23 de fevereiro de 2012

A águia e a galinha.

A águia e a galinha. (Leonardo Boff)

Ao ler a obra você vai se confrontar com duas dimensões fundamentais da existência humana: a dimensão do enraizamento, do cotidiano, do limitado, que seria o símbolo da galinha e a dimensão da abertura, do desejo, do ilimitado, o qual seja o símbolo da águia. A partir disso o autor nos questiona em como equilibrar essas duas dimensões. E como impedir que a cultura da homogeneização afogue a águia dentro de nós e nos impeça de voar...

A história da águia e a galinha evoca dimensões profundas do espírito, indispensáveis para o processo de realização humana: o sentimento da auto estima, a capacidade de dar a volta por cima nas dificuldades quase insuperáveis, a criatividade diante de situações de opressão coletiva que ameaçam o horizonte da esperança.

Mas não podemos nos limitar a sermos somente galinha ou somente águia. Como galinhas somos seres concretos e históricos, mas jamais devemos esquecer nossa abertura infinita, nossa paixão indomável, nosso projeto infinito, nossa dimensão águia. Se não buscarmos o impossível (a águia) jamais conseguiremos o possível (a galinha).

Cada ser humano tem uma estrutura básica que se manifesta mais como a águia em alguns, mais como a galinha em outros. Cada um precisa escutar essa natureza interior, captar a águia que se anuncia ou a galinha que emerge. Após escutá-las, importa usar a razão para ver claro e o coração para decidir com inteireza. Somente assim se conquistará a promessa de um equilíbrio dinâmico...

história da águia e da galinha nos evoca o processo de personalização pelo qual todo ser humano passa. Não recebemos a existência pronta. Devemos construí-la progressivamente. Há uma larga tradição transcultural que representa a caminhada do ser humano, homem e mulher, como uma viagem e uma aventura na direção da própria identidade.

Recusamo-nos a ser somente galinhas. Queiramos ser também águias que ganham altura e que projetam visões para além do galinheiro. Acolhemos prazerosamente nossas raízes (galinha), mas não à custa da copa (águia) que mediante suas folhas entra em contato com o sol, a chuva, o ar e o inteiro universo. Queremos resgatar nosso ser de águias. As águias não desprezam a terra, pois nela encontram seu alimento. Mas não são feitas para andar na terra, senão para voar nos céus, medindo-se com os picos das montanhas e com os ventos mais fortes...

(Trechos da resenha)

Cuide bem de você...
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