Na Terra. Dentro de nós. Representado pela Inspiração. A casa em questão está quase sempre ocupada pelas Memórias, muitas delas repetitivas. Mas a Inspiração, entrando, tomando conta, mesmo que por breves instantes, muda nossa casa interior. E a exterior também. Para melhor.
Proposta do Ho’oponopono. Visa nosso subconsciente, atribulado, por via de regra. Cheio de recordações. Preocupações atuais. Projetos mil. Quase sempre um tsunami mental. Até quando? Mente se agitando, vida se indo...
Onde Huna menciona unihipili, uhane e Aumakua como partes da mente, o Dr. Hew Len, psicólogo havaiano, distingue quatro: a Mente Subconsciente e a Consciente compondo a Alma, esta última ligada à Mente Supra-Consciente e à Inteligência Divina.
No Subconsciente, está o alicerce da mente: o Vazio, ou Zero. O Dr. Len o chama o alicerce da Identidade Própria. O Vazio é um estado precursor; ele recebe as Inspirações da Inteligência Divina – recebe, sim, quando este Vazio não está ocupado – como de praxe – pelas Memórias repetitivas..
Quem costuma comandar o espetáculo são as Memórias. Deslocam do lugar o Vazio da Identidade Própria e impedem a entrada das Inspirações.
Só uma ou outra – Inspiração ou Memórias – podem ‘estar no comando’ da Mente Subconsciente. A saída: limpeza das Memórias por transmutação da Inteligência Divina, a pedido da Mente Consciente. Resultado: solução dos problemas humanos.
Inovador: a Mente Consciente sabe que é 100% responsável por essas Memórias, e que tem de pedir para elas serem transmutadas. Pedido atendido: a energia transmutadora neutraliza as Memórias na Mente Subconsciente. As energias, neutralizadas, deixam um vazio.
Este processo não lembra o desenho da clave do sol na escrita musical?
O Dr Len vai além: ‘Todas as experiências da vida são expressões de memórias se repetindo e Inspirações. Depressão, pensamento, culpa, pobreza, ódio, ressentimento e aflição são... ‘frentes de lamentações’, como o bardo Shakespeare dizia em um dos seus sonetos’.
E mais: ‘A mente Consciente tem escolha: iniciar uma incessante limpeza ou permitir às memórias repetir problemas incessantemente’.
Isso não lembra ao ‘orai sem cessar’ de Jesus? Não é a visão do homem como um ser divino por natureza, um sujeito artífice de sua salvação? Tendo a chance do toque redentor da Divindade? Do Senhor ocupando um espaço no interior do homem? É, sim, Deus à procura de casa – dentro de nós.
Consertador divino. Se olharmos para o que a médium Varda Hasselmann vem a dizer sobre os Arquétipos da Alma, Ihaleakala Hew Len é uma das pouquíssimas almas antigas (só 4 % da população mundial): ‘Para a alma antiga, religião significa essencialmente uma negação das velhas formas de crença e dogma. A fé é substituída pela consciência’.
‘Ela (a alma antiga) procura pelo fator de união, pelo fator que abrange tudo, Ela sente o principio divino em si mesma’.Ela busca por ligações com o todo e acha as pontes para obter as forças a que se entrega confiante’.
Isso torna compreensível a imagem de Deus do Dr. Len de um exímio ‘consertador divino’ dos problemas humanos, sempre pronto a atender pedidos terrestres: transmutar memórias repetitivas e, em troca, infundir inspiração.
A constatação de Varda levanta outra questão: se apenas 4 % da humanidade atual (as almas antigas) tendem a esse tipo de crença, cá dê os restantes 96 %? E das crenças noutras épocas, em noutras regiões? E as instituídas por outros messias? Artigos de fé assaz tão divergentes, que um Ralph Waldo Emerson chegou a sentenciar: 'A religião de uma era é o entretenimento literário da seguinte’.
Decerto, não convêm dar ouvidos a críticos, tipo Richard Dawkins, quando se deleita no exagero: ‘O Deus do Antigo Testamento é talvez o personagem mais desagradável da ficção: ciumento, e com orgulho, controlador mesquinho, injusto e intransigente; genocida étnico e vingativo, sedento de sangue e perseguidor misógino, homofóbico, racista, infanticida, filicida, pestilento e megalomaníaco, sadomasoquista, malévolo’.
Nem parece estar falando de um deus! Claro, imagens de Deus são também produto da cultura reinante. Até pode se aventar que houve tantas humanidades quanto religiões que as moldaram. Por isso, trazer à tona hoje, como diz Gore Vidal, ‘um texto bárbaro da Idade do Bronze conhecido como Antigo Testamento’, mostra um Dawkins erudito porem sectário – e intelectualmente desonesto.
Bem mais sadias e abrangentes são as revelações da médium americana Jane Roberts, no capitulo religioso de Seth Speaks (1972): ‘Em nenhum momento, uma determinada igreja será capaz de expressar as experiências interiores de todos os indivíduos’.
E mais adiante: ‘O Islamismo foi justamente tão violento porque o Cristianismo foi tão manso em sua natureza. Não é que o Cristianismo carecesse de acréscimos de violência, nem que o Islamismo dispensasse todo amor’.
Ao canalizar as revelações de Seth, Jane Roberts aborda outro ponto: ‘Naturalmente, os deuses atingem realidade física. Portanto, eu não quero negar-lhes uma realidade, senão apenas definir até certo grau a natureza dessa realidade. Com ressalvas, está certo dizer: Sedes cuidadosos com a escolha de vossos deuses, já que há influências mútuas’.
‘Ora, uma aliança desse tipo cria campos magnéticos. Um homem que se liga a um dos deuses, se liga forçosamente em primeiro lugar a sua própria projeção. Algumas são em vosso sentido criativas e outras destrutivas, se bem que raramente as últimas se reconhecem como tais’.
Então, quais memórias limpar? No e-book Ho’oponopono de Al McAllister, o Dr. Len esclarece: ‘Ho’oponopono significa amar-se a si mesmo. Pode melhorar sua vida curando sua vida. Se deseja curar alguém, mesmo um criminoso mentalmente doente, faça-o curando a si mesmo’.
‘Ao fazer o Ho’oponopono, pede a Deus, a Divindade, limpar, purificar a origem destes problemas, que são as recordações, as memórias. Assim neutraliza a energia que associa a determinada pessoa, lugar ou coisa. No processo, esta energia é libertada e transmutada em pura luz pela Divindade’.
‘No momento que nota dentro de si algum incômodo em relação a outra pessoa, lugar, acontecimento ou coisa, inicie o processo de limpeza, peça a Deus: ‘Divindade, limpe em mim o que está contribuindo para este problema’.
‘Limpar visando um resultado não funciona, afirma o Dr. Len. Mas quando limpa por limpar, pode ser agradavelmente surpreendido pelo que a Divindade escolher como resultado para você. Isso libera a Mente Consciente de ter de decidir o que deve ser limpo ou não’.
‘Como não estamos cientes de quais memórias limpar, é preciso pedir a Divindade – que está ciente. Só ela pode cancelá-las. É a Divindade que está orquestrando os eventos – nosso trabalho é estar em paz’.
‘Ho’oponopono é o processo de se pedir e permitir à Divindade – que criou tudo e sabe tudo – cancelar as memórias que vivenciamos como problemas e substituí-las pela Inspiração’.
Deus vir a ocupar nossa casa interior é o ato de amor ao homem.
por Jens Federico Weskott - jweskott@uol.com.br
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