MEDO, PIOR INIMIGO DA ALMA
“Onde existe o outro, existe o medo” Upanishad.
“O eu separado dos outros, do todo, sente que não pode perder seu espaço existencial – individual. O eu separado dos outros pensa que tudo é seu e que ele pode controlar, comandar, e destruir os outros que ameaçam o seu território.
Tudo que o ego, pensa que controla é a “Perpetuação de sua própria existência ilusória (Eros) e a evitação de tudo que possa desintegrá-lo (Tânatos) e se apega à própria vida com medo da morte”.
“Eros busca recompensas substitutas de todas as espécies que aparentam satisfazer seu desejo de ser infinito, cosmocêntrico, todo-poderoso, heróico, semelhante a Deus”.
“A batalha da Vida contra a Morte, de Eros contra Tânatos, é a arquibatalha, a ansiedade básica e o dilema inerente a todos os Eus separados – um modo primitivo de medo que somente a verdadeira transcendência na totalidade pode extinguir”.
O medo da morte é o medo de perder a “memória” do eu, do ego. O “eterno retorno”, nos leva ao todo, ao infinito da Totalidade, que nos torna Um.
O medo nos isola, e nos mantem apegados aos nossos “bens”,
crenças, valores, idéias, opiniões...; então, mais distantes estaremos da transcendência, da unidade e da Consciência Transpessoal.
Lá, não existe Eros separado de tânatos.
Morte e vida não há. Só a Eternidade.
Lá não existe o eu separado, existe a unidade da totalidade...
Lá, no azul do céu, “A mente clara”, o Vazio está no todo, definido como compaixão.
Lá no azul do céu, “A mente clara” se torna o cosmos.
Espaço sagrado...
Não há maya...
Ken Wilber disse que “O “ego-corpo” ou o Eu está identificado com as emoções simples e os instintos do corpo.
Sua busca de Eros é fome instintiva, biológica visceral, e se esses instintos forem traumaticamente frustrados (por exemplo, a fome do bebê pelo seio da mãe), essa perturbação é vivida como uma tomada pela morte – perturbar o instinto é perturbar o eu, porque nessa fase eles são idênticos”.
Qualquer emoção de medo tem sempre a ver com a relação de alarme. Quando ativado o sistema de “ataque – fuga”, o organismo coloca à disposição toda sua energia, para o sucesso da sobrevivência.
A excitação é um preparar-se biológico (automático e involuntário) para o momento: o corpo se prepara para entrar na nova situação. Ele se coloca e, alerta, acelera seu processo de atenção e se organiza para agir.
O medo do abandono, do barulho, da queda, do desamparo, da morte pela fome, sede e frio no bebê está vivo dentro de todos nós. O instinto de sobrevivência está programado pela natureza para lutar e viver.
Diante de um perigo nosso “organismo biológico” vítima de pânico pode reagir em:
“O eu separado dos outros, do todo, sente que não pode perder seu espaço existencial – individual. O eu separado dos outros pensa que tudo é seu e que ele pode controlar, comandar, e destruir os outros que ameaçam o seu território.
Tudo que o ego, pensa que controla é a “Perpetuação de sua própria existência ilusória (Eros) e a evitação de tudo que possa desintegrá-lo (Tânatos) e se apega à própria vida com medo da morte”.
“Eros busca recompensas substitutas de todas as espécies que aparentam satisfazer seu desejo de ser infinito, cosmocêntrico, todo-poderoso, heróico, semelhante a Deus”.
“A batalha da Vida contra a Morte, de Eros contra Tânatos, é a arquibatalha, a ansiedade básica e o dilema inerente a todos os Eus separados – um modo primitivo de medo que somente a verdadeira transcendência na totalidade pode extinguir”.
O medo da morte é o medo de perder a “memória” do eu, do ego. O “eterno retorno”, nos leva ao todo, ao infinito da Totalidade, que nos torna Um.
O medo nos isola, e nos mantem apegados aos nossos “bens”,
crenças, valores, idéias, opiniões...; então, mais distantes estaremos da transcendência, da unidade e da Consciência Transpessoal.
Lá, não existe Eros separado de tânatos.
Morte e vida não há. Só a Eternidade.
Lá não existe o eu separado, existe a unidade da totalidade...
Lá, no azul do céu, “A mente clara”, o Vazio está no todo, definido como compaixão.
Lá no azul do céu, “A mente clara” se torna o cosmos.
Espaço sagrado...
Não há maya...
Ken Wilber disse que “O “ego-corpo” ou o Eu está identificado com as emoções simples e os instintos do corpo.
Sua busca de Eros é fome instintiva, biológica visceral, e se esses instintos forem traumaticamente frustrados (por exemplo, a fome do bebê pelo seio da mãe), essa perturbação é vivida como uma tomada pela morte – perturbar o instinto é perturbar o eu, porque nessa fase eles são idênticos”.
Qualquer emoção de medo tem sempre a ver com a relação de alarme. Quando ativado o sistema de “ataque – fuga”, o organismo coloca à disposição toda sua energia, para o sucesso da sobrevivência.
A excitação é um preparar-se biológico (automático e involuntário) para o momento: o corpo se prepara para entrar na nova situação. Ele se coloca e, alerta, acelera seu processo de atenção e se organiza para agir.
O medo do abandono, do barulho, da queda, do desamparo, da morte pela fome, sede e frio no bebê está vivo dentro de todos nós. O instinto de sobrevivência está programado pela natureza para lutar e viver.
Diante de um perigo nosso “organismo biológico” vítima de pânico pode reagir em:
- Retirada, que pode ser definida como evitar o perito ou escapar dele;
- Imobilidade, o que significa congelar ou ficar aparentemente paralisado;
- Defensividade, o que implica tanto a agressão quanto a submissão.
O medo da morte é o pai de todos os outros medos.
“O medo é um mecanismo de dominação política, a brecha para políticas totalitárias”.
O medo é um polvo cuja cabeça é o nosso medo de morrer. Todos seus infinitos braços que nos envolvem são gerados a partir deste medo maior - medo da solidão, da fome, de animais, do abandono, do fracasso, não ser amado, de avião... O medo nos causa emoções de raiva e angústia, impotência, aflição carência, ansiedade e stress.
O medo, filho da violência cresce como um monstro, muitas vezes incontrolável. Ele possui muitas faces, torna-se maior que o ego, transfigura nossos sentimentos em ódio, angústia e depressão.
O medo nos prepara para o ataque, desperta os piores sentimentos...
O medo não estará possuído por Tânatos?
O medo nos imobiliza – no tira a coragem de viver e de lutar?
A criança com privações essenciais como: alimento, água e calor está sendo abandonada nos braços de Tânatos?
Eros é o desejo de viver, de prazer no corpo...
Tânatos estaria ligado à morte.
A morte do ego é a nossa volta a totalidade...
A morte do ego é a transcendência, a iluminação e a unidade com o divino...
O Tao está além de Tânatos e Eros...
O Tao está no meio...
O Tao está no azul do céu, na mente clara dos budistas...
O Tao é a harmonia que flui da vida e da morte...
A alma com medo não entra em cena, sua angústia lhe impede de ser a estrela da sua própria vida: Pearls da Gestalt disse que “toda a angústia é um “stage-fright” – medo de entrar, de comprometer-se, de atuar.”
- Falta ao desejo “a força da paixão”, que mora no peito.
A força da paixão é o “tesão”, a motivação, entusiasmo, tenacidade, obstinação.
Aquele que tem medo, falta coragem, auto-estima e confiança em Deus e na vida para investir em projetos e metas.
O medo escure a luz da fé, apaga a pesperança e fragiliza o "eu', que se torna infantil e frágil.
O guerreiro que luta está possuído pelo entusiasmo que está aceso na tocha da vitória.
O medo é gelo no inverno.
A paixão - é o fogo da lenha...
Se ele é maior que o cenário das ilusões de vitória - ele domina e paralisa a mente.
Toda angústia ou ansiedade é um desejo ou necessidade de fazer alguma ação, tomar uma decisão ou assumir uma atitude que não faço, nem assumo.
As piores ansiedades e suas causas mais freqüentes são as que sentimos sem saber porque. O motivo, ou causa fica reprimida, inconsciente.
Uma criança que foi reprimida com violência poderá sentir angústia e ansiedade toda vez que estiver em uma situação onde ela é vítima de autoritarismo, arbitrariedade e limitação. Crianças reprimidas são adultos fracos, que reprimem fortemente a raiva. oódio a energia para lutar e vencer.
A criança que foi violentamente punida, não acredita em si mesmo, não internalizou a força e a coragem que se conquista com a liberdade de ser.
O ódio é filho do medo e da morte.
O desamparo no “berço” pode gerar filhos que odeiam seus pais e a vida; são crianças que viveram a angústia da ameaça de morte na infância.
“Quando somos crianças, aprendemos desde muito cedo que ficarmos quietos e sermos bons garante um pouco de amor. Se formos ativos ou barulhentos demais, seremos desaprovados ou punidos. Nossos pais não suportam nossa vitalidade. Temos de suprimi-la para sobreviver”.
Se em criança uma pessoa foi punida por ser agressiva, então parece mais seguro, assumir uma postura passiva na vida.
Alguns pais precisam controlar a criança com a violência do medo, para não perder o controle da alma do filho. Crianças dominadas são almas adultas que não voam alto, ciscam e vivem como galinhas.
Projetam seus demônios nos outros e são perseguidas por eles. A criança cresce com o potencial para a vitalidade bloqueado, sem vontade de viver e sem paixão pela vida.
Um adulto que se sentiu amparado na infância, que não viveu experiências de terror e ansiedade, poderá ouvir seu inconsciente, o seu Self, o “Grande Homem” interior.
Este elo de segurança estabelecido na infância torna-se uma ponte para falar com Deus e estabelecer um diálogo entre o consciente e seu mundo interno.
Os professores comprovam que uma criança que encontrou segurança interpessoal na infância aprendeu a sabedoria da vida. O processo de aprendizagem flui em todas as áreas, a criança estabelece vínculos duradouros, afetivos e terá mais recursos para lidar com problemas, frustrações, perdas e adversidades.
A criança que recebeu segurança e proteção dos pais estabelece uma relação saudável com a vida e com as pessoas que lhe inspiram confiança e otimismo.
Convive bem socialmente e consegue ser aceita no seu grupo de referência. Afetivamente é mais estável e não tem dificuldade para se entregar ao amor.
Não será dependente e carente, sua maturidade progride naturalmente em seu desenvolvimento infantil.
O medo é o pior inimigo do ser humano. Uma mente assustada está em desequilíbrio, fora do Tao. O desamparo e o abandono dão forma a nossa primeira sombra, nosso pior inimigo que nos perseguirá por toda a vida.
O medo se levanta na sombra inconsciente.
Uma sombra sem rosto, mas transfigurada de medo, representa tudo aquilo que eu poderia ser , ter sido, vencido e não pude.
Uma energia inerte, que alimentada pelo ódio,rancor, ressentimento, tristeza poderá com o tempo se transformar em um "lobisomem."
Uma menina de 7anos, chamada Lia foi perseguida por sua madrasta agressiva e violenta, que não lhe deu liberdade para falar e nem oportunidade para brincar e ser feliz.
Lia não tagarelou mais, ficou quieta, distante; usou uma máscara, está é a sua persona que a protegeu da ameaça de destruição da madrasta.
Seu verdadeiro eu, está oculto de todos, tornou-se sombra, “protegido” - esta é a sua proteção contra a agressora.
Sua outra face está escondida, inconsciente foi banida, marginalizada por seus familiares.
Lia era alegre criativa e falante, com o tempo , se esqueceu da sua essência; não se lembra, mais do seu verdadeiro Eu, tornou-se amarga e ferina.
Como isto acontece? Sua outra face está escondida e inconsciente – Lia alegre, criativa e falante foi banida, marginalizada por seus familiares.
Hoje, Lia faz comentários críticos, severos e agressivos com suas amigas que se afastam dela. Lia tornou-se sua pior inimiga. Internalizou sua opressora e se identificou com ela, tornou-se a "antagonista" da sua própria estória.
Sua crítica severa e ferina se volta contra ela e contra todos. Hoje ela é madrasta de si mesmo, possivelmente, será a “madrasta” de seus próprios filhos.
Uma criança que encontrou amor e segurança pessoal na infância, aprendeu a sabedoria da vida, que lhe dá recursos para lutar contra as frustrações, perdas e adversidades.
Carlos foi um menino “educado” por pais severos, exigentes que cobravam responsabilidade e perfeição; tornou-ser um adulto “workaholic”.
Ele perdeu contato com sua criança interior - não se diverte, tornou-se intransigente, rigoroso, porque veste a máscara que foi colocada por um pai opressor, e por isto não consegue estabelecer laços afetivos com ninguém.
Dedica-se ao trabalho obsessivamente e não tem tempo para o amor, nem para se divertir. O verdadeiro Carlos, um menino que nasceu para ser feliz está preso no porão do inconsciente, foi enfeitiçado na “réplica” do “pai-monstro” - tão infeliz quanto o filho.
Esta "maldição" passa de pai para filho. Criou-se uma persona, esqueceu quem é, nem sabe mais como ele é.
Tornou-se sua própria sombra. Sua verdadeira essência, a expressão da sua alma está bloqueada - sua luz interior, sua estrela não brilha. Não há inspiração.
O carisma, a empatia universal pertence ao espírito livre e criativo - o sujeito fica “fora de foco”.
Quanto mais cedo for a experiência de dor e sofrimento para a criança - maior, será o seu medo de tudo e de todos - mais frágil e vulnerável ela será.
Uma criança extrovertida alegre e expansiva, nem sempre é aceita pelos pais, que não suportam ver “as asas do filho crescer”. Acontece que a criança pressionada pelo medo da punição, veste a máscara; assume o jeito de ser que interessa aos pais.
Jung usa o termo persona, para caracterizar a expressão - “impulso arquetípico para uma adaptação à realidade exterior e à coletividade”.
Whitmont disse que “No decorrer do nosso desenvolvimento psicológico adequado, é necessário que ocorra uma diferenciação entre o ego e a persona. Isso significa que temos de nos tornar consciente de nós mesmos, enquanto indivíduos separados das exigências externas feitas em relação a nós; temos de desenvolver um senso de responsabilidade e uma capacidade de julgamento; não, necessariamente, idênticas aos padrões e expectativas externas e coletivas, embora é claro, esses padrões devam receber a devida atenção”.
Na infância, nossos papéis são determinados pelas expectativas parentais. A criança tende a se comportar de modo a receber aprovação dos mais velhos, que lhe colocam máscaras.
Uma criança saudável reage bem quando é agredida e contrariada, ela sabe instintivamente lidar com suas emoções, com a raiva.
Ela chora, luta, bate, reclama, reivindica, mas não sente culpa por isto. Aprende com o tempo a negociar, reavaliar seus erros, fazer acordos, ceder, trocar, liderar, ouvir, ser empática, “jogar” com as regras do time, do grupo.
Uma criança amada é socialmente integrada, aprende a conhecer as regras do jogo da vida, ganhar, perder e aprende a ser disciplinada e a lutar por seus sonhos de vitória, com maturidade.
Se a criança não brigar pelo seu brinquedo, quando ela aprenderá a brigar por tudo que é seu?
Algumas meninas ficam boazinhas, “fraquinhas”, sem iniciativa, passivas como muitos pais sonharam - princesinha inútil, sem energia para vencer as adversidades.
Os meninos perdem sua força, as mães guardam a chave do seu poder, da sua masculinidade. Um menino que a amargura e a restrição colore sua vida, vive o drama de ser manipulado e controlado pela família, pode tornar-se passivo, feminino, fraco e manipulável ou se transformam em um verdadeiro “monstro” com uma agressividade e violência sem controle.
Muitos homens que foram um dia meninos “escravos”, buscam desesperadamente encontrar uma saída da escravidão - tornam-se escravos da sua raiva, da droga, da bebida, do sexo e do egoísmo.
A máscara da dor, do oprimido, estuprado é feia, monstruosa, agressiva ou terrivelmente melancólica e fúnebre, torna-se persona, uma herança que os pais “oferecem” à criança; assim, como eles receberam dos seus pais.
Ela cola na pele, adormece a alma e o eu torna-se possuído e transvertido pelo “agressor”.
Um alcoólatra, drogado que foi “adormecido” na infância, não se lembra mais, quem era - vive um “falso-eu”, “amaldiçoado” por um parente cruel que lhe vestiu a máscara que o sufoca.
Ele se droga, busca uma identidade feliz, livre que vive dentro dele. Acredita que estando entorpecido, está vivendo a alegria de ser o verdadeiro “eu de dentro”. As drogas trazem o delírio da falsa alegria de ser livre por dentro.
Muitos são “esfriados”, congelados afetivamente, emocionalmente para suportarem viver a perda da alma, do ser. São crianças que não choram, não brigam, são terrivelmente passivas, não possuem vontade própria nem poder de escolha; tornam-se indivíduos “teleguiados” - primeiros pelos pais, depois, ao se tornarem adultos são dominados pelos outros - maridos e esposas, patrões ou sacerdotes de qualquer religião.
Acreditamos naquilo que sentimos. A “realidade” se revela na lente da percepção e da experiência - experimentamos aquilo que acreditamos.
Todo desamparo gera o vazio do bem, da luz, da esperança, da confiança na vida e cria um espaço para o inimigo, para o opressor invisível que assume o comando do destino.
Por que as almas são tão vulneráveis aos castigos e maldições em todas as épocas?
A alma da criança sente o “poder divino” dos pais em suas bênçãos e maldições. Segue seu destino sob a égide da religião familiar e da cultura. Está vulnerável aos seus humores e medos, à sua ignorância e intolerância, aos seus preconceitos e dogmas.
A psicologia analítica acredita que quando o self é projetado e reconhecido em uma religião, em uma coletividade, ou espelhado em nossos pais, a culpa será sentida pelo desvio a seus padrões estabelecidos de comportamento.
A obediência deve ser partilhada por todos e definida e orientada por figuras de autoridades representativas em nosso imaginário; torna-se um censor interno, internalizado em nossas relações parentais que envia mensagens que funcionam com a arrogância, poder e a autoridade do Self.
“Somos dominados por tudo aquilo com o qual nosso ego se identifica. Podemos dominar e controlar tudo aquilo do qual nos desidentificamos”. R. Assagioli.
As regras ,as punições arbitrárias e a interdição sem o senso comum acabam com as possibilidades de escolhas, todo aquele que transgride as leis é punido ou expulso do grupo de referência.
Algumas religiões e alguns pais nos programam para viver com medo, porque assim, somos controlados.
“Meu Deus, meus pais não me amam, poderão me destruir porque eles possuem poder para isto”. “Eu sei que irei para o inferno, sou muito cruel, sofrerei para sempre nas garras do mau, porque eu mereço”.
"Eu sou horrível, eu vivo com raiva, sou feia, um bicho..."
“Não faço a vontade de Deus e por isto serei condenada ao inferno”.
“Eu sou má, não tenho salvação, que me cure”.
“Os dogmas da minha religião me condenam, serei maldito e perseguido por Deus porque eu mereço”.
“Está escrito na bíblia que irei para o inferno, serei condenada ao sofrimento eterno, se eu não obedecer às leis de Deus”.
Uma criança ou um jovem que vive a rejeição dos pais e a “punição” de Deus, terá uma experiência de terror e de medo que seu pequeno ego não pode suportar.
Poderão viver momentos de pânico, insônia, depressão, angústia, ansiedade generalizada, com terrores noturnos e enurese persistente. Sua vida social é limitada, por timidez ou agressividade.
Cresce uma criança fragilizada e aterrorizada com a vida e com Deus.
“O medo é um produzido dentro da gente e que às horas que mexe, sacoleja. É um depositado”. Guimarães Rosa .
Muitas mães são obrigadas a deixar seus filhos com “empregadas domésticas”, tenho observado verdadeiras “tiranas” da ignorância controlando crianças com mãos de ferro.
São pessoas totalmente despreparadas para lidar com a educação infantil. Muitas crianças são mutiladas na alma, assim como estas mulheres foram um dia, sem que os pais percebam a gravidade da situação.
Se, é complexo para os pais criarem seus filhos, imagine para uma pessoa sem nenhuma condição afetiva e emocional de participar ativamente da educação de uma criança.
Se os pais não conseguem estabelecer um vinculo afetivo com a criança de segurança e amor, a “babá” poderá representar o “falso-self” e dominar a criança onde o medo mora...
O opressor, filho do medo e do terror, é um depositado."
Entra na minha mente, clandestinamente, planta as sementes na terra que nascem os frutos “daquilo” que mais me aterroriza..."
" Um dia, eu vejo que nasceu no meu caminho, em minha vida em minha mente, cerca de espinhos intransponíveis, como se fossem colocadas ali, por mim".
O medo da rejeição e do abandono persegue aqueles que foram rejeitados e abandonados na infância. Este sentimento transforma em vítimas todos aqueles que na infância ficaram sujeitos ao desamparo e à dor. Sua percepção, distorcida de si-mesmo, deriva das suas experiências com seus pais.
Um adulto que carrega no seu coração a dor da sua criança ferida - está sem energia para investir em seus projetos; carrega consigo o sentimento de ser condenado pela vida.
O lugar que os pais ocupam no inconsciente é simbolicamente o mesmo espaço de poder e de autoridade, que a figura de Deus representa em nossa psique.
Muitos buscam em uma religião severa e castradora a aceitação de um Pai divino que lhe perdoe seus males, e lhe dê um lugar no mundo e no céu. Inconscientemente buscamos as graças e a redenção divina, as pessoas livres do medo estão abertas para receber as graças da vida.
Os primitivos buscam esta proteção na natureza, nos deuses. Nós somos órfãos destas graças na infância; ficamos reféns da benevolência e do amor dos nossos pais.
Nossa sociedde não cria rituais com a natureza, com a vida de proteção sem punião.
Nascemos com medo. O medo nos mantém vivo. Ele é nosso instinto principal de sobrevivência.
A criança vive o medo do desamparo e do abandono no berço. Do medo nasce à culpa, filha da punição.
Jung definiu a culpa como a emoção experimentada quando sentimos que nos desviamos da totalidade, estamos afastados de Deus, ou em termos psicológicos, do self, o centro regulador da psique.
O medo da morte é um sentimento atávico que persegue o homem como um desafio para sua sobrevivência. Vencer a morte torna o indivíduo herói.
O medo nos tira o poder de lutar, de avançar, de proteger seu território.
O medo é filho da morte, pertence à família da culpa, loucura, punição, castigo, terror, fobia, agressividade e da destruição. Ele nasceu do desamparo, do abandono e da agressividade dos fracos, covardes e cruéis.
A crianças são as maiores vítimas do medo - são pequeninas e frágeis e estão entregues ao destino, sem proteção.
Figuras de pavor e de medo perseguem os adultos e as crianças a vida toda - “Lobisomem, Drácula, a bruxa má dos contos de fada” e outros.
Podemos ver a presença destas imagens arquetípicas nos sonhos de crianças e adultos perseguidos e traumatizados na infância. Tudo que aterroriza uma criança, encarna a face da vida que se volta contra ela, com vários rostos, com várias imagens que tornam sua existência triste, agressiva e amarga.
Quando sou livre não controlo nada e nem ninguém...
Quem serão os maiores algozes, torturadores, destruidores de almas e de ilusões?
O terror e a ameaça é usado como instrumento de dominação e de disciplina militar, “lavagem cerebral” e doutrinação. Muitos pais, muitas escolas e instituições sociais e religiosas, não suportam a idéia de ver a criança crescer fora dos padrões de comportamentos e atitudes esperados por eles.
As ovelhas negras, diferentes,criativas, inteligentes, contestadoras e desafiadoras precisam ser eliminadas das instituições para não corromper as outras - passivas, “burras” e obedientes.
Estas instituições necessitam de indivíduos não pensantes – eles vão para o matadouro da consciência sem reclamar.
“Eu sei o que é melhor para você. Quem manda aqui, sou eu. Portanto quem pensa, fala e dá as ordens aqui, sou eu”.
O medo deixa seqüelas em toda criança que viveu situações de desamparo e de agressão. O abraço de Tânatos – o “não dito” é uma mensagem de morte invisível, avassaladora porque a mensagem se instala – “faça o que eu quero, ou...”.
Subliminar não acha?
Eros torna-se prisioneiro nos braços de Tânatos.
Esta mensagem entra em mim...
Toma conta de mim, e me controla.
O inimigo se instala em minha mente...
Até que eu me esqueça quem sou, e me torno ele...
Possuída e transvestida...
Miller de Paiva disse que “O indivíduo não só internaliza objetos maus porque lhe são impostos, mas também, porque necessita deles e deseja governá-los. Se os pais são objetos maus, o filho não pode rechaçá-los, porque sem eles nada pode fazer. Sem eles fica no nada, no vácuo. É ruim, objetos maus, mas pior é ficar sem eles.
Daí o filho internalizá-los, apesar de ruins. Como não os tolera ruins, procura idealizá-los como bons, o que resulta na internalização de objetos tanáticos, sentidos como bons”.
A rejeição é experimentada pela criança como uma punição por sua existência. "“Sou má e mereço ser punida"”. A criança sente-se anormal, segregada estigmatizada e poderá enviar mensagens inconscientes para as pessoas de punição e castigo. Assume o papel do “bode expiatório”, dentro de casa na escola e nos grupos de referência.
A criança cresce, sem encontrar sua autoridade interior ou a integridade da sua consciência individual. Internaliza o opressor, se identifica com ele. Vive internamente a culpa e a punição, projeta no ambiente esta necessidade de ser punida, castigada.
Observem uma criança ou um adolescente que “pede para ser punido, expulso”; muitas vezes ela nos “obriga” a agir agressivamente com ela. Muitos vivem o drama de serem punidos e expulsos de casa, e dos locais em que vivem, não conseguem sair deste ciclo de repetição.
As doenças psicossomáticas que não curam, as depressões mascaradas de insegurança, uma auto-estima “lá em baixo”, ou erros, perseguições, fracassos que se repetem poderão revelar uma agressividade contra si-mesmo internalizada, p no contato com o agressor.
Edinger disse que “há um quadro na prática psicoterapêutica, que pode ser denominado neurose da alienação. Um indivíduo portador dessa neurose tem muitas dúvidas com relação ao seu direito de existir.
Apresenta-se com um profundo sentimento de falta de valor, inutilidade com todos os sintomas daquilo que costumamos designar por complexo de inferioridade.
A criança que experimenta a rejeição parental como uma rejeição por parte de Deus. Essa experiência é incorporada à psique como alienação, permanente entre o ego e o si-mesmo.
Diante dessa atitude, a energia psíquica é represada e deverá emergir sob formas encobertas, inconscientes ou destrutivas, tais como sintomas psicossomáticos, ataques de ansiedades ou de afeto primitivo, depressão, impulsos suicidas, alcoolismo, etc.
Fundamentalmente, um paciente desses enfrenta o problema de saber se é ou não perdoado diante de Deus, dificilmente tem condições de agir em favor do seu melhor interesse”.
Edinger cita vários casos de crianças adotivas que viveram esta neurose de alienação; são pessoas que viveram o sentimento de banimento, desamparo e rejeição.
A transferência que acontece em psicoterapia, restaura o eixo ego-Si-mesmo, mesmo danificado, havendo reparação”.
Muitosparecem que são marcados para viver assim, carregando o fardo de ser o feio, o mau, o azarado o destruidor.
A criança, o jovem e o adulto poderão carregar os males da família e seus fardos. Um indivíduo poderá ser conhecido como um portador virulento de contaminação do “mau” familiar ou “social” - bode expiatório.
Muitos são verdadeiros “faxineiros” dos males alheios,são programados para ser assim, atraem para si toda a negatividade do ambiente – esta é uma maneira, que o ego "escolhe' de purificar seus “males”, aliviando a dor alheia.
São verdadeiros “sacos de pancadas”, escolhidos para carregar a dor do mundo.
Exemplos de “bode expiatório”: - “Este menino puxou o avô, vai ser igual a ele, "“coisa ruim"”, que tanto mau fez para a família; - “Esta menina é atentada, tem o diabo no corpo, vai ser prostitua igual à mãe”.
- “Ele tem o sangue ruim, igual ao pai. Não vai prestar para nada na vida.”.
Estas mensagens são maldições. É muito difícil o “condenado” se libertar desta "praga" infeliz.
Muitos adultos feridos buscam o sagrado como instrumento para a redenção deste Pai ou da Mãe, implacável em sua rejeição na infância.
“Por que isso deve acontecer comigo?”.
Todos temos, no fundo de nós mesmos, um ressentimento contra o destino e contra a realidade, o que constitui um resíduo de inflação. O ego pensa que o mundo gira em volta dele. O egoísmo infantil quer tudo para ele. O ego se isola e se apega aos seus valores mesquinhos e egoístas. No momento que ele abre mão do seu egoísmo, e se une ao mundo, ele se redime.
Quando a redenção acontece o ego se entrega à existência, experimentando o centro transpessoal da psique, torna-se individuado, fraterno filho da vida, irmãos de todos, o ego para de lutar com a “realidade” e aceita a vida como ela é.
Corpo, espírito e alma unidos para um “bem maior”, servir ao dharma da existência. A psicologia transpessoal acredita na existência no ser humano e no universo de uma consciência comum a ambos - a Consciência Cósmica ou Consciência Primordial. Este estado transcendente da consciência nos coloca em conexão com o todo, permite uma integração transpessoal com tudo e com todos.
Muitos curadores se curam, curando as fereidas dos outros...
O medo são os grilhões da liberdade.
A culpa castra as asas de Eros, do prazer e da alegria de viver.
O medo é Tânatos – morte, culpa, punição, leis, interdições, angústia, repressão, limitação.
A alma conhece o poder que o destino possue - tece sua teia e envolve os transgressores da lei do dharma e do carma na lei da Justiça Divina.
Eros é a face do dharma que o ego conhece.
Eros é a energia do bom Self, sua redenção e graças.
O medo nos afasta de Eros, porque perdemos contato com o Self.
O medo nos coloca nos braços de Tânatos, o desamparo interior chamado solidão e morte.
Todos nós passamos por um período de reformulação constante do nosso funcionamento psíquico onde, em essência, iremos aprender a substituir o medo, a limitação, pela liberdade interior - do prazer sem limites, pela busca do prazer dentro da nossa realidade.
Iremos aprender a resolver nossos conflitos, através do nosso investimento afetivo existencial − em nossas metas, nas artes, e na participação coletiva de construção de um mundo melhor para todos.
"Hoje, posso ser livre diante de Deus e da vida, apesar de tudo...
Hoje, meu altar está erguido em meu coração, aceso com a alegria de viver...
Hoje, sou livre – estou dançando, celebrando com mãe divina a existência...
Encontrei minhas raízes nas estrelas do céu...
Meus pais moram no universo...
Encontrei o amor divino que me protege e cuida...
Encontrei a Deusa da compaixão - ela me colocou em seus braços, acalentou minha alma e eu pude sentir que eu tinha voltado para casa".
A alma de uma criança no momento da agressão torna-se “mutilada” transfigurada, como uma queimadura. Para reconstruir esta deformidade, muitos lutam desesperadamente para vencer seus próprios limites.
Eu preciso me lembrar quem sou.
“Todo menino era um rei...” Toda menina era uma princesa...
Como posso renascer de novo?
Quando me tornarei inocente novamente?...
Quando meu coração se abrirá para a vida apesar, de tudo?...
Quando posso ver a beleza da vida, as cores da natureza e ouvir o canto dos passarinhos?
Quando eu posso me entregar ao amor sem esperar nada de volta?...
Quando sentirei que estou nos braços da mãe natureza?
Quando a vida vai espelhar a alegria que vive dentro de mim?
Dentro de todos nós, existe a criança divina universal, essência da alma. A alegria é a energia que liberta a inocência que vive dentro de nós, adultos e crianças.
A alegria é um antídoto contra a escuridão, contra angústia.
A maior riqueza que a família destroe é alegria de viver...
A alegria é a essência vital da alma... Sem ela somos fantasma de nós mesmos.
Alegria é mãe da esperança...
A criança é como uma árvore, se ela é “podada” crescerá como um bonsai, dentro de um espaço que não facilita sua expansão. Torna-se carente, frágil, dependente do adulto.
Os pais deveriam buscar recursos que facilitem sua relação com os filho e suporte para conduzir a sua educação, como: - ajuda médica, espiritual, psicoterapia, psicopedagogia, astrologia e outros.
Vínculos duradouros, estáveis e confiáveis são importantes para o desenvolvimento emocional das crianças e dos adolescentes, devendo ser evitada, tanto quanto possível, a quebra da continuidade destas relações significativas.
O adolescente precisa saber a importância de ser o único, no universo e o que isto representa. Construir a própria individualidade e identidade é, com certeza, fazer-se diferente dos demais. Sua individualidade é importante – o universo não vive sem você.
Sou insubstituível, único, porque sou a manifestação da inteligência divina.
Minha essência tem a pureza de um diamante sagrado.
Sou único, e serei lembrado por minha individualidade.
Sou único e por isto sou tão importante para a existência.
Minha identidade é a minha personalidade.
Não quero ser um outro alguém, quero ser eu mesmo e sentir alegria por isto.
Obrigado meu Deus.
Consegui libertar a criança que mora dentro de mim e lhe dar um lindo jardim, florido, com as flores da esperança para brincar.
Dharma Dhannya 2005.
Fiz uma apostilinha,para cabeceira.Isso precisa ser decorado.
ResponderExcluirObrigado querida lena.
Beijo terno
Sidney