19 de agosto de 2007

Desenvolvendo a Consciência Superior > Segundo Quadro: ENCONTRANDO AS PEGADAS



I CHING > Segundo Quadro do PASTOREIO DO BOI

Segundo Quadro

ENCONTRANDO AS PEGADAS
(Hexagrama 10 – Lu – Conduta a trilhar)

Diz o poema:
“Com a ajuda dos sutras e estudando as doutrinas, chegou a compreender alguma coisa; encontrou pegadas.”

Agora já sabe que os vasos, por mais variados que sejam, todos são de outro e que o mundo objetivo é somente o reflexo do Eu. Porém, ainda que sua mente não possa distinguir o bom e o não bom, sua mente ainda está confusa com a verdade e a falácia. Como ainda não passou pela porta, se diz provisoriamente que somente encontrou pegadas. Junto ao riacho e debaixo das árvores estão dispersas as pegadas daquele que se perdeu; crescem abundantes gramas de doce aroma.

Ele encontrou o caminho?...

“Por mais longe que a besta ande pelos morros, seu nariz chega aos céus e ninguém pode ocultá-la.”

Comentário ao poema:

No seu desespero, encontra amigos que lhe mostram os ensinamentos, algumas pr´ticas, alguns livros, muitas seitas, hoje zen-budismo, amanhã Tibete, depois alguma prática com os índios; experimenta alguma droga “mísitica”, enfim: ele compreende alguma coisa e, teoricamente, “encontra” o caminho de retorno. Ele compreende que todas as experiências, ou doutrinas ou “vasos”, por mais variados que sejam, essencialmente são de ouro puro.

Esse outro está representado no Prajna Paramita Sutra quando Bodhisatwa Avalokiteswara diz: “Oh Sariputra, os fenômenos não são diferentes do vazio. O vazio não é diferente dos fenômenos.”

Ainda assim, ele não pode distinguir o certo do errado; tem fé. Sabe que a saída deste inferno da contradição é através da procura constante do Buda interno, mas como sua procura é fraca, se diz que somente encontrou pegadas. Na última estrofe do poema, o triunfo está assegurado, ou seja: por mais perdida que a pessoa esteja, o “seu nariz chega aos céus”, quer dizer, seu sentido de direção é correto, por isso se decide a:

CONDUTA A TRILHAR

Comentário ao espírito do hexagrama

Após ter aprendido a primeira lição, em Fu, agora o discípulo tem de aprender as regras do caminho, dos rituais, das formalidades. As regras do caminho estão relacionadas com a disciplina interna. Esta disciplina ele terá que forjar sozinho, no íntimo de sua consciência. O discípulo está tentando penetras nos mistérios de Chien (trigrama superior = céu), O CÉU, está colocando sua atenção nos centros superiores, e, para efetuar esse trabalho, terá de realiza-lo vagarosamente e inteligentemente.

As regras do ritual: rito e ordem, realizar as tarefas, sejam elas humanas ou divinas, em perfeita harmonia com a leis cósmicas. As regras do ritual incluem também a forma ordenada de se transmutar, pouco a pouco.

Difícil obter êxito, se não se conhece as leis de Yin e Yang, atividade e repouso. As leis do Céu seguem ciclos determinados e o aprendiz de mestre, a fim de se transformar, tem de conhece-las e viver de acordo com elas.

Tudo o que ele aprendeu terá de demonstrar entre os homens; sua vida terá de ser impecável e terá de usar a gentileza a fim de poder conviver dignamente entre as pessoas.

Lembremos que Tui (trigrama infeior), está relacionado com a boca e as palavras; como neste caso Tui e Chien são trigramas correspondentes ao mesmo elemento, eles estão dentro do ciclo de geração, por conseqüência as palavras terão de ser harmoniosas, cultas, inteligentes, cheias de criatividade, palavras que promovam a cooperação e a concórdia entre os homens. Lu neste caso representa o primeiro intento consciente do discípulo rumo às esferas do Ser e da realidade. O mais importante é que ele inicia esse caminhar em forma alegre e isto representa em relação ao hexagrama anterior uma mudança interna profunda, porque em Fu as preocupações, angústias e dores foram transmutadas em alegria e gozo.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O JULGAMENTO

Após o hexagrama 24, Fu(anterior > A BUSCA DO BOI, ver índice), o discípulo aqui “pisa sobre a cauda do tigre”.

Este pisar está relacionado com o trabalho a ser feito depois que a ilusão foi governada.

Uma vez realizado este trabalho, o segundo passo é transformar tudo o que foi controlado trabalhando em forma ordenada e rítmica, aplicando as leis espirituais. Lembremos que Chien é a lei, seja ela humana ou divina. A forma é incorporando dentro de si mesmo a suavidade e a benevolência, características de Sun. É justamente compreendendo como a suavidade interfere nestas energias que o indivíduo está começando a manejar, que ele inicia o caminho de retorno em forma consciente.

Em termos de mente contemplativa, depois de realizarmos os reajustes de caráter específicos, será necessário reconhecer claramente os estágios sucessivos para se chegar à compreensão da aplicação real do conhecimento. O trabalho de tentar iluminar é considerado “pisar na cauda do tigre”.

Também em termos busdistas a flexibilidade de Sun e Li (hexagramas nucleares), dentro deste hexagrama representa usar concentração para acordar a intuição, usar a cultura para se harmonizar com a natureza, usar o pequeno satori para, através da repetição contínua, procurar a mais alta integração, o Nirvana. E inclui-se mais um aprendizado profundo dentro de todo este espectro: aprender a ser um iluminado, ao mesmo tempo em que se comporta como uma pessoa ordinária.

IMAGEM

Em termos budistas, a imagem da conduta refere-se ao profundo conhecimento das diversidades dos estados de consciência, tanto superior como inferior, por isso ele discrimina entre “o alto e o baixo”, e, apesar de a consciência estar identificada com ela mesma, ainda assim ela não perde seu rumo, e não mistura os passos que devem ser dados em direção à iluminação. Isso é, estabilizar os desejos da pessoa pela distinção das posições.

***

Tendo se apercebido dos erros cometidos durante o passado ele inclui na sua consciência a prática da MODÉSTIA; penetrando no corpo desta virtude ele encontra o: Terceiro Quadro > BOI À VISTA (próximo link)...

Um comentário:

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