23 de junho de 2008

CONCESSÃO

CONCESSÃO


As religiões não conseguem existir sem o diabo. Elas precisam de um Deus e precisam de um diabo também. Portanto, não se deixe enganar quando vir somente Deus em seus templos. Logo atrás daquele Deus se esconde o diabo, pois nenhuma religião consegue existir sem o diabo.

Alguma coisa precisa ser condenada, alguma coisa precisa ser combatida, alguma coisa precisa ser destruída. O total não é aceito, mas apenas a parte. Isso é muito básico. Você não é aceito não é aceito totalmente por nenhuma religião, mas apenas parcialmente. Elas dizem. “Nós aceitamos o seu amor, mas não o seu ódio. Destrua o seu ódio.” E isso é um problema muito profundo, porque quando você destrói completamente o ódio, destrói também o amor – pois eles são os dois. Elas dizem: “Nós aceitamos o seu silêncio, mas não a sua fúria, e a sua vivacidade será destruída. E então você estará em silêncio, mas não vivo – será apenas um morto. Esse silêncio não é vida, é simplesmente morte.

As religiões sempre dividem você ao meio, o mal e o divino. Elas aceitam o divino, mas são contra o mal – o mal precisa ser destruído. Por isso, quando alguém realmente as segue, chega a conclusão de que, no momento em que se destrói o diabo, destrói-se Deus. Mas ninguém realmente as segue – ninguém consegue segui-las porque o próprio ensinamento é absurdo. Portanto, o que fazem todos? Apenas enganam. É por isso que existe tanta hipocrisia. Essa hipocrisia foi criada pela religião. Você não consegue fazer o que lhe ensinaram a fazer, de modo que você se torna hipócrita. Se você as seguir, vai morrer, se não segui-las, vai sentir-se culpado por não ser religiosos. Portanto, o que fazer?

A mente astuta faz uma concessão. Diz a religião, da boca para fora: “Eu estou seguindo”, mas faz tudo o que quer. Você continua com sua fúria, com seu sexo, com sua ambição, mas diz que a ambição é má, que a fúria é má, que o sexo é mau – que é pecado. Isso é hipocrisia. O mundo inteiro se tornou hipócrita; nenhum homem é honesto. Enquanto essa religiões que dividem as pessoas não desaparecerem, nenhum homem poderá ser honesto. Isso parecerá copntraditório, porque todas as religiões ensinam a ser honesto; mas elas são os fundamentos de toda a desonestidade. Elas tornam você desonesto; como lhe dizem para fazer coisas imporssíveis, que você não consegue fazer, você se torna hipóscrita.

***

Esse é um grande desafio da existência: você deve criar o seu próprio caminho, que leve ao seu próprio templo. Não há ajuda possível e essa é a grandeza da humanidade, uma dignidade enorme: que você só possa trilhar o seu próprio caminho.

Todas as religiões conduzem as pessoas de maneira errada; destroem as pessoas, transformam-nas em ovelhas. Uma religião autêntica transformaria um homem num leão, que anda sozinho, nunca em bando. Ele nunca se adapta ao bando, com o bando, você precisa sempre fazer concessões. Com o bando, você precisa sempre dar ouvidos aos outros: às suas críticas, às suas avaliações, às suas concepções de certo e errado, aos seus valores quanto ao que é bom ou mau.

No bando você não consegue permanecer natural. O bando é um ambiente muito antinatural. A menos que você seja muito consciente, o bando vai tritura-lo. É por isso que não se vêem muitos budas no mundo. Um buda precisa lutar por sua individualidade milímetro por milímetro. Ele não cede ao bando – os pais, os professores, os vizinhos. Ninguém tem sorte o bastante para nascer sozinho; isso, portanto está fora de questão. Você nasce na sociedade, no bando. A menos que você consiga manter a sua inteligência livre da poluição que o cerca de todos os lados, mais cedo ou mais tarde você se tornará outra pessoa, alguém que a natureza jamais desejou que você fosse.

Lembre-se constantemente de que você tem o seu próprio destino, assim como todos os outros têm seu próprio destino. A menos que se torne uma flor, cujas sementes você carrega dentro de si, você não sentirá felicidade, plenitude, contentamento, não será capaz de dançar ao sabor do vento, da chuva, do sol. Você só pode estar no paraíso como indivíduo se seguir o caminho que você cria ao andar nele. Não existem caminhos pré-fabricados. Ao entrar nele, você entra no espaço puro – e não numa estrada; não há sequer rastros. Buda dizia que o mundo interior é exatamente como o céu. Os pássaros voam, mas não deixam rastro. Ninguém consegue seguir rastro, pois no céu o rastro não existe; assim que eles passam, o rastro se dissolve.

O céu interior permanece sempre puro, só esperando por você – pois ninguém pode entrar em você.
(Osho)

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