora, realmente...
 
Ontem, na avenida aqui, ao descer uns degraus sofri uma queda no último deles, levantei-me em seguida, aparentemente nada sério, se não fosse a forte dor que tive, pois bati a perna (canela, no osso)... percebendo uma dor muito forte, eu me sentei em uma cadeira que havia ali bem próximo, um Café... já sentada, a dor começou a aumentar mais e me dou conta que eu estava perdendo os sentidos, ou seja, em vias de desmaiar mesmo... Não querendo apavorar minha mãe que estava comigo, tentei baixar a cabeça, mas não deu certo e a levantei novamente e a partir disto, não vi mais nada... Então, acredito que poucos minutos depois voltei e me dei conta que pessoas conversavam e uma delas fazia contagem de batimentos de meu pulso... ouvindo o que elas falavam, queriam me levar ao PS local e eu tentei falar que não era necessário, mas percebi minha voz enrolada e fiz sinal de não com a mão... resumindo, fiquei bem logo depois...
Agora vendo este vídeo me veio confirmações sobre o meu desmaio de ontem. Pois, esta manhã eu tinha chegado a conclusão de que eu simplesmente NÃO EXISTO... Bem, difícil colocar em palavras isto que vivenciei, mas é algo muito libertador!!! E ainda no dia de hoje me deparo com este vídeo do Mooji e  foi muita risada, porque rir diante do absurdo que criamos, é a única coisa que não podemos deixar de fazer...

Como diz a amiga Lily no texto abaixo sobre a minha experiência: 

“...Tem que ter curtido um pouco o Curso para vivenciar certos conceitos Super-Extrapolados e Verdadeiros,  que não podem ser compreendidos através da mente consciente e sim, e apenas, através da entrega e da experiência.”
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“Na eternidade, onde tudo é um, introduziu-se uma ideia diminuta e louca, da qual o Filho de Deus não se lembrou de rir.”  (UCEM) 


Quando coloquei essa frase em comentários no Google+ com amigos como uma ideia, em relação a parte de um artigo... minha amiga Lily fez estas observações, que adorei e compartilho aqui:


“Maravilhosa! É a síntese de todo o Curso, Lenarus! Eu levo a sua ideia no meu coração sempre, e facilito: "O Filho de Deus 'caiu' quando se esqueceu de rir", pois eu acho que 'ideia diminuta e louca' é muito 'uau' para a maioria das pessoas. Algumas até se assustam...

Tem que ter curtido um pouco o Curso para vivenciar certos conceitos Super-Extrapolados e Verdadeiros,  que não podem ser compreendidos através da mente consciente e sim, e apenas, através da entrega e da experiência. 


O Curso em Milagres foi feito, principalmente, para favorecer e facilitar esta entrega à Causa Divina. 


Cada um escolhe e decide ser Professor de Deus...


O Pai decide quando.


A transformação Daquele que escolheu é repentina e sem volta. Graças a Deus! 


E o melhor é que não temos que sacrificar nada  por isto! 


Muito pelo contrário, pois tudo que necessitas para cumprir bem com o seu papel lhe é fornecido. 


E onde você tem que expandir sua Luz, os Grandes Raios brilhantes, lá estará, e só resta agradecer. Muitas bênçãos e cada vez mais! 


E, para mim, esta frase do UCEM completa a outra: "Os 'sonhos felizes' não são verdadeiros por serem sonhos, mas sim por serem felizes!" Demais!


Pois o Filho de Deus Feliz não consegue julgar, separar...


O Filho de Deus Feliz só consegue Liberar, Entregar e Amar...


Quando a gente ri se sente Conectada e, dá até para sentir o Pai rindo de volta e 'dizendo':  "Desvendou a charada! Parabéns!"


Grata Lily pela contribuição!
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28 de dezembro de 2012

21.12.12: O QUE ATIVOU NO CÉREBRO REPTILIANO???

Depois de cinco dias temos a seguinte situação: A catarse global está em andamento, mas a resistência aumentou. A informação de cura e transformação está penetrando profundamente na psique mundial. O ego das pessoas que estão dentro do paradigma atual não entende o que está acontecendo e não quer ceder nada do território que já conquistaram. Isto é, o mundo todo. O paradigma do cérebro reptiliano é baseado na conquista de mais e mais poder.

Vocês podem notar isso em todo o planeta. Desde o mais alto nível até a mais ínfima aldeia. Basta que vocês façam uma simples experiência de crescer um pouco, em qualquer nível ou área, e sentirão a oposição dos que já estão no poder. Alguns podem chamar isso de competição, mas competição é um conceito que permite a diversidade de opiniões e culturas. O que acontece é o contrário. A supressão de qualquer diversidade não é competição. É uma eliminação de qualquer oposição ao domínio supremo do cérebro reptiliano.

Experimente na sua área de atividade, seja ela qual for, desenvolver uma nova técnica, produto, serviço, diversidade cultural, e verá a reação dos demais. Em todos os níveis. Algumas pessoas dirão que as pessoas são conservadoras. Isso é apenas uma desculpa. Na verdade não se aceita a mudança para melhor.

Fala-se de mudança, mas não se explica mudar para que? O que será colocado no lugar do antigo? Essa é uma estratégia de marketing muito eficiente. Fala-se de mudança, mas não se explica nada mais. Só que quando a pessoa acredita nisso e faz alguma coisa nova, ela imediatamente sente a reação contrária para erradicar qualquer tentativa de mudar a situação.
O status quo.

Some-se a isso a tendência das pessoas à auto-sabotagem e teremos a receita perfeita de um mundo completamente avesso à evolução. Só há evolução no que respeita aos interesses do cérebro reptiliano. Mais poder. É por isso que você vê o grande avanço que há na eletrônica e informática, e praticamente nada nas outras áreas do conhecimento.

Se pegarmos a taxa de crescimento da eletrônica, veremos que é exponencial, mas na mecânica por exemplo, nem de longe chega perto. E isso acontece em todas as áreas. Veja o progresso na miniaturização dos chips. Dos circuitos integrados. Isso mostra que quando interessa o avanço é enorme e quando não interessa ficamos na Idade Média.

Para que haja evolução é preciso que o que já existe seja avaliado e revisto. Analisa-se profundamente o que somos e adotamos uma nova atitude ou paradigma, que promova mais evolução. Isso em psicanálise chama-se catarse. Um conteúdo profundo do inconsciente é deixado vir à tona para o consciente, para ser trabalhado, analisado, elaborado e assimilado; gerando uma nova visão de mundo e novo crescimento para a pessoa. Isso vale para as empresas, países e instituições. Quaisquer que sejam. Esse é um processo inevitável para se ter crescimento e evolução.

O contrário é a estagnação. E estagnação é decadência e morte.
A tendência de fazer o menor esforço é um problema seriíssimo quando se fala de catarse e evolução.


Esse menor esforço é em todas as áreas: intelectual, emocional, profissional, etc. Ignorar o que acontece no mundo colocando o foco apenas nos divertimentos e interesses profissionais imediatos é o puro suicídio coletivo. Um amigo meu formado a mais de 30 anos comentou que um colega não lê nada sobre a profissão desde que se formou. Como se classifica isso? Zona de conforto, auto-sabotagem, o que? E esse caso é uma pessoa numa profissão técnica. Essa pessoa está 30 anos defasada em relação aos colegas e à ciência da sua especialidade.

Agora, imagine mais de 7 bilhões sem saber nada sobre a maior descoberta da ciência. A descoberta mais fundamental da ciência, que é a Mecânica Quântica, é ignorada pela quase totalidade dos seres humanos. A descoberta que muda tudo, que muda a visão de mundo da Idade Média é ignorada, que provocaria uma revolução em todas as outras ciências é ignorada, que provocaria uma reavaliação de todas as concepções espirituais da humanidade é ignorada. Por que?

Porque muda todo o status quo. Muda tudo que está estabelecido. Portanto, para o que está estabelecido não importa a evolução e o crescimento. Só a manutenção do que já existe. A questão que está colocada agora é que isso não é mais possível. O tempo da estagnação, da Idade Média acabou. Levamos milênios para chegar aqui. Incontáveis pessoas morreram e sofreram por causa da manutenção do status quo. Em função dos que impediram a evolução.

Quando a pessoa entra num processo mental de fuga para dentro de si mesmo, num delírio sem fim, somente uma força externa pode mudar isso e tira-lo deste afundamento perpétuo em direção à loucura. Da mesma forma nas civilizações acontece o mesmo.

Somente uma força externa pode evitar a auto-destruição. A informação que está entrando agora no planeta depois de 21 de dezembro de 2012 é a energia que salvará a humanidade da auto-destruição.

É inevitável que haja resistência, mas resistir é inútil. Só causará mais sofrimento para quem resiste. Que cada um analise como está reagindo à mudança que está sentindo na frequência do planeta. E perceba se está aceitando a mudança ou resistindo. Sinta o que está sentindo. Essa é a chave para saber de que lado está em relação à evolução do planeta.


Ou não sentiram a gigantesca mudança de vibração que está em andamento?

HELIO COUTO
O que vc pensa é uma frequência
O que sente é uma frequência.....
http://www.youtube.com/watch?v=4r-yIhDzImk&feature=share
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Parabéns Helio Couto, excelente!!!!
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24 de dezembro de 2012

Natal: um mito cristão verdadeiro




Leonardo Boff*

Há poucas semanas, com pompa e circunstância, o atual papa mostrou-se novamente teólogo ao lançar um livro sobre a Infância de Jesus. Apresentou a versão clássica e tradicional, que vê naqueles relatos idílicos uma narrativa histórica. O livro deixou os teólogos perplexos, pois a exegese bíblica sobre estes textos, já há pelos menos 50 anos, mostrou que não se trata de um relato histórico, mas de alta e refinada teologia elaborada pelos evangelistas Mateus e Lucas (Marcos e João nada falam da infância de Jesus) para provar que Jesus era de fato o Messias, o filho de Davi e o Filho de Deus. Para esse fim, recorrem a gêneros literários que se apresentam como histórias mas que de fato são recursos literários, como, por exemplo, os magos do Oriente (representando os pagãos), os pastores (os mais pobres e considerados pecadores por estarem às voltas com animais), a Estrela e o anjos (mostrando o caráter divino de Jesus), Belém que não seria uma referência geográfica mas um significado teológico, lugar de onde viria o Messias, diferente de Nazaré, totalmente desconhecida, onde Jesus provavelmente teria nascido de fato. E assim outros tópicos como  detalhadamente analiso em meu Jesus Cristo Libertador (capitulo VIII).

Podemos dizer que face aos relatos tão comovedores do Natal estamos diante de um grandioso mito, entendido positivamente como os antropólogos o fazem: o mito como a transmissão de uma verdade tão profunda que somente a linguagem mítica, figurada e simbólica é adequada para expressá-la. É o que o mito faz. O mito é verdadeiro quando o sentido que quer transmitir é verdadeiro e ilumina toda a comunidade. Assim o Natal é um mito cristão cheio de verdade.

Nós hoje usamos outros mitos para mostrar a relevância de Jesus. Para mim é de grande significação um mito antigo, que a Igreja aproveitou na liturgia do Natal para revelar a comoção cósmica face ao nascimento de Cristo. Ai se diz: ”Quando a noite estava no meio de seu curso  e fazia-se profundo silêncio: então as folhas que farfalhavam pararam como  mortas; então o vento que sussurrava, ficou parado no ar; então o galo que cantava parou no meio de seu canto; então as águas do riacho que corriam se paralisaram; então as ovelhas que pastavam ficaram imóveis; então o pastor que erguia o cajado para golpeá-las ficou petrificado; então nesse momento tudo parou, tudo silenciou, tudo se suspendeu porque nasceu Jesus, o salvador da humanidade e do universo”.

O Natal nos quer comunicar que Deus não é aquela figura severa e de olhos penetrantes para perscrutar nossas vidas. Não. Ele  surge como uma criança. Ela não julga; só quer receber carinho e brincar.

Eis que do presépio me veio uma voz que me sussurou: ”Oh, criatura humana, por que tens medo de Deus? Não vês que sua mãe enfaixou seu corpinho frágil? Não percebes que ela não ameaça ninguém? Nem condena ninguém? Não escuta o seu chorinho doce? Mais que ajudar, ela precisa ser ajudada e coberta de carinho; não sabes que ele é o Deus-conosco-como nós?”. E ai já não pensamos mais mas damos lugar ao coração que sente, se compadece e ama. Poderíamos fazer outra coisa diante de uma criança, sabendo que é o Deus humanado?

Talvez ninguém tenha escrito melhor sobre o Natal que o poeta português Fernando Pessoa: ”Ele é a eterna criança, o Deus que faltava. Ele é o divino que sorri e que brinca. É a criança tão humana que é divina”.

Mais tarde transformaram o Menino Jesus no São Nicolau, no Santa Claus e, por fim, no Papai Noel. Pouco importa, porque, no fundo, o espírito da bondade, da proximidade e do Presente divino está lá. Acertado foi o editorialista Francis Church, do jornal The New York Sun, de 1897, respondendo a uma menina de 8 anos, Virgínia, que lhe escreveu: “Prezado editor: me diga de verdade, o Papai Noel existe?”. E ele sabiamente respondeu:

“Sim, Virgínia, Papai Noel existe. Isto é tão certo quanto a existência do amor, da generosidade e da devoção. E você sabe que tudo isto existe de verdade, trazendo mais beleza e alegria à nossa vida. Como seria triste o mundo se não houvesse o Papai Noel! Seria tão triste quanto não existir Virgínias como você. Não haveria fé das crianças, nem a poesia e a fantasia que tornam nossa existência leve e bonita. Mas para isso temos que aprender a ver com os olhos do coração e do amor. Então, percebemos que não há nenhum sinal de que o Papai Noel não exista. Se existe o Papai Noel? Graças a Deus, ele vive e viverá sempre que houver crianças grandes e pequenas, que aprenderam a ver com os olhos docoração”.

Nesta festa, tentemos olhar com os olhos do coração, pois todos fomos educados a olhar com os olhos da razão. Por isso somos frios. Hoje vamos resgatar os direitos do coração: deixar-nos comover com nossas crianças, permitir que sonhem, e nos enchermos de estremecimento diante da Divina Criança que sentiu prazer e alegria ao decidir ser um de nós.

* Leonardo Boff, teólogo e filósofo, é escritor. -  lboff@leonardoboff.com

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