14 de março de 2012

A plenitude está próxima, não longe

Há um mapa da consciência humana que é tido como verdadeiro em todas as tradições. Nesse mapa, um Deus eterno tem o papel de fonte da criação. Mesmo quando a palavra "Deus" não é usada, como acontece no budismo, há um estado sem divisão; ele é um todo; contém tudo de visível e invisível. O estado indivisível de Ser, então, divide a si mesmo entre os aspectos visíveis e invisíveis da criação. Fora de si mesma, a unidade cria o plural. Você pode imaginar o mapa como um círculo, com um ponto no centro. O ponto representa Deus como fonte, que é menor que a mais minúscula das partículas. O círculo também representa Deus, mas um Deus como o uni­verso manifesto, que é maior que a mais gigantesca das coisas.

Mas, para que o mapa tenha precisão, você precisa ver o círculo em constante expansão, como o universo após a grande explosão. Porém, ao contrário do cosmos físico, Deus se expande em velocidade infinita, em todas as direções, isso significa um potencial ilimitado do Ser, uma vez que este entra em criação. Até então, o mapa pode ser visto como esotérico, e muitas pessoas não veriam tanto valor prático nele. (Uma vez, uma mulher me disse que sentia repulsa pelas palavras "uno" e "todo", quando aplicadas a Deus. Para ela, essas pa­lavras eram como ser engolida por um mar vazio, um vácuo divino.) Nossas mentes não conseguem alcançar a expansão infinita em todas as direções. Mas torne o mapa pessoal. Veja sua fonte como um ponto, enquanto seu mundo inteiro é o círculo em expansão. Quanto mais você vê, entende e expe­rimenta, maior fica o círculo. No entanto, ele está sempre se expandindo a partir da fonte. Isso significa que a fonte nunca está longe. E uma constante.

Quando você tiver a experiência de ser a própria fonte e seu mundo, ao mesmo tempo, você se tornará pleno. A razão para que a fonte pareça estar longe é que você se identificou com todas as coisas separadas em seu mundo, negligenciando a origem criativa que torna tudo possível. (É como esquecer sua mãe enquanto está crescendo. Não há esquecimento que apague o fato de você ter tido uma mãe, que foi sua fonte.) Não é possível perder inteiramente a ligação com a fonte, porque ela é feita da sua consciência. Saber que está vivo significa que você está ligado à consciência. Isso faz a ligação parecer passiva, embora não seja. Por meio dessa ligação é que fluem todos os pensamentos que você já teve. Também há um lado silencioso da consciência que trabalha para mantê-lo vivo, fi­sicamente. Seu coração sabe o que seu fígado está fazendo, não em palavras, mas através das mensagens codificadas em substâncias químicas e sinais elétricos. Seu corpo requer uma infinidade de reações a serem coordenadas, dentre centenas de bilhões de células. Esse é um aspecto da consciência que nunca ganha voz, mas sua inteligência ultrapassa a de qual­quer gênio.

Gente comum se preocupa que Deus possa estar tão longe que Ele tenha se esquecido de nós, enquanto entusiastas reli­giosos crêem fervorosamente que Deus está perto em todos os momentos. As duas visões derivam da dualidade, já que perto é o oposto de longe. Mas imagine a cor azul. Antes de vê-la em sua mente, a cor estava perto ou longe de você? Diga a palavra "elefante" para si mesmo. Antes de surgir à mente, o seu vocabulário estava longe ou perto? Usamos a consciência por motivos individuais, a serviço do "eu e meu", porém, você pode se localizar no tempo e no espaço sem conseguir localizar sua consciência. Não há distância entre você e uma lembran­ça, você e o pensamento seguinte. Partindo da perspectiva da plenitude, já que tudo está sendo coordenado de uma só vez, a distância é irrelevante.

O que conduz a uma conclusão empolgante: seu potencial para a mudança também não está distante. Potencial é o mesmo que possibilidades não vistas. Ou você vê que algo é pos­sível, ou não vê. Portanto, o impossível é apenas outro nome para o que não é visto. Consequentemente, a sombra, que o faz enxergar um mundo limitado, temeroso e repleto de ameaças e possibilidades sombrias, está mascarando muitas possibilida­des não vistas, que poderiam saltar diante de seus olhos se você se expandisse além da sombra. Sem a expansão, você é forçado a ter uma visão limitada. Pense em uma forte dor de dente. A dor ocupa toda sua atenção; você não consegue pensar em mais nada. Se a raça humana estivesse em constante dor física, a consciência jamais seria expandida.

O medo é a dor antecipa­da, e tem o mesmo efeito de limitar a consciência.

No fim das contas, a plenitude é o mesmo que encontrar sua fonte.

Não há divisão na fonte. Você não tem que conquistar cada aspecto de si mesmo que esteja afetado pela escuridão (o que seria impos­sível, de qualquer jeito). Transforme-se no que realmente é e, desse momento em diante, a escuridão já não terá mais nada com que você se identifique.

Você está vivendo perto da fonte da consciência se as afirmações a seguir forem verdadeiras:

Está em paz.

Não pode ser abalado de seu centro.

Possui autoconhecimento.

Sente compaixão sem julgamento.

Vê a si mesmo como parte do todo.

Não está no mundo. O mundo está em você.

Ações espontaneamente o beneficiam.

Seus desejos se manifestam facilmente, sem desgaste nem esforço.

Pode executar ações intensas com desprendimento.

Não está visando nenhum resultado pessoal.

Sabe como se render.

A realidade de Deus é visível em toda parte.

A melhor época é o presente.

(parte de texto do livro: O Efeito Sombra)


Cuide bem de você...
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