31 de março de 2010

Transcendendo o eu


A projeção faz a percepção (T-13.V.3:5; T-21.in.1:1).

Tudo é uma “sombra do que é visto através da visão interior. É lá que a percepção começa, e lá chega ao fim”, o que significa que a percepção interna da separação realmente não deixa nossas mentes; a separação que percebemos com nossos olhos permanece dentro de nós. Essa é uma passagem extremamente importante.

Não há nada do lado de fora. Eu olho em minha mente e escolho o ego: culpa, ataque, morte e escuridão. Isso, então, é o que eu vejo no mundo. Eu olho para dentro, escolho a luz da Expiação e sinto a presença do amor de Jesus. Então, olho para fora e vejo a luz e o amor em tudo ao meu redor, ou então um pedido por eles, como o texto nos instrui (T-12.I.8; T-14.X.7).

Claramente, isso não significa o que vemos com nossos olhos, mas a interpretação que nossas mentes dão àquilo que vemos. Não é difícil olhar para dentro, porque já estamos dentro. O que é difícil é que pensamos estar fora. Em outras palavras, idéias não deixam sua fonte, a fonte sempre é nossa mente, fora da qual não há verdadeiramente nada.

É por isso que não podemos entender Um Curso em Milagres quando tentamos destrinchá-lo à partir do nosso cérebro, do nosso próprio pensamento. Ele não está fora de você. Ao invés disso, você faz com esse Curso o que faz com um grande trabalho de arte – um grande poema, uma grande peça de Shakespeare, qualquer grande trabalho de literatura: Você permite que as palavras ressoem dentro de você. Você não as seleciona e analisa. Você apenas deixa que elas trabalhem dentro de você, e elas inevitavelmente vão levá-lo àquele lugar interno que está além de todas as palavras, todos os pensamentos, todos os conceitos. Quando você está na presença de qualquer grande obra de arte – seja um poema, uma pintura, uma música, uma escultura -, no minuto em que tenta analisá-la com seu cérebro, bloqueia qualquer chance de ter a experiência da verdade que o artista teve – o conteúdo -, do qual emergiu o trabalho de arte – a forma. Isso não significa que existe qualquer coisa errada em analisar uma obra de arte, mas fazer isso vai privá-lo da experiência que o artista estava expressando através do seu trabalho.

O mesmo é verdadeiro em relação a Um Curso em Milagres. Se você tentar analisá-lo e se focalizar no significado literal das palavras, vai perder seu coração. O que você quer fazer é ler essas palavras e deixá-las trabalhar dentro de você. Esse será seu ingresso para ir de onde você pensa que está, fora, para onde verdadeiramente está, dentro.

É por isso que Jesus diz que “não é difícil olhar para dentro, pois é lá que todas as visões começam”. É lá que você está. Lembrem-se, a percepção começa e termina na mente.

E depositamos a nossa bênção salvadora sobre ele [o mundo], ao dizermos:

A paz de Deus está brilhando em mim agora.
Que todas as coisas brilhem sobre mim nesta paz,
e que eu as abençoe com a luz que há em mim.
(LE-pI.188.10:7-11)
 

Trechos de: COMO INICIAR O ESTUDO DE UM CURSO EM MILAGRES: TRANSCENDENDO O EU
(Volume 13, Número 3, setembro 2002)
Kenneth Wapnick, Ph.D.
Tradução: Eliane Ferreira de Oliveira


 Lena Rodriguez



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