Querido Osho, Você poderia, por favor, falar sobre o espírito brincalhão? Eu pergunto porque existe um lindo garotinho dentro de mim que eu negligenciei por muito tempo. Este garotinho é brincalhão, curioso e extático. Mas, na maior parte do tempo eu não lhe permito perder o controle. Por favor, comente.
"Anand Gogo, o espírito brincalhão é uma das partes mais reprimidas dos seres humanos. Todas as sociedades, culturas e civilizações têm sido contra o espírito brincalhão porque a pessoa brincalhona nunca é séria. E a não ser que a pessoa seja séria, não é possível dominá-la, não se consegue fazer com que ela se torne ambiciosa, que deseje poder, dinheiro e prestígio.
A criança nunca morre em quem quer que seja. Ela não morre quando você cresce; a criança permanece. Tudo o que você foi, ainda está aí dentro. E assim permanecerá até seu último suspiro.
Mas a sociedade sempre tem medo de pessoas não-sérias. Pessoas não-sérias não terão ambição por dinheiro ou por poder político. Elas irão curtir mais a existência. Mas, curtir a existência não irá lhe trazer prestígio, não o tornará poderoso, não irá satisfazer o seu ego, e todo o mundo do homem gira ao redor da idéia do ego. O espírito brincalhão é contra o seu ego. Você pode experimentar e ver. Simplesmente brinque com crianças e você perceberá que seu ego estará desaparecendo e que você estará se tornando uma criança novamente. Isto é verdadeiro não apenas para você. Isto é verdadeiro para qualquer um.
Porque a sua criança interior foi reprimida, você reprimirá as suas crianças. Ninguém permite que suas crianças dancem, cantem, gritem ou pulem. Por motivos corriqueiros: talvez alguma coisa possa ser quebrada, talvez elas possam molhar a roupa na chuva se correrem lá fora. Por estas pequenas coisas, uma grande qualidade espiritual - o espírito brincalhão - é totalmente destruída.
A criança obediente é elogiada pelos seus pais, pelos professores, por todo mundo, enquanto a criança brincalhona é condenada. O seu espírito brincalhão pode ser absolutamente inofensivo, mas ele é negado porque potencialmente existe um perigo de rebelião. Se a criança continuar crescendo com total liberdade para ser brincalhona, ela vai acabar sendo um rebelde. Ela não será facilmente escravizada, ela não se alistará facilmente num exército para destruir pessoas ou ser destruída.
Uma criança rebelde acabará se tornando um jovem rebelde. Depois você não conseguirá forçá-lo a se casar, a aceitar um determinado trabalho; e a criança não poderá ser forçada a preencher os desejos e vontades não realizados de seus pais. Um jovem rebelde seguirá o seu próprio caminho. Ele viverá a sua vida de acordo com seus próprios desejos internos e não de acordo com os ideais de outras pessoas.
O rebelde é basicamente natural. A criança obediente está quase morta; então os pais ficam muito felizes porque ela está sempre sob controle.
O homem é estranhamente doente: ele quer controlar as pessoas. Controlando as pessoas o seu ego fica satisfeito, ele é alguém especial. Ele próprio também quer ser controlado, porque assim ele não é mais responsável.
Por todas essas razões, o espírito brincalhão é sufocado, é esmagado desde o início.
Você está perguntando, ‘existe um lindo garotinho dentro de mim que eu negligenciei por muito tempo. Este garotinho é brincalhão, curioso e extático. Mas, na maior parte do tempo eu não lhe permito perder o controle.’ Qual é o medo? O medo foi implantado pelos outros: sempre mantenha o controle, sempre permaneça disciplinado, sempre respeite os mais velhos. Siga sempre o padre, os pais e os professores – eles sabem o que é certo para você. Nunca é permitido à sua natureza ter sua própria voz.
Aos poucos você começa a carregar uma criança morta dentro de si. Esta criança morta dentro de si, destrói o seu senso de humor: você não consegue rir com a totalidade de seu coração, você não consegue brincar nem curtir as pequenas coisas da vida. Você se torna tão sério que a sua vida, ao invés de se expandir, começa a se encolher.
Eu sempre desejei saber porque o cristianismo se tornou a maior religião do mundo. Por várias vezes eu cheguei à conclusão de que é por causa da cruz e do Jesus crucificado – tão triste, tão sério... Naturalmente você não pode esperar que Jesus estivesse sorrindo na cruz. E milhões de pessoas vêem uma semelhança entre elas mesmas e Jesus na cruz.
A sua seriedade e a sua tristeza foram as razões para que o cristianismoi se espalhasse mais do que qualquer outra religião.
Eu gostaria que nossas igrejas e templos, nossos mosteiros e sinagogas se tornassem não-sérios, fossem mais brincalhões, cheios de risos e alegria. Isto traria para a humanidade uma alma mais saudável e mais integrada. Mas você está aqui... Pelo menos, sendo meu sannyasin, você não precisa carregar a sua cruz sobre seus ombros. Abandone a cruz. Eu ensino vocês a dançar, a cantar e a brincar.
A vida deve ser, a cada momento, uma criatividade preciosa. O que você cria não interessa – pode ser apenas castelos de areia na praia – mas o que você fizer, deverá brotar de seu espírito brincalhão e de sua alegria.
Nunca permita que sua criança morra. Alimente-a e não tenha medo de que ela fique fora de controle. Para onde ela poderá ir? E mesmo se ela ficar fora de controle – e daí?
O que você pode fazer fora do controle? Você pode dançar feito um louco, rir feito um louco, pode pular e correr feito um louco. As pessoas podem pensar que você está louco, mas isto é problema delas. Se você está curtindo isto, se a sua vida está sendo nutrida por isto, então não interessa, mesmo se isto se tornar um problema para o resto do mundo.
No meu tempo de faculdade, eu costumava fazer uma caminhada bem cedo, às três ou quatro horas da manhã. Exatamente ao lado da minha casa havia uma pequena rua com um bambuzal muito escuro... E aquele era meu local preferido porque era muito raro encontrar alguém ali. Apenas o vigia da casa de um homem rico costumava me ver. Mas um dia – isto talvez seja o que você chamaria de estar fora do controle – eu estava correndo ao longo da rua quando tive uma idéia de que seria bom se eu corresse de costas, para trás. Na Índia existe uma superstição de que os fantasmas andam de costas, mas eu tinha me esquecido disso completamente, e, de qualquer maneira, não havia pessoa alguma na rua... Assim, eu comecei a correr para trás. Eu estava curtindo muito aquilo e era uma manhã bastante fresca.
Então aconteceu do leiteiro me ver... As pessoas costumavam trazer leite dos pequenos povoados e ele tinha vindo um pouco mais cedo do que o usual, por isto ele nunca tinha me visto anteriormente. Carregando dois baldes de leite, ele de repente me viu. Eu devia estar escondido na sombra dos bambus e quando ele chegou mais próximo, onde havia um pequeno facho de luz, eu de repente apareci, correndo de costas. Ele gritou, ‘Meu Deus’, largou os baldes e saiu correndo.
Eu ainda não tinha percebido que ele estava com medo de mim. Eu pensei que ele estava com medo de alguma outra coisa. Assim, eu peguei os seus dois baldes, embora o leite já estivesse derramado... Eu pensei que pelo menos deveria lhe devolver os dois baldes, mesmo com o leite já derramado, por isto eu corri atrás dele. Ao me ver aproximando... Eu nunca vi alguém correr tão depressa. Ele poderia ser um campeão do mundo em qualquer tipo de corrida. Eu estava muito surpreso e comecei a gritar, ‘Espere!’ Ele olhava para trás sem dizer coisa alguma.
Toda a cena estava sendo acompanhada pelo porteiro do homem rico. Ele me disse, ‘Você vai matá-lo.’
Eu disse, ‘Eu só quero lhe devolver os baldes.’
Ele disse, ‘Deixe os baldes comigo. Quando o sol nascer, ele voltará. Mas não faça essas coisas. Algumas vezes você me dá medo também, mas eu já o conheço... Por anos eu tenho visto você fazer todo tipo de coisas estranhas nesta rua e algumas vezes eu sinto medo. Eu penso: quem sabe se é realmente você ou se é algum fantasma que está vindo atrás de mim? Algumas vezes eu tranco o portão e vou para dentro. Eu sempre mantenho minha arma carregada por causa de você.
Eu disse, ‘Você deveria entender uma coisa: se eu for um fantasma, a sua arma não terá qualquer utilidade. Você não consegue matar um fantasma com um tiro. Assim, jamais use a arma porque um fantasma não será afetado por ela, mas se um homem de verdade estiver ali, você poderá ser preso como assassino.
Ele disse, ‘Isto é verdade. Eu nunca tinha pensado em fantasmas... Mas estando justamente em frente de mim ele faria com que eu usasse todas as balas. Algumas vezes o medo é tão grande... Eu posso atirar em um homem e matá-lo’.
Eu disse, ‘Simplesmente olhe para mim: em primeiro lugar esteja certo se eu sou um homem verdadeiro ou um fantasma. Você pode fazer uso de sua arma e talvez seja apenas um fantasma que está persuadindo você.’
Ele disse, ‘O que...?’ E ele começou a colocar as balas de novo na sua arma.
Eu disse, ‘Fique com os dois baldes’.
Eu permaneci por quase seis meses naquela parte da cidade e todos os dias eu perguntava ao vigia, ‘Aquele homem já voltou?’
Ele dizia, ‘Ele não voltou. Estes dois baldes estão aqui esperando por ele. Mas eu acho que ele nunca mais vai voltar. Ou ele se foi para sempre ou ele ficou com tanto medo deste lugar que nunca mais ele retornará a esta rua. Eu tenho ficado atento e quando é a hora de trocar de turno, eu digo ao outro vigia que se alguém vier... E nós mantemos estes baldes em frente ao portão de modo que ele possa reconhecer que os seus baldes estão aqui. Mas seis meses se passaram e até agora nem sinal dele.’
Eu disse, ‘Isto é uma coisa muito estranha.’
Ele disse, “não há nada de estranho nisto. Você poderia ter matado qualquer um, aparecendo de repente no escuro. Por que você estava indo para trás? Eu sei que muita gente corre, mas correr para trás...’
Eu disse, ‘Eu sempre tenho corrido, mas eu me cansei de estar sempre indo para a frente. E só para variar, eu estava experimentando correr para trás.' Eu nunca iria desconfiar que justamente naquele dia aquele idiota iria aparecer – ninguém jamais aparece naquela rua. Aquele homem deve ter espalhado um boato, e os boatos se espalham feito fogo selvagem. Mesmo o proprietário da casa onde eu estava morando me disse, ‘Pare de ir tão cedo para sua caminhada matinal, vá apenas após o sol ter nascido, porque um homem viu um fantasma.’
Eu lhe disse, ‘Quem lhe contou?’
Ele disse, ‘Minha esposa me contou e toda a vizinhança já sabe. Depois das oito horas da noite a rua fica deserta.’
Eu lhe disse, ‘Você pode não acreditar, mas não havia fantasma algum. Na verdade era eu quem estava correndo para trás...’
Ele disse, ‘Não tente me fazer de bobo.’
Eu lhe disse, ‘Você pode vir comigo. Às três horas da manhã não existe ninguém.
Ele disse, ‘Por que eu deveria correr o risco? Mas uma coisa é certa: se você não parar de ir, você terá que deixar a minha casa. Você não poderá morar lá.’
Eu disse, ‘Isto é muito estranho. Mesmo que a rua estivesse cheia de fantasmas, por que você deveria insistir em que eu deixasse a sua casa? Você não pode me forçar. Eu pago o aluguel...Você tem me dado um recibo. E num tribunal você não poderá alegar que este homem vai para uma rua onde os fantasmas correm. Eu acho que nenhum tribunal vai aceitar este tipo de alegação.’
Ele disse, ‘Você quer dizer que vai me levar ao tribunal? Se você é tão insistente, pode continuar morando nesta casa. Eu vou vendê-la. Eu deixarei a casa.’
‘Mas,’ eu disse, ‘Eu não sou um fantasma.’
Ele disse, ‘Isto eu sei. Mas você se mistura com fantasmas e um dia, algum deles poderá segui-lo até a casa e eu sou um homem com esposa e filhos. Eu não quero correr qualquer risco.’
Aqui você não precisa ter medo, pode correr de costas. E ainda que você seja um fantasma de verdade, ninguém vai notar você. Se aqui você não conseguir liberar o seu espírito brincalhão, então você não será capaz de liberá-lo em lugar algum no mundo. Libere-o totalmente, deixe-o fora de controle e uma vez que sua criança está verdadeiramente viva e dançando dentro de você, isto irá mudar o próprio sabor de sua vida. Isto lhe dará um senso de humor, uma bela gargalhada, e destruirá toda a sua fixação na cabeça. Isto fará de você um homem do coração.
O homem que vive em sua cabeça, não vive de jeito algum. Somente o homem que vive em seu coração e canta canções que não são compreensíveis pela sua cabeça, consegue dançar aquilo que não é de maneira alguma relevante em qualquer contexto externo... Dance a partir de sua abundância, a partir de sua riqueza. Você tem tanta energia que gostaria de dançar, cantar e gritar... Então faça isto!
Isto tornará você mais vivo, isto lhe dará a oportunidade de saborear o que a vida realmente é. O homem sério já está morto antes de sua morte. Muito antes de sua morte ele permanece quase como um cadáver.
A vida é uma oportunidade tão valiosa; ela não deve ser perdida em seriedade. Guarde a seriedade para a sepultura. Deixe que a seriedade se desmorone na sepultura, aguardando pelo dia do julgamento final. Mas não se torne um cadáver antes da sepultura.
Eu me lembro de Confúcio. Um de seus discípulos lhe fez uma pergunta muito típica de milhares de pessoas: ‘Você poderia me dizer algo a respeito do que acontece após a morte?’
Confúcio disse, ‘Todos estes pensamentos a respeito da morte, você poderá refletir a respeito quando já estiver na sua sepultura, após a morte. Neste exato momento, viva!’
Existe um tempo para viver, como existe um tempo para morrer. Não os misture, senão você perderá ambos. Neste exato momento, viva totalmente e intensamente; e quando morrer, morra totalmente. Não morra parcialmente: um olho morre e o outro permanece olhando ao redor, uma mão morre e a outra continua procurando pela verdade. Quando você morrer, morra totalmente... E reflita sobre o que é a morte. Mas neste exato momento, não desperdice tempo refletindo sobre coisas que estão muito longe: viva este momento. A criança sabe como viver intensamente e totalmente, e sem qualquer medo de que vai perder o controle.
Neste templo, lhe é permitido ser você mesmo, sem qualquer inibição. Eu gostaria que isto acontecesse em todo o mundo. Isto é apenas o começo. Aqui, comece a viver momento a momento, totalmente e intensamente, cheio de alegria e brincadeira, e você verá que nada ficará fora de controle, que a sua inteligência se tornará mais aguçada, que você vai se tornar mais jovem, que o seu amor vai se tornar mais profundo. E quando você voltar para o mundo, onde quer que você vá, espalhe a vida, o espírito brincalhão, a alegria, o tanto quanto for possível – a todos os cantos da terra.
Se todo o mundo começar a rir, curtir e brincar haverá uma grande revolução. A guerra é criada por pessoas sérias; assassinatos são cometidos por pessoas sérias; suicídios são cometidos por pessoas sérias; os manicômios estão cheios de pessoas sérias. Simplesmente observe o dano que a seriedade tem causado aos seres humanos, e você pulará logo para fora da seriedade e liberará a sua criança, que está dentro de você, esperando para brincar, cantar e dançar.
Toda a minha religião consiste no espírito brincalhão.
Esta existência é a nossa casa: estas árvores e estrelas são nossas irmãs, estes oceanos, rios e montanhas são nossos amigos. Neste imenso universo fraternal, você está sentado feito uma estátua de Buda. Eu não prego um Buda de pedra; eu quero que você seja um Buda dançante.
Os seguidores de Buda não gostarão disto, mas eu não me importo com o que os outros pensam. Eu simplesmente me importo com a verdade. Se a verdade não sabe como dançar, ela está aleijada; se um Buda não é capaz de rir, algo está faltando; se um Buda não consegue se misturar com as crianças e brincar com elas, ele chegou próximo da qualidade búdica, mas não está totalmente acordado. Algo ainda está dormindo.
No Japão existe uma série de nove quadros e eles são tremendamente significantes. Na primeira pintura o homem perdeu seu touro. Ele está olhando ao seu redor onde existem árvores e uma floresta densa, mas nenhum sinal do touro.
No segundo, ele encontra pegadas do touro.
No terceiro, parece que o touro está escondido atrás das árvores, apenas a sua parte traseira pode ser vista.
No quarto, ele está próximo de alcançar o touro, que já pode ser visto totalmente.
No quinto ele já pegou o touro pelo chifre.
No sexto ele está brigando com o touro.
No sétimo ele conquistou o touro. Ele está montado no touro.
No oitavo ele está voltando para casa.
No nono, o touro está no curral e o homem está tocando sua flauta.
Nestes nove quadros está faltando um – eles vieram da China e lá, o pacote continha dez quadros. Quando eles foram trazidos para o Japão, o décimo foi deixado de lado porque ele parecia ser muito ultrajante – e o décimo é o meu Buda.
No décimo quadro, o touro está no curral e o Buda está indo para o mercado com uma garrafa de vinho. A mente japonesa pensa que isto seria demais: o que as pessoas iriam pensar de um Buda com uma garrafa de vinho? Isto é ultrajante para a mente religiosa comum, mas para mim é o quadro mais importante de toda a série. Sem ele a série fica incompleta.
Quando alguém alcança o estado de Buda, então se torna apenas um ser humano comum. Ir para o mercado com uma garrafa de vinho é simbólico: simplesmente significa que agora não há mais necessidade de se sentar em meditação; a meditação agora já está no coração; não há mais necessidade de ser sério. A pessoa encontrou o que queria encontrar; agora é tempo de curtir. Aquela garrafa de vinho é um símbolo de curtição – agora é tempo de celebrar!
E onde mais você pode celebrar, senão no mercado? Para a meditação você pode ir para a floresta, para as montanhas. Mas para a celebração você tem que ir para o mercado. Onde você iria encontrar uma discoteca?
Lembre-se sempre do décimo quadro. Não pare no nono. O nono é belo, mas incompleto. É preciso um passo a mais... Simplesmente tocar a flauta não é suficiente. Embriague-se... e dance loucamente!
E Gogo, você tem um nome bonito. Qualquer coisa que faça estará apropriado ao nome Gogo."
OSHO – The Rebellious Spirit – Capítulo 17 – pergunta n° 1 Tradução: Sw. Bodhi Champak
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27 de fevereiro de 2008
A CRIANÇA INTERIOR
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