2 de junho de 2013

das cicatrizes seculares












 



um dia pequeno partiste eu fiquei
restou-se-me a culpa estrago sem jeito
saí pelas ruas de olhos sem ver
prendessem-me matassem-me
arrancassem-me os seios

(chorei como a chuva do mês de dezembro)

virei enxurrada poça d’água represa
secou-se-me o leite a vida ruiu
um raio partiu minha alma o espelho
morri reencarnei e ainda padeço
são mil estilhaços com teus olhos dentro

*líria porto
___________
(falei deste poema com Sergio Condé)
Sergio Condé responde:


Esta bela poesia, ao meu ver, é a expressão de um lamento que retorna sempre a uma grande separação, secular, milenar, bilhonar quem sabe. Este poema me remete à separação primordial, a queda do paraíso, e assim o entendimento ou a auto identificação com o que aí é dito é universalmente estendido à nossa condição humana. Aquilo que poderia ser interpretado como um lamento de um apaixonado abandonado, pode ampliar o ponto de vista e ser entendido como o lamento do filho pródigo. Quando o verso diz: "são mil estilhaços com teus olhos dentro" - está recordando dos estilhaços da memória da unidade partida que ainda nos ferem, pois somos todos o filho pródigo vivendo a ilusão de sermos entidades separadas - porém a esta interpretação deve ser dada uma ressalva: "Um dia pequeno eu parti e Tu ficaste". Pois foi o filho pródigo que saiu de casa e foi quem partiu, enquanto que o Pai o aguarda eternamente para refazer - dos estilhaços agudos do medo e da culpa ilusórios que só existem quando são acreditados dentro do sonho da separação - descortinar o espelho indestrutível que foi esquecido, que então irá revelar ao sonhador redespertado, a integridade do verdadeiro amor sem a mínima partícula de sombra: a ideia insana de separação. Esta visão pode ser encontrada no Livro Um Curso em Milagres. Quanto ao poeta, ele á a flauta tocada pelo vento.
Sergio Condé
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Poesias sentidas nas entrelinhas, mostra os estragos que pode fazer nossa percepção no sonho, este sonho chamado vida, que insistimos em acreditar como real... 

"- dos estilhaços agudos do medo e da culpa ilusórios que só existem quando são acreditados dentro do sonho da separação -".
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Cuide Bem de Você!

 

Um comentário:

  1. Belo texto,mas,porém...já ñ me surpreende mais
    penso que substitui as poesias pela física quântica rsrs...

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